Flávio Azevedo
Nesse domingo (07/09),
Dia da Independência, somos marcados, no Facebook, em mais uma reclamação sobre
a Saúde Pública do município de Rio Bonito. A marcação foi feita por Betânia
Carvalho, que expõe um problema enfrentado pelo seu sobrinho, que ao precisar
de cuidados médicos emergenciais, não conseguiu socorro nem no Hospital
Regional Darcy Vargas (HRDV), nem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do
município. Segundo ela, a criança foi atendida em Itaboraí. A reclamação, que
tem sido recorrente nas mídias sociais, mostra que ainda falta muito para o
Brasil ser realmente um país independente.
Ela escreveu assim: “Indiguinadaaa!!!
Saúde em Rio Bonito uma porcaria...
Minha sobrinha cai, bate a cabeça e chegando no Hospital não tem médico para atender... Chega na UPA não tem médico para atender. Absurdo! Cabeça é coisa séria. Se tiver que morrer morre, é isso? Revoltada com essa prefeita Solange Almeida, nos deixando largados as traças e tendo que recorrer a outros municípios. É isso, só temos Deus por nós!”.
Minha sobrinha cai, bate a cabeça e chegando no Hospital não tem médico para atender... Chega na UPA não tem médico para atender. Absurdo! Cabeça é coisa séria. Se tiver que morrer morre, é isso? Revoltada com essa prefeita Solange Almeida, nos deixando largados as traças e tendo que recorrer a outros municípios. É isso, só temos Deus por nós!”.
A reclamação também trás
nitidez a outra questão: como é ruim subir num palanque e falar bobagem no período
eleitoral! Como seria bom, se os nossos políticos aproveitassem os comícios para
instruir a população sobre o funcionamento da máquina pública! Como seria
positivo, se eles usassem a ocasião para aposentar velhas práticas! Melhor
ainda, se os candidatos a qualquer cargo eletivo percebessem que o palanque não
é um picadeiro e que o público, embora muitos se comportem como tal, não são
palhaços!
Convém lembrar que a internauta está coberta de
razão ao reclamar, mas a falta de médicos, uma deficiência que existe há algum
tempo em Rio Bonito, não pode ser atribuída apenas aos políticos, que tem culpa
no cartório unicamente porque a cada eleição, eles sobem no palanque e ‘vomitam’
um monte de tolice. A verdade e que a grande maioria diz asneiras que levam o
povo, que não tem formação e conhecimento de causa, achar que o problema é de
ordem política, quando na verdade a questão da Saúde é social e a solução tem
que partir da Presidência da República.
A falta de médicos começa pelo fato de que os
municípios de menor porte, por questões orçamentárias, não conseguem oferecer
salários atraentes como os grandes centros. Outro problema é a formação acadêmica
e cultural desses profissionais, geralmente filhos de famílias abastadas.
Estamos falando de meninos e meninas que, por conta da criação e meio em que
vivem, não conseguem ser sensíveis aos sofrimentos das camadas menos
favorecidas, que é a clientela das emergências e hospitais públicos.
Outra coisa: as universidades formam menos médicos
do que a demanda. Por outro lado, poucos conseguem ingressar na universidade
para estudar Medicina, uma vez que essa disciplina é controlada pelas máfias da
Medicina e do ensino superior. Só consegue ingressar na graduação de Medicina
quem tem ‘pedigree’. A razão é simples: ser médico no Brasil é símbolo de
status, logo essa função não pode ser desempenhada por “qualquer um”. Para ser
médico é preciso ter um sobrenome rico, uma vez que no Brasil poder e dinheiro
são palavras que se equivalem.
Todavia, apesar dessa situação social clara, a cada
eleição os políticos insistem em subir no palanque para dizer que o adversário é
incompetente. E pior, como se essas questões se resolvessem num passe de
mágica, ele promete, “se eleito for”, mudar o cenário, mesmo sabendo que não
vai. O problema é que “desconfiômetro” e “sensatez” são palavras inexistentes no
dicionário de boa parte daqueles que entram na política.
Encerramos dizendo que as afirmações escritas nesse
texto não são bem vindas, mas essa é a lógica da falta de médicos em Rio Bonito
e em todo território nacional. Aproveitamos a ocasião para destacar que quando escrevíamos
isso no governo anterior, os simpatizantes do atual governo diziam que estávamos
tentando defender o ex-prefeito Mandiocão e a ex-secretária de Saúde, Maria Juraci
Dutra. Pois bem, hoje, quando os problemas se repetem e Mandiocão não é mais o
prefeito, a culpa é de quem? É da prefeita? É do atual secretário de Saúde?
Bem, como este jornalista não tem a desfaçatez dos
políticos e dos seus puxa-sacos, nós continuaremos dizendo que o chefe do poder
Executivo e o secretário de Saúde não podem ser responsabilizados por essa
questão, que e um problema nacional. Esperamos, porém, que a lição tenha sido
aprendida; que o grupo político que administra a cidade, não use mais o período
eleitoral para fazer o nosso ouvido de penico (com essa conversa fiada de “Governo
da Saúde”); e que a gestora do município venha a público de maneira clara e sem
rodeios expor a nítida guerra fria que acontece entre a Prefeitura e alguns
membros da direção do Hospital Darcy Vargas.
Concluímos com um pensamento: “na luta do rochedo
com o mar, quem apanha é o marisco”.
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