quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Falta energia elétrica e sobram bravatas e perfumaria

Comentários, textos e ações desconectados da realidade dominam o assunto Enel e a consequente falta de energia elétrica em Rio Bonito e todo estado do Rio de Janeiro. A indignação do usuário é compreensível e muito razoável. Os transtornos recentes que ocorreram por conta da ventania horrorosa do último sábado (18/11), apenas agravaram a insatisfação com um serviço que é sofrível desde a época da Ampla (antigo nome da concessionária).

A notícia ruim é que a tendência é piorar. A Ciência diz que por conta da interferência humana na natureza (desmatamento e emissão de substâncias poluentes na atmosfera), os verões serão cada vez mais quentes, a sensação térmica vai aumentar, as tempestades e chuvaradas serão mais violentas. Reações da natureza aos nossos atos que degradam o Ambiente.

Mas o cenário piora quando eu vejo em quase toda Região, vereadores subindo as tribunas de suas Câmaras Municipais pedindo “CPI da energia elétrica”. Agem como se os municípios tivessem alguma gerência sobre a Enel, concessionária que gerencia um serviço estadual. Gente, vereador não é deputado. A necessidade de responder o clamor popular – ainda tem localidades sem energia elétrica cinco dias depois da ventania – provoca muita pirotecnia que resultará em nada.

Recebi um vídeo onde o prefeito de uma cidade do Sul Fluminense diz que 30 prefeitos estão entrando na Justiça contra a fornecedora de energia por conta dos desserviços da empresa. O prefeito de Niterói recorreu ao Judiciário, que exigiu regularização imediata do abastecimento de energia e estipulou multa diária bem pesada em caso de descumprimento. Tudo pirotecnia e movimentos que visam agradar o cidadão que desconhece a dinâmica da administração pública e os bastidores dos poderes.

Vou trazer alguns números de Rio Bonito a respeito desse assunto: quando eu fui candidato a vereador em 2016, um levantamento feito pelo vereador, Marquinhos Luanda, à época candidato a prefeito, apontava que empresas como Ampla, Vivo, Autopista Fluminense, ViaLagos, bancos, entre outras; juntas deviam ao município um montante da ordem de R$ 70 milhões. Passados sete anos, eu não sei como está esse número, mas tenho certeza de que ninguém pagou nada e esses valores, logicamente, estão mais altos. Diante disso eu pergunto: o que adianta multar essas empresas? Em minha modesta opinião, trata-se de uma resposta que visa enredar o cidadão que está puto da vida com os transtornos que sofreu com a Ampla e segue sofrendo com a Enel.

Se a classe política, sobretudo vereadores e figuras que se opõe aos prefeitos da Região querem me impressionar: criem a “CPI da Poda” e questionem “por que o município não tem uma equipe de poda”. Ou seja, servidores aparelhados com podadores de galhos altos e motosserra, para remover galhos e árvores que estejam próximos da rede elétrica. Inúmeros galhos e árvores não caíram nessa ventania, mas cairão na próxima chuvada, porque em nossa Região esses fenômenos naturais são rotineiros, sobretudo nessa época do ano.

Esse papo de multa diária estipulado pelo Judiciário é outro engodo. Seria muito mais eficiente se determinassem que a Enel recolocasse uma equipe de emergência de plantão em cada município, como acontecia no passado. Segundo informações colhidas, atualmente a única equipe fica em São Gonçalo. A atribuição desses plantonistas é atender as ocorrências de São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá e Rio Bonito. 

Termino deixando um último recado aos políticos de todo estado do Rio de Janeiro e para o poder Judiciário: menos pirotecnia, por favor, e mais medidas que efetivamente resultem em menos transtorno para o cliente Enel e para o pagador de impostos! Chega de perfumaria e vamos em frente! #flavioazevedo

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