sábado, 30 de março de 2024

Maria de Magdala e as relações políticas em ano eleitoral

No evangelho de João (capítulo 8), no Novo Testamento, lemos a história da “Mulher Adultera”, que muitos acreditam ser Maria de Magdala, a ilustre moradora de uma vila de pescadores que existia próximo ao Mar da Galileia. Com o propósito de testar Jesus de Nazaré, um grupo de pessoas colocou diante dele essa mulher que teria sido pega em “flagrante adultério”. Os líderes dos acusadores lembraram a Jesus que “a lei de Moisés determinava que os adúlteros fossem apedrejados” e queriam saber a opinião dele a respeito disso.

Jesus nada respondeu e começou a escrever na areia.

Faço um intervalo aqui para ressaltar que a mulher foi “flagrada adulterando”, mas somente ela foi trazida à condenação. Que desgraça de adultério é esse? Eu entendo que para rolar um adultério tem que haver pelo menos duas pessoas, mas só uma mulher foi trazida para ser apedrejada. Não é curioso?

Diante da falta de resposta de Jesus, os acusadores foram ler o que Ele escrevia na areia. Ficaram estupefatos quando viram que Jesus escrevia os pecados deles, inclusive, que muitos daqueles caras de pau já haviam se prostituído com aquela mulher. Com os brios mexidos e com cara de taxo, os acusadores foram saindo um a um de fininho. Só ficou Jesus e a acusada. E Jesus perguntou: “onde estão os seus acusadores, ninguém te condenou”? Ela respondeu: “ninguém, Senhor”. E disse-lhe Jesus: “eu também não te condeno; vai e não peques mais”.
Eu não estou querendo evangelizar ninguém com essa reflexão, mas todas as vezes que chega o ano eleitoral e vejo os políticos sendo acusados por uma multidão raivosa e hipócrita de corrupção e uma série de ‘pecados eleitorais’, eu vejo a classe política na mesma condição de Maria de Magdala. E se Jesus de Nazaré escreveu pecados na areia, eu escrevo alguns pecados desses acusadores aqui.

Já começaram as reuniões políticas nos quintais de famílias numerosas onde o político quase sai sem as calças de tanto pedido. É telha, areia, cimento, tijolo, caixa d’água, geladeira, combustível, cesta básica, exame, cirurgia, procedimento estético, Carteira de Motorista, reforma do carro e uma infinidade de propostas indecentes. Além disso, há ainda quem peça para ser cedido à Câmara para não precisar trabalhar, há quem peça nomeação, direção de escola, coordenação de programas e serviços, ou seja, uma infinidade de pedidos e eles são feitos sem nenhum pudor e/ou constrangimento.

A desfaçatez é tamanha, que o cidadão diz abertamente para o outro: “aproveita que estamos na época da política, bobo... Resolve essas coisas, porque se não só daqui quatro anos”.

Assim como Maria de Magdala não poderia ter adulterado sozinha, o político, sozinho, não consegue consumar o ‘adultério eleitoral’. Logo, em tempos de acusações e dedos julgadores em riste, far-nos-ia bem olhar os nossos umbigos. Se formos só um pouco honestos nós veremos os nossos pecados sendo escritos na areia. Tomaremos um choque, mas entenderemos que não somos diferentes de Maria de Magdala, nessa metáfora representando a apedrejada e desacreditada classe política, nossos legítimos representantes, inclusive, se quando se corrompe, frauda e se vende.

Vamos em frente! #flavioazevedo


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