Flávio Azevedo
Cerca de 50 pessoas, entre moradores do Rio do Ouro e autoridades, compareceram na manhã da última quarta-feira (1º), no ginásio poliesportivo do bairro, para participar da reunião dos representantes da Autopista Fluminense – concessionária que administra o trecho da BR–101 entre a Ponte Rio/Niterói e a divisa do Rio com o Espírito Santo –, com os moradores do bairro, que serão atingidos pelas obras de ampliação do viaduto que corta a localidade. A reunião foi marcada pelos desentendimentos. Logo na chegada, os interessados receberam a informação de que o encontro era destinado apenas às autoridades municipais.
Apesar de terem ouvido muitas explicações, muita gente continuava sem saber o que fazer. Com receio de fazer algum tipo de declaração e com opiniões divididas, alguns moradores demonstraram desconfiança. O professor Alan Amorim, 36 anos, morador da Rua Porfírio Ernesto de Mendonça – entrada da Estrada do Rio Vermelho –, local onde o projeto prevê uma mudança radical, afirmou que a Prefeitura teria negociado com a Autopista, a construção do trevo do Rio do Ouro em outro ponto, “mas nós já deveríamos participar dessas conversas”.
– Como as casas próximas ao trevo têm maior valor, seria mais vantajoso desapropriar as residências próximas ao viaduto, onde as casas são mais simples e o valor das indenizações, logicamente, bem menores. Mas as famílias deveriam ter sido informadas sobre isso desde o início – comentou o professor, que concluiu dizendo que os encontros para debater o tema não estão sendo esclarecedores.
Já a aposentada Enilda Joaquim de Araújo, de 66 anos, que mora a poucos metros do viaduto, disse que “tudo está esclarecido e só algumas pessoas que não querem o progresso da cidade não entendem o que está acontecendo. Para mim tudo está explicado”, opinou. A doméstica Sandra Araújo Santos, 49 anos, moradora da Rua Gregório Pinto, inicio do bairro, é outra que não demonstra contrariedade. “Já conversamos em família e concordamos em sair, porque nos disseram que as nossas dívidas com o IPTU, Cedae, entre outras pendências vão desaparecer, porque serão assumidas pela Autopista”, ressaltou Sandra.
Vidas poder ser mudadas
Uma das moradoras mais antigas do Rio do Ouro, a aposentada Noêmia Veiga, 71 anos, afirma que depois de 55 anos morando no mesmo local (Rua Gregório Pinto), ela não conseguirá deixar a sua casa. “Depois de todo esse tempo, se eu largar a minha casinha eu nem sei o que pode acontecer! Quando eu casei, vim direto para cá! Aqui criei meus filhos, vi a minha família crescer... Se eu sair daqui eu morro”, lamenta a aposentada.
O funcionário público Cláudio Adilar Cardoso, 44 anos, também morador da Rua Gregório Pinto, destaca que ninguém é contrário ao progresso do município. “Aliás, antigamente, essas obras passavam por cima de tudo e todos sem pedir licença, mas hoje é diferente. Porém, nós ainda estamos no escuro! Não informaram quanto tempo ainda poderemos continuar em nossas casas. Quem será responsável por pagar as indenizações e como será a avaliação dos imóveis, que triplicou em Rio Bonito”, analisa.
Pouca informação
Os engenheiros e técnicos responsáveis pelas desapropriações, depois da reunião, ainda conversaram com alguns moradores, deram detalhes do projeto, mas não falaram de forma oficial com a nossa reportagem. Para os prováveis atingidos pelas obras de ampliação da rodovia, eles afirmaram que o número de propriedades desapropriadas ainda é desconhecido, “porque o trabalho de topografia do terreno por onde vai passar o viaduto ainda não aconteceu. Depois que esse serviço for realizado, aí sim nós poderemos afirmar quem exatamente terá que deixar a sua residência, que serão, todas, avaliadas de acordo com o preço do mercado imobiliário do município”, informou um dos representantes da Autopista.
Por e-mail, a assessoria de imprensa da concessionária declarou a nossa reportagem que ainda não tem informações sobre o assunto.
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