Flávio Azevedo
A menos de um ano das eleições municipais, a quantidade de candidatos bobalhões que nada sabem sobre administração pública se prolifera nas esquinas, rodas de conversa e mídias sociais. Especialmente para o cargo de vereador, milagreiros e desavisados se amontoam contando história de todo tipo. Desprovida de conhecimento sobre o assunto, a população se torna presa fácil de falastrões e salvadores da pátria.
O fenômeno não é novo e acaba sendo responsável pelo desaparecimento dos políticos no período pós-eleitoral. É comum o eleitor acusar esse ou aquele político de nunca mais ter voltado a sua casa, no seu comércio ou na sua igreja, depois que ganhou a eleição ou depois que passou o período eleitoral.
No caso dos vitoriosos a situação é emblemática. O desaparecimento do eleito, porém, não se dá por maldade, mas por vergonha. Ciente de que muito prometeu na eleição e que gerou muitas expectativas, a primeira coisa que o vereador eleito apreende é que ele não vai poder fazer nada do que prometeu, porque ele é vereador e não prefeito. A duras penas ele descobre o que vereador legisla e o prefeito executa. A triste realidade que ele aprende é só poderá pedir, solicitar, indicar, requerer e cobrar do prefeito as melhorias para o seu eleitorado. O mais dolorido e que desanima a muitos é a descoberta de que ele só será atendido se o prefeito for com a cara dele.
Com vergonha, porque ele sabe que prometeu mundos e fundos ao seu eleitor, o político fica sem graça de retornar a campo, reconhecer que foi falastrão, que não sabia onde estava se metendo e, principalmente, assumir que não poderá cumprir 99% daquilo que bateu no peito dizendo que resolveria no primeiro mês de mandato e o principal: confessar para o seu eleitor que os vereadores que lhe antecederam, ao contrário do que ele havia pregado, não eram “ladrões e safados”, simplesmente não foram atendidos pelo prefeito.
Esse filme da vida real que no cinema eu daria o nome de “O Boca Aberta e o Ouvido de Pinico” coloca a política num patamar de desconfiança e impõe ao político rótulos como “mentiroso”, “oportunista” e “espertalhão”. Diante desse cenário eleitos e eleitorado viajam há décadas em caminhos opostos porque falta humildade de reconhecer que o erro de ambos foi a perspectiva equivocada que tiveram um pelo outro.
Faltando menos de um ano para as eleições, seja esperto, vote consciente e não seja pior que o político que você condena. Porque assim como no Carnaval as funções se invertem, porque nobres se vestem de plebeus e plebeus se vestem de nobres até a quarta-feira de cinza, no Carnaval do período eleitoral o eleitor se traveste de corrupto vagabundo e o político de vítima e coitadinho, cenário que se desfaz depois das 17h do dia da eleição. Minha gente, juízo, vergonha na cara e vamos em frente! #flavioazevedo
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