quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

25 de Janeiro – Dia de São Paulo

Flávio Azevedo
"E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?".
Qual será a sensação de ter o nome chamado por Jesus e receber dEle a incumbência de ir ao mundo anunciar os seus ensinos? Poucos tiveram essa oportunidade e entre esses poucos está Saulo de Tarso. Aquele que futuramente seria eternizado como São Paulo. Segundo a tradição Católica foi num dia 25 de janeiro que Saulo encontrou Jesus. O caso é relatado na Bíblia, no capitulo 09 do livro de Atos. Perseguidor inclemente dos cristãos, Saulo foi um dos responsáveis pelo apedrejamento de Estevão e seguia determinado a acabar com os seguidores do cristianismo.

Diz o verso 01 do capitulo 09 de Atos, que “Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote. E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns deste caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém”. O relato sagrado conta ainda, que “indo no caminho, perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és tu, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”.

Essa é a história da conversão de “Saulo”, nome que significa “grande”. Jesus, porém, lhe deu outro nome: “Paulo”, que significa “menor”. Passados cerca de dois mil anos, Paulo é pequeno só no nome, porque o seu ministério só não é maior que o do próprio Jesus de Nazaré. Mas vamos conhecer um pouco esse personagem que teria nascido no ano 10, na cidade de Tarso, hoje, território da Turquia. A cidade natal de Saulo era um polo financeiro e comercial importante. Populosa e rica em cultura e diversões, Tarso era uma cidade moderna para a sua época.

Saulo era filho de Eliasar, fariseu da tribo de Benjamim. Esse homem era forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do império Romano. Por conta dos seus bons serviços prestados ao império recebeu o título de Cidadão Romano, que era estendido aos filhos. O futuro apóstolo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, tinha boa condição financeira, um jovem religioso, inteligente, estudioso e culto. Aos quinze anos foi para Jerusalém estudar na conceituada escola de Gamaliel. Recebeu educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais queriam que ele se tornasse um grande rabi. O jovem Saulo se destacava pela oratória fluente, palavras cativantes, voz forte, agradável e passou a ser um dos pupilos do professor Gamaliel.

A conversão de Saulo.
Por de sua crença farisaica, Saulo passou a combater o cristianismo com ferocidade até que num dia 25 de janeiro ele caiu do cavalo. O encontro com Jesus transformou Saulo profundamente e mudou os rumos do cristianismo. Os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João fundamentam o pensamento cristão, narram os passos de Jesus de Nazaré, transcrevem suas palavras, contam os ensinamentos e sermões, mas a liga do Novo Testamente quem dá são as cartas de Paulo destinadas às igrejas cristãs da época e dos dias atuais. 

O evangelho de Mateus tem a pretensão de apresentar Jesus de Nazaré como um legítimo judeu da linhagem de Davi e Abrahão. Marcos apresenta o seu papel de servo e se dedica a narrar suas curas e milagres. Lucas universaliza Jesus de Nazaré mostrando a atenção que Ele deu aos “gentios”, termo usado para classificar quem não era descendente de Judá. Por fim, o evangelho de João tem a pretensão de provar que Jesus de Nazaré é Deus. Por conta disso o livro começa dizendo que “no princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Mais adiante João escreve: “veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”. 

Tudo indica que Jesus percebeu não haver dentro das fileiras do cristianismo alguém com as características de Saulo, por isso, naquele emblemático 25 de janeiro Jesus o chamou para aquela missão. E ao mesmo tempo, o cristianismo perdia o seu maior opositor. Paulo se tornou o grande nome do cristianismo e Jesus o chamou de “Vaso Escolhido”. Recebeu o título de “apóstolo dos gentios”, porque saiu pelo mundo pregando o evangelho, termo que significa “boa nova de salvação”. Paulo escreveu 14 cartas, que junto com os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, são a base teológica do cristianismo.

Encerro destacando que a primeira lição da história de Paulo e que para encontrar Jesus é preciso “cair do cavalo”, porque em muitas oportunidades o nosso orgulho e soberba não nos permite ver Jesus.

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