sábado, 30 de março de 2024

Hospital Regional Darcy Vargas em pauta como você nunca viu

O Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) sempre esteve na pauta dos políticos e da política em Rio Bonito/RJ, sobretudo em ano eleitoral, quando os políticos em campanha despejam no ouvido do eleitor uma série de assuntos satélites ao tratar do tema. Não é segredo para ninguém que falar abertamente dos dolorosos assuntos estruturais e apontar soluções e responsabilidades pode significar perder votos. 

Para começar a conversa, o estado de penúria do HRDV, que há décadas se arrasta, tem nome e sobrenome: “associados do hospital”. Se ao longo dos últimos anos os associados estivessem vigilantes e ativos diante dos problemas administrativos e estruturais da instituição, Ministério Público e Prefeitura não teriam engendrado a malfadada “intervenção” que atualmente administra o HRDV.

Antes de seguir o texto vale ressaltar que o Hospital Regional Darcy Vargas começa ser pensado em 1943. A frente da ideia, o prefeito, Celso Peçanha; e um grupo de riobonitenses preocupados com a ausência dos governos, estadual e federal; para oferecer Saúde Pública ao riobonitense. Para quem não sabe, Darcy Vargas foi a esposa de Getúlio Vargas e dar o nome dela para instituição foi uma baita estratégia política dos idealizadores do projeto “Hospital Darcy Vargas”.

Apresentada a intenção e formada a comissão que criou o estatuto do hospital, algumas datas e acontecimentos são relevantes: 
1944 – Compra do terreno;
1949 – Lançamento da pedra fundamental; 
1953 – Entrega do projeto “Hospital Darcy Vargas” a uma sociedade beneficente;
1961 – O prefeito Edmundo Campello Costa; assume a presidência da sociedade beneficente e consegue verba para terminar as obras;
1962 – Inauguração do hospital em 07/05, com presença do, agora, governador, Celso Peçanha.

Em 1962 o HRDV era muito menor que hoje, o quadro funcional diminuto e as responsabilidades infinitamente menores que nos dias atuais.

Era predominante nessa sociedade beneficente a Maçonaria, instituição determinante para vários avanços e atrasos em qualquer época. Atualmente a Maçonaria aparenta não ter o brilho de outrora, mas não é bem assim. Ela segue forte e mantendo uma característica histórica: estar presente em tudo sem ser notada.

E por que é importante falar da Maçonaria? Porque ao longo da historia do HRDV o sentimento de irmandade blindou vários malfeitos. A Maçonaria é uma grande família e como acontece com qualquer grupo familiar, o parente que comete um pecado pode ser criticado pelos ‘parentes’, mas será sempre defendido e terá seu pecado encoberto diante dos estranhos. Ao longo de décadas essa postura foi minando o HRDV, porque impediu a exposição de pecados e pecadores, o que acabou resultando na malfadada intervenção que lá está.

A propósito, essa intervenção só avançou porque o prefeito era politicamente inexperiente. A falta de intimidade com o cargo e com as intromissões do Ministério Público nos Atos de quem governa, certamente foi determinante para que ele aceitasse esse presente de grego. Qualquer outro novato também aceitaria. Aliás, esse presente já passou da hora de ser devolvido. Que o MP assuma o hospital, por lá coloque um interventor dos seus quadros, feche os ralos, enquadre culpados e devolva o HRDV aos associados.

E, por falar em associados, esse importante segmento precisa entender o seu papel e compreender definitivamente que ser associado é muito mais que aquela coisa saudosista de preservar a memória de vovô e papai, “que foram baluartes das primeiras diretorias do HRDV”. Isso sempre é dito com muito orgulho e até entendo tanto ufanismo. Todavia, embora vovô e papai tenham contribuído muito com o hospital num passado longínquo, o que esse associado herdeiro tem feito? Geralmente nada ou muito pouco, porque se ainda existe a sensação de propriedade, a sensação de responsabilidade há muito tempo foi perdida. É apenas saudosismo interiorano.

Esse cenário contribui para o distanciamento do associado desinteressado, restando apenas quem está interessado em políticas e/ou fazer negócio. É claro que as pessoas alcançadas por esse texto serão as primeiras a rechaçar as verdades nele contidas e desqualificar as observações. Para mim se alguns poucos entenderem está valendo!

Penso que discutir o HRDV sem analisar as questões históricas e comportamentais desde o seu nascedouro, só contribuiu para manter a intervenção que por lá se instalou. Contribui também para manter vazio, o discurso da classe política em campanha. Bravata e oba-oba, coisas características ao período eleitoral, acabam sendo entendidos pelo cidadão menos inteligente como solução para os complexos e intrincados problemas que há décadas adoecem o Hospital Regional Darcy Vargas de Rio Bonito.

Por último e não menos importante, a classe política sabe, mas finge não saber, que nada fará pelo hospital, porque ele não é público. Aliás, a tal intervenção só persiste, porque os associados estão aceitando. A hora que algum associado resolver lutar de verdade pelo controle do hospital, de forma organizada, com amparo jurídico, planejamento e demonstrando desinteresses outros, em dois tempos a ele volta para controle do associado e vamos em frente! #flavioazevedo

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