Flávio Azevedo
Muhammad Ali enfrenta Richard Dunn luta pelo título mundial em Munique 1976 (Foto: Reuters) |
O mundo perde um dos maiores
desportistas de todos os tempos: a lenda, o mito, o fenomenal boxeador, Muhammad
Ali. Aos 74 anos, o ex-campeão mundial dos pesos-pesados sucumbiu diante de um
adversário com quem lutava há 32 anos, o Mal de Parkinson. A morte de Ali aconteceu
no fim da noite desta sexta-feira (03/06) nos Estados Unidos. Muhammad Ali deixa o seu
nome gravado na história do esporte, seja pelo homem que foi, seja pelo histórico
de 57 vitórias, sendo 37 delas por nocaute. Ao longo da carreira só foi
derrotado em cinco oportunidades.
Ao nascer, no Kentucky-EUA, foi
batizando como Cassius Marcellus Clay Jr. Os primeiros socos foram dados aos 12
anos, em 1954. O ingresso do futuro campeão no Box ocorreu quando teve a sua bicicleta
roubada. Ao com encontrar o policial Joe Martin, que também era treinador de
boxe, disse que daria uma surra no ladrão. O policial respondeu que “antes
disso, é melhor você aprender a boxear”. O menino não perdeu tempo e em seis
meses de treino venceu a primeira luta de boxe.
O ativista Muhammad Ali começa a
nascer quando o ainda “Cassius Clay” tinha 18 anos. Ele conquistou a medalha de
ouro nos Jogos Olímpicos, na categoria meio-pesado e retornou aos EUA aclamado.
Embora tenha sido recebido com grande festa na sua cidade-natal, ao entrar num restaurante
cheio de brancos e pedir um hambúrguer, o funcionário não quis servi-lo. “Sou
Cassius Clay, campeão olímpico”, explicou, mas de nada adiantou. Enfurecido ele
jogou a medalha olímpica que conquistou no Rio Ohio.
Em 1964, já campeão mundial dos
pesos-pesados, ele se aliou a Malcom X, defensor do nacionalismo negro e anunciou
ter se convertido ao islamismo, quando mudou o nome para Muhammad Ali. Em 1967
ele se envolveu em outra polêmica: se recusou a servir o exército americano na
Guerra do Vietnã e ainda criticou o envio de militares ao conflito com os
vietcongues. Por conta disso ele perdeu o título mundial e ficou afastado do
boxe por três anos.
Ali nocauteia George Foreman e vence a Luta do Século (Foto: Agência AP) |
A luta épica que fez foi em 30 de outubro
de 1974. Ele desafiou George Foreman com o objetivo de recuperar o posto de
número 1 do mundo. O confronto aconteceu Kinshasa, antigo Zaire, hoje República
Democrática do Congo. A luta foi decidida em oito rounds e Muhammad Ali levava
uma surra do jovem Foreman. O gigante Ali não se abalou. Apesar da surra,
contava com o apoio da torcida africana e ainda provocava Foreman. Para
surpresa de todos, no ele derrubou o oponente com um potente golpe e venceu, por
nocaute, a "Luta do Século".
Outras lutas com contornos hollywoodianos
ocorreram em 1975, quando derrotou Joe Frazier; o confronto com Leon Spinks,
que venceu Ali, mas foi derrotado na revanche sete meses depois (1978); até
anunciar a sua aposentadoria em 1979. O campeão retornou aos ringues em mais
duas oportunidades, mas perdeu para Larry Holmes em 1980 e para Trevor Berbick
em 1981. Decidiu parar em definitivo.
Em 1984 o mundo descobriu que Muhammad
Ali sofria do Mal de Parkinson. Ele aproveitou a sua fama para ajudar nas
pesquisas que buscavam a cura da doença, inclusive fazendo tratamento com
células tronco. Mesmo doente, rodou o mundo, teve encontros com líderes
políticos, fez ações beneficentes pelo mundo, sempre levando sua mensagem de
paz e igualdade. Em 1996 ele acendeu a
pira dos Jogos Olímpicos de Atlanta e foi presenteado com uma réplica da
medalha olímpica que jogou fora em 1960. Em 2005, desembolsou milhões para
construir o Muhammad Ali Center, em Louisville, um centro cultural com
atividades para inspirar crianças e adultos e perpetuar os seus princípios.
Frases
O enorme legado que Muhammad Ali ou Cassius
Clay deixou pode ser representado por algumas de suas frases inspiradoras.
“Eu odiava cada minuto dos treinos,
mas dizia para mim mesmo: Não desista! Sofra agora e viva o resto de sua vida
como um campeão”.
“Aquele que não tem coragem suficiente
para aceitar riscos, não irá conquistar nada na vida”.
“Impossível é apenas uma grande palavra
usada por gente fraca que prefere viver no mundo como está em vez de usar o
poder que tem para mudá-lo. Impossível não é um fato, é uma opinião. Impossível
não é uma declaração, é um desafio. Impossível é hipotético. Impossível é
temporário”.
“Quanto mais nós ajudamos os outros,
mas nós ajudamos a nós mesmos”.
“Se minha mente pode conceber isso e
meu coração pode acreditar, então eu posso alcançar isso”.
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