sábado, 4 de maio de 2024

Tombo de bike voltando da Cachoeira Secreta

Como ficou a bike e o aspecto da mesa quebrada para o leitor conferir.

Passado o Dia Municipal do Ciclista, celebrado em Rio Bonito/RJ ontem (03/05), eu gostaria de trazer um relato e um agradecimento sincero a Papai do Céu. Ainda sinto dores por conta do tombo, mas quando penso que poderia ser muito pior agradeço a Deus o livramento.

Vou contar detalhadamente o que aconteceu.

Na última quinta-feira (02/05) eu pedalei até a Cachoeira Secreta, em Lavras de Gaviões, território de Silva Jardim/RJ. É um dos meus destinos favoritos (caminhando ou pedalando).
A Cachoeira Secreta e seus encantos.
Depois de curtir a beleza do trajeto, o cenário verde que Morro Gramado nos oferece e a imponência da Cachoeira Secreta, bebi água, comi uma paçoca, uma mariola e regressei. Da minha casa (Serra do Sambê) até a Cachoeira Secreta, passando por Capivari, de bicicleta, são 26 km contados no aplicativo Strava. Retornando da Secreta até a localidade de Capivari, onde tem uma simpática igrejinha Batista, são cerca de 3 km de descida. Na última ladeira, a mais acentuada, a roda dianteira da bicicleta bateu num buraco profundo, encoberto por pedras e a mesa (o suporte do guidom) quebrou.

Por ser uma descida acentuada, o peso do corpo está depositado no guidom, onde estão os freios e direção do veículo. Com a quebra do guidom, ou seja, sem direção; a roda da frente dobrou, a bike tombou e eu voei estrada abaixo. Parecia que eu estava de skate, mas a prancha era meu peito e abdome.

Quando o corpo parou de escorregar morro abaixo, deitado naquele chão quente, empoeirado e cheio de barro da estrada acidentada, eu me lembrei dos protocolos de saúde que na condição de técnico de Enfermagem e socorrista conheço bem. Ficar quieto sem se mexer.
A igrejinha batista em Capivari/SJ
O sol estava bem quente. Devia ser 9h30min. Fiquei ali, naquela posição, sem me mexer, por cerca de cinco minutos. Procurava algum indicativo de que algo ruim poderia ter acontecido com meu corpo. Ao perceber que a cervical estava inteira e que nenhum membro se partiu (não havia dor, nem dormência), eu me virei de barriga para cima. Não enxergava muito bem, porque a vista estava escura, o que chamamos de “teto preto”. Retirei o capacete e também tirei a mochila das costas para usá-la como travesseiro. E ali fiquei. No sol. Esperando o “teto preto” passar.

Acredito que tenha ficado naquela posição por cerca de 10 ou 15 minutos. Votei a enxergar novamente (o teto clareou). Ao olhar para trás, há cerca de dois metros estava a bike. Vi a mesa do guidom partida e entendi o que aconteceu. Enxergando melhor, consegui me arrastar até uma sombra, na beira da estrada, onde eu devo ter ficado mais uns 10 ou 15 minutos deitado.

O corpo estava ferido, mas o cérebro estava ótimo! Eu só pensava na minha mãe, esposa e amigos; que sempre me repreendem por andar sozinho. Mas outra vez eu estava só. Voltei a olhar a bicicleta, pensei que o pior poderia ter acontecido e agradeci a Papai do Céu por estar vivo e sem nenhum osso partido. Desconforto somente as escoriações.
Morro Gramado e seu cenário verde deslumbrante.
Com dificuldade eu levantei, coloquei a mochila, o capacete e me lembrei dos óculos de sol, que estava inteiro e sem nenhum arranhão cinco metros mais abaixo. Do alto da arvore duas corujinhas me observavam. Pareciam que também me repreendiam por andar sozinho.

Levantei a bike, vi a mesa partida, algo que eu nunca vi nos meus 40 anos de ciclista. Andei cerca de 1km até a próxima moradia, onde parei e pedi ajuda. A sede era grande, mas como eu sei que acidentado não deve ingerir nada antes de ser examinado, eu preferi segurar a sede. Já eram quase 11horas.

O caseiro da propriedade em que parei, no Sítio Alvorada, permitiu que por lá eu deixasse a bicicleta. Enviou mensagem a um sitiante vizinho, que rapidamente veio, de moto, me resgatar. Esse moço, Alef, me deixou no ESF de Imbaú, onde fui examinado pela médica, Mariana; e recebi os primeiros socorros (limpeza) da enfermeira, Marilsa. Gratidão! A melhor notícia que recebi é que podia beber água. E na surrada mochila que se acidentou comigo tinha uma garrafa d’água geladinha. Sorvi aquela água como se fosse uma espoja.

Ainda sem internet para fazer contato com minha família, vi que o ônibus Rio Ita, linha “Rio Bonito” vinha na minha direção. Entrei e vim embora. Cheguei a minha casa às 14h30m. Depois do ônibus fui regatado pelo taxista e amigo, Joel Jeferson.
Uma das quedas da Cachoeira Secreta.
Tomei banho, dormi um pouco, mas a boca acordou amarga e estava com náuseas. Fazia ânsia de vomito, mas nada saia. Não tinha comido nada, havia bebido pouca água... Vomitar o que? Não conseguia tomar analgésico para aliviar as dores por conta da náusea. E não aliviando o mal estar, o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) foi meu próximo destino. Na emergência fui atendido pela clínica, Michele; e pelo cirurgião, Anselmo Ximenes; que voltou a investigar alguma possibilidade de lesão interna. Não achou nada, graças a Deus!

Medicado com analgésico (dor) e antiemético (enjoo e náusea), voltei para casa, dormi bastante e no dia seguinte estava pronto para retomar minhas atividades.

Encerro esse registro agradecendo aos que me atenderam e, sobretudo, a mão divina que me protegeu do pior. Na foto, a imagem da mesa partida. A bike, que chamo de Antonella, também recebeu os devidos reparos e já está pronta para nova atividade. Gratidão e vamos em frente! #flavioazevedo

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