Eu tenho algumas lembranças de quando era criança. Entre elas a horta que tinha no quintal de casa. Eram alfaces, chicórias, couves, entre outras hortaliças. Também tinha milho, aipim, inhame e cana. O tempo todo o meu velho vigiava as ervas daninhas que nasciam na horta. Quando apareciam eram arrancadas imediatamente para não comprometer as hortaliças. Não me lembro de ter visto alguém defendendo o direito das ervas daninha permanecerem na horta. É ponto pacifico que elas precisavam ser removidas.
Outra lembrança que tenho, já na minha fase jovem, é do meu saudoso Fusca. Um belo dia, durante uma visita a oficina, o mecânico descobriu que o fundo estava totalmente enferrujado. Não só o fundo foi trocado, mas os pés de coluna e outras partes do chassi. Os itens apodrecidos traziam uma série de riscos ao bom funcionamento do veículo. Eu não me lembro de ter visto alguém defendendo o direito das peças podres serem toleradas, por conta de “contexto social”. É ponto pacifico que elas precisavam ser removidas.
Mais ou menos nessa época eu estudei o curso Técnico em Enfermagem e comecei trabalhar na área. Acompanhei cirurgias de toda ordem. Vi órgãos comprometidos com tumores sendo retirados para preservar a saúde do corpo. Pacientes lutando contra o câncer, por exemplo, tinham órgãos ou partes do corpo removidas severamente para preservar a vida daquela pessoa. Eu vi pernas serem amputadas para evitar que o organismo sofresse uma infecção generalizada (septicemia). Eu nunca vi na porta do hospital, pessoas e/ou entidades, defendendo a manutenção dos tumores, argumentando que a retirada deles era cruel e que deveria haver tolerância com aquele organismo que passou a funcionar em desacordo com os sistemas do corpo (definição para origem dos canceres ou neoplasias).
Esse preambulo tem a pretensão de ilustrar como eu enxergo a Operação Contenção, deflagrada no Rio de Janeiro, nessa terça-feira (28/10), contra o estado paralelo (que eu considero um câncer). Apesar da barbárie, o que os policiais fizeram foi uma pequena intervenção para retirar tumores que estão matando o corpo que chamamos “sociedade”. A verdade é que ainda há muitos tumores a serem removidos, uma vez que a sociedade Fluminense já sofre de metástase (quando o câncer se espalha pelo corpo). Para retirar todos os tumores, nódulos e pólipos, a cirurgia precisa ser muito mais profunda. Todavia, ficou muito nítido que quando o horticultor, o lanterneiro ou o médico (governo), quer enfrentar o problema; é possível devolver saúde ao organismo (sociedade), seja numa horta, num carro ou no corpo humano.
Assim como não tem cabimento defender a preservação de ervas daninhas, podres na estrutura metálica dos carros e tumores no corpo das pessoas; não faz sentido algum defender elementos que causam o mau funcionamento da sociedade humana. Que o desbridamento (remoção de tecidos mortos para melhor cicatrização e prevenir novas infecções) siga acontecendo com severidade. Vai doer, porque a infecção corta o efeito da anestesia. Entretanto, caso o médico (governantes) e o paciente (sociedade) ignorem o desconforto momentâneo, insistam com o procedimento e pensem no bem estar futuro, existe a possibilidade desse moribundo chamado “Rio de Janeiro” ter alguma chance de sobreviver. As sequelas serão inevitáveis, mas a vida do paciente será preservada. Vamos em frente! #flavioazevedo

 
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