Flávio Azevedo
Menos de 24 horas depois de criticar a novela Paulo Henrique Ganso, jogador do Santos e colega de plantel, o experiente lateral-esquerdo Léo divulgou comunicado afirmando ter extrapolado em seu discurso ao falar sobre o assunto. O comunicado foi emitido à imprensa nessa segunda-feira (10/09). O atleta afirma que o objetivo das declarações foi manifestar solidariedade ao colega, admitiu que o momento não foi oportuno e deixou claro que não teve a intenção de ofender a diretoria santista.
No comunicado, o atleta diz que vai assumir a responsabilidade das declarações e que aceitará qualquer tipo de sanção a ele direcionada pela cúpula do Santos. Por fim, Léo deu o assunto por encerrado e garantiu que não irá mais se manifestar sobre o caso Ganso e temas que estejam fora das quatro linhas.
A retratação de Léo vem logo após um dos membros do Comitê de Gestão do clube, Pedro Luiz Nunes Conceição, reprovar os comentários do lateral e dizer que haveria uma conversa com o jogador sobre o ocorrido. O comunicado do jogador e a pressão que deve ter sofrido pelas suas sinceras e razoáveis declarações deixa claro que o Brasil vive uma democracia mentirosa em todos os setores.
Do futebol à política – e até no meio religioso – a liberdade de expressão é cassada como se fosse um crime hediondo. Tem gente esquecendo que a livre expressão é um direito inalienável garantido pela Constituição Federal. Também fica muito nítido que, no Brasil, a incompetência e o despreparo administrativo devem ser tolerados sempre que os atores acometidos dessas características ocuparem lugar de poder.
O famoso adágio popular “manda quem pode, obedece quem tem juízo” é a forma educada, porém, cínica; de justificar a “Lei da Mordaça” (coisa de colonizados que ainda não conseguiram se libertar). No futebol, setor comentado pelo precavido treinador do Santos, Muricy Ramalho, como “um grande negócio”, o proletariado não pode dar opiniões ou externar as suas vontades, preferências e descontentamentos.
A principal justificativa são os altos salários. Usam essa justificativa mequetrefe como se os jogadores fossem os culpados pelas polpudas propostas que recebem. Se eles ganham fábulas, por trás desse desequilíbrio tem gente lucrando (empresários e dirigentes) rios de dinheiro. Caso o lateral-esquerdo Léo fosse um garoto, alguém diria que ele ainda não tem equilíbrio e serenidade suficientes. Mas estamos falando de um atleta que tem experiência internacional e que deve ter alguma propriedade para falar.
Considero o ocorrido uma lástima! Os menos culpados nessa história que envolve rios de dinheiro e contratos milionários são os jogadores Paulo Henrique Ganso e bem intencionado, mas mal compreendido Léo. Quanto aos outros atores, os escrotos empresários e dirigentes, eu prefiro silenciar.
PS: quando fechávamos esse texto, chega a informação que o treinador da Seleção Brasileira, Mano Menezes, disse, dias atrás, que jogadores convocáveis são aqueles que ficam de boca fechada. O técnico estaria fazendo uma referência ao atacante Fred, do Fluminense, que comentou na última semana que embora esteja em boa fase (artilheiro do Brasileirão 2012), acredita que não retorna ao time canarinho enquanto Mano for o treinador. E viva a “Lei da Mordaça”!
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