Flávio Azevedo
Foi num dia 17 de setembro, de 1971, por tanto, há 41 anos, que morria no interior da Bahia, na cidade de Ipupiara, o militar Carlos Lamarca, um dos ícones da resistência armada ao Regime Militar no Brasil. Ele liderava o movimento Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Homem comum, inteligente, frio e bom atirador, ele foi assassinado pelos militares que sobre o assunto divulgaram nota à imprensa com o seguinte recado:
“Por determinação do presidente da República, qualquer publicação sobre Carlos Lamarca fica encerrada a partir da presente, em todo o país. Esclareço que qualquer referência favorecerá a criação do mito ou deturpação, propiciando imagem de mártir que prejudicará interesses da segurança nacional”.
Os generais mataram e desapareceram com os brasileiros que verdadeiramente queriam um Brasil mais justo. Os que continuaram vivos são esses porcarias que, hoje, somente contribuem para que nós tenhamos mais do mesmo. Fechar o Congresso Nacional para depois reabrir com esse monte de benefício escroto que existe ainda hoje (e não sei se acaba) é uma ideia dos indecentes generais! E viva a hipocrisia brasileira e nosso cultural “farinha pouca, meu pirão primeiro”!
Lamarca
A vida na clandestinidade não é fácil. Carlos Lamarca e outros revoluncionários eram obrigados a viver em esconderijos denominados “aparelhos”. Como guerrilheiro, sua primeira investida foi em 9 de maio de 1969, quando participou de assalto a dois bancos no centro de São Paulo. Nesse episódio, ele alvejou com dois tiros certeiros (sua especialidade quando esteve no Exército) um guarda civil. A ação salvou o colega Darcy.
Em março de 1971, Lamarca vai para a Bahia com intenção de organizar um dispositivo rural. Mas devido ao erro de um companheiro, César Benjamin, as suas pistas foram encontradas. Benjamim fugiu de um cerco policial em Ipanema, mas deixou no carro, documentos e o diário de Lamarca, à época, o homem mais “perigoso” e “procurado” do Brasil.
Os agentes também conseguiram encontrar, escondida num apartamento em Salvador, Iara Iavelberg, namorada de Lamarca. Ela foi assassinada, mas essa verção só foi revelada cerca de 30 anos depois, porque segundo os relatórios militares da época, Iara teria cometido um suicídio. Depois de obter mais informações contra o revolucionário, o DOI-CODI da Bahia montou a “Operação Pajussara”, uma equipe formada por 215 homens das Forças Armadas, Polícia Federal, DOPS e Polícia Militar.
No dia 28 de agosto, Buriti foi invadida pela operação. Ao ouvir tiros, Lamarca e o companheiro Zequinha saem em fuga pela caatinga. Depois de percorrer cerca de 300 Km, Lamarca ficou doente e chegou ser carregado Zequinha. Na localidade de Pintada, povoado de Ibepetum, foram descançar à sombra de uma árvore. Uma criança viu os dois homens e a notícia chegou aos seus perseguidores.
O dia derradeiro foi 17 de setembro, quando a tropa surpreendeu a dupla que, sem chances de defesa, foi morta a tiros. Os corpos foram levados até Braúna e de lá para a base aérea se Salvador, onde foram, inclusive, fotografados. Carlos Lamarca foi sepultado no Campo Santo de Salvador, em cova sem nome. Terminava ali a história de um dos personagens mais importantes da luta contra a repressão.
Além de ser um personagem que caiu no esquecimento, Carlos Lamarca é sitado nos livros de História como um dos “terroristas” dos Anos de Chumbo (Ditadura Militar). Entretanto, a verdade é que ele abriu mão do convívio da família, do conforto que as regalias do Exército Brasileiro lhe dariam, com o objetivo de defender, para o Brasil, os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que formam o tripé da democracia.
domingo, 16 de setembro de 2012
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Parabéns pelo texto. É sempre importante lembrar e valorizar personagens da nossa história que lutou por um Brasil mais justo e democrático. Como você mesmo escreveu,"ele abriu mão do convívio da família, do conforto que as regalias do Exército lhe dariam" para lutar contra a tirania militar vigente.
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