terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O racha do PMDB é nacional, estadual e também municipal!

Flávio Azevedo 
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) nunca esteve tão na mídia. A sigla chama atenção por estar em duas frentes de batalha. A primeira é o bote que o vice-presidente Michel Temer está tentando dar na presidente Dilma Rousseff (PT), que pode sofrer um processo de impeachment. A segunda guerra acontece na Câmara de Deputados, onde o presidente da Casa, Eduardo Cunha, também do PMDB, está enrolado numa série de escândalos que acabam trazendo descrédito ao processo de afastamento da chefe do poder Executivo nacional.

Nesse momento se percebe um PMDB dividido em “amotinados” e “palacianos”. Os amotinados estão entrincheirados com Eduardo Cunha e Michel Temer na luta pelo impeachment e pelo arquivamento do processo contra Cunha. Já os palacianos preferem se colocar ao lado do PT e da presidente Dilma Rousseff. Está em exibição uma novela interna, no PMDB, que oferecerá longos e tristes capítulos que não tem como objetivo o bem estar do país.

Ambas as partes quando vêm a público tentam amenizar a postura patética do PMDB, que nitidamente só se alinha com alguém pela lógica do toma lá da cá. O estopim da situação atual foi a decisão do PT de apoiar a abertura de processo contra Eduardo Cunha, sabidamente, desafeto da presidente. Nessa segunda-feira (14/12), prefeitos do PMDB de capitais importantes do país estiveram com a presidente Dilma Rousseff para reforçar o apoio a ela.

Essa colcha de retalhos que é o PMDB nacional se repete em esfera estadual e municipal. Em território Fluminense, por exemplo, está claro que existe uma divisão e que essa polarização partidária se concentra nos deputados estaduais, Paulo Melo e Jorge Picciani. Não da para esconder essa flagrante queda de braço. Eles jamais confirmarão isso oficialmente, os aliados sempre tentarão amenizar, mas a divisão é flagrante.

E o PMDB de Rio Bonito? Não é diferente! Apesar de estar povoada por nomes de peso da política municipal, a sigla precisa se reinventar. Presidido pela prefeita Solange Almeida, o partido tem duas lideranças emergentes que estão sendo castradas pelo pensamento tresloucado da presidente do partido. Há quem diga que a teimosia e o ouvido surdo da prefeita foram comprados na loja que tem como clientes, a presidente Dilma Rousseff e o ex-prefeito Mandiocão. O certo, hoje, para o PMDB de Rio Bonito prosperar seria a tática do ex-governador, Sérgio Cabral, que desapareceu da mídia política para dar a eleição a Pezão.

Os nomes emergentes do PMDB são os vereadores Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis; e Marcos Fernando da Fonseca, o Marquinhos Luanda. O cenário é o seguinte: embora esteja no primeiro mandato de vereador, Luanda foi convidado por Jorge Picciani para ser candidato a deputado federal e dentro de Rio Bonito conseguiu cerca de 10 mil votos, o que o credenciou como liderança da sigla e afilhado político de Picciani. Já o vereador Reis, eleito com quase 2 mil votos, está no quarto mandato de vereador, preside a Câmara, é afilhado político de Paulo Melo e tem influência significativa na gestão do município.

Estamos falando de duas estrelas que precisam ganhar vida própria para evoluir, mas que não conseguem porque a presidente do PMDB local não larga o osso. Desgastada com a opinião pública, juridicamente inviável e representante de um modelo político ultrapassado, Solange Almeida é uma pedra de tropeço na carreira política de Reis e Luanda.

Não é possível ignorar a liderança política da prefeita; não se pode esquecer o seu histórico na vida pública (os cargos que ocupou); ela tem 10 mil votos encabrestados pelos favores prestados ao longo dos últimos 20 anos; e o principal: um poder de persuasão que mescla cara de pau e falta de vergonha. O problema é que esse histórico não esconde mais a gestão pífia (aplaudida por meia dúzia de puxa sacos) e o histórico de processos contra ela que se arrastam na Justiça e são protelados por conta de alianças com o que há de pior na política nacional.

Para Reis e Luanda, o melhor seria que a prefeita reconhecesse as suas fragilidades, se ausentasse do processo eleitoral e permitisse que eles duelassem pelo posto de liderança maior do PMDB, porque assim como Eduardo Cunha trás descrédito ao processo de impeachment da presidente da República, Solange Almeida trás descrédito para as novas lideranças que visivelmente buscam patamares mais altos na vida pública.

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