sábado, 4 de junho de 2016

A religião se tornou esconderijo de ímpios travestidos de gente piedosa

Flávio Azevedo 
Num tempo de pessoas desesperadas, amedrontadas, desesperançadas, preocupadas e buscando se apegar a qualquer tábua de salvação, a religião é “socorro bem presente na angústia” (Salmo 46.1). Impressionados com as palavras do próprio Jesus, “vinde a mim todos estejam cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (S. Mateus 11.28), inúmeras pessoas recorrem às igrejas para “lançar sobre Ele todas as suas ansiedades”, porque a promessa de S. Pedro é de que “Ele tem cuidado de vós” (II Pedro 5.7).

É comum vermos cristãos de ocasião e gente sem muito senso crítico buscando as igrejas não pela religião, termo que significa religação do homem a Deus. No fundo o que boa parte das pessoas busca é o frenesi momentâneo. Embasados nas palavras de Jesus, “tomai sobre vós o meu julgo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (S. Mateus 11.29-30), multidões se aglomeram em igrejas que se espalham como folhas de outono. 

O que se percebe é que muitos perderam de vista as palavras de Jesus quando Ele estava prestes a regressar para o céu. Ao contrário do que pensam alguns ‘neófitos’, Cristo não prometeu prosperidade e calmaria. Ele disse que no mundo o cristão teria aflições, mas seria importante ter bom ânimo, porque Ele venceu o mundo (S. João 16.33). 

Na contramão do que ensina o cristianismo, boa parte das denominações perdeu de vista a essência do que S. Paulo afirma em II Coríntios 5.17: “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo”. Hoje, o meio religioso é uma miscelânea. Não são poucas as denominações que apresentam tipos e modos variados de culto. É comum vermos igrejas se adequando ao comportamento das pessoas, quando na verdade elas deveriam propor que as pessoas mudassem o seu estilo de vida.

Por conta dessa falta de orientação, os novos crentes dão nova roupagem aos seus velhos hábitos, comportamentos, costumes e práticas. Esqueceram que “se alguém está em Cristo, nova criatura é”. O pior de tudo é que criticar essa Babilônia que se tornou o meio religioso significa ser rotulado como “perturbador”, o que não é novidade, porque Elias – profeta mencionado no Velho Testamento –, por apontar os pecados do Rei Acabe e da sua rainha Jezabel, acabou sendo rotulado exatamente com o nome de “perturbador de Israel” (I Reis 18.17). 


Diante desse cenário convém refletir sobre o que escreveu S. Paulo em II Timóteo 3.1-5. “Sabei, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, intemperantes, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes, afaste-se”.

Chama a minha atenção, o trecho que fala da APARÊNCIA DE PIEDADE, sobretudo porque, S. Paulo, alerta que esses supostos piedosos negariam a EFICÁCIA DELA. Por muito tempo esse texto me intrigou. Até que eu entendi que ele não está se referindo aos maus. Esses, segundo as palavras do próprio Jesus, “jazem no maligno” e carecem da glória de Deus (I João 5.19). Essa piedade falsificada é característica de quem se diz crente, se coloca como tocado pelo Espírito Santo, mas na verdade se dedica a disseminar a maldade e praticar a injustiça. Poucos percebem essa situação, porque essa pessoa está usando a máscara da “aparência de piedade”.

Atualmente as denominações falam muito do Espírito Santo, um dos integrantes da Trindade, que é formada por “Deus Pai”, “Deus Filho” e “Deus Espírito Santo”. Todavia, poucos entendem a real missão do Espírito Santo, que segundo Jesus Cristo vinha depois dEle para “convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (S. João 16.8). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS: É sempre importante olharmos para o nosso próprio umbigo e perguntar: “eu tenho sido mais lobo ou mais ovelha?”. Bem, se assuntos dessa natureza te confundem, não se aflija! Todos nos confundimos, temos momentos de angústia, dúvida e solidão. Nessas ocasiões eu medito no texto escrito em Hebreus 4.16, que diz assim: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente junto ao trono da graça, para alcançarmos misericórdia e acharmos graça, a fim de sermos socorridos em tempo oportuno”. Amém!

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