sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Parlamentares reféns dos maus usos e costumes do “cidadão”

Na Câmara de Vereadores de Rio Bonito e Brasil a fora, a maior parte dos parlamentares integra a base governista, logo, essa parada de "convocar prefeito para dar esclarecimento" é um sonho distante que só existe na cabeça de quem não entende de política e suas nuances.

E por que o vereador não convoca secretários e o prefeito? Porque a maior parte deles têm participação no governo com a indicação de contratados, cargos comissionados e até indicação de fornecedores.

Detalhe: sempre foi assim e esse cenário se repete nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional. Eu não sei de que planeta surge pessoas que não conseguem enxergar essa relação que chamam "governo de coalisão". Aliás, coalisão que se prese absorve até integrantes da oposição para que o governante não apanhe tanto. Quem não segue essa linha é rotulado como intransigente e alguém que "não tem parceria com ninguém". Isso é apresentado como uma postura ruim (será?).

E por que os parlamentares (vereadores, deputados e senadores) prostituem suas funções? Por conta do eleitor que prostitui o voto, barganha apoio e vota quase sempre na expectativa de boquinha. Uma vez eleito, o parlamentar precisa seguir o círculo vicioso que começa com o eleitor. Ou seja, para atender as expectativas individuais do eleitor, o parlamentar também precisa prostituir o voto para o chefe do Executivo (prefeito, governador ou presidente); barganhar seu apoio e votar na expectativa de boquinhas para encaixar no Executivo o máximo que puder do seu "grupo".

Já ouviram dizer que "político sem grupo" não vence eleição? Então, e para que serve esse grupo, se teoricamente basta o candidato anunciar sua participação no processo eleitoral e apresentar propostas? Por que precisa ter grupo para isso? É que no fundo, no fundo, e no raso também, o tal grupo é formado por indivíduos que alimentam expectativas de alcançar alguma colocação no futuro mandato. É claro que o coletivo é um mero pano de fundo (coisa de sonhador), porque o importante é se dar bem.

Estamos falando de círculo vicioso que começa com o eleitor ficado na lei da oferta e procura. Ou seja, se ninguém vende o voto não existe quem compre. Observem que os eleitos (no caso de Rio Bonito 100% deles) são sempre aqueles que compram voto, promovem seus nomes fazendo favor, dando vantagem, distribuindo algum benefício, gerenciando serviço público como favor (regulação de cirurgia, exame, transferência de doentes, distribuição de caixão, cesta básica), carregando gente para hospital e presídio, entre outras ações assistencialistas que o vereador enche o peito para dizer “eu trabalho com o social”. O pior que um monte de gente acha lindo.

Diante do exposto – e eu entendo que muita gente não esteja preparada para essa conversa – eu espero que em definitivo as pessoas larguem a mão de ser “inocentes” (para não dizer trouxas) e entendam, como escreveu o estupendo dramaturgo e poeta, William Shakespeare; que “existe mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia”. Vamos em frente! #flavioazevedo

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