terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Mídias sociais jogam mídia convencional aos leões

Flávio Azevedo
A grande imprensa passa por um momento de crise existencial. As declarações de Boris Casoy respondendo as críticas que recebeu de setores da grande mídia, mais precisamente de profissionais das Organizações Globo, por conta da entrevista com o senador eleito, Flávio Bolsonaro; deixa isso muito claro. Os veículos de comunicação sempre se posicionaram contrários ou favoráveis aos governos. Você pode não concordar, mas sempre foi assim e quem nunca percebeu é desatento ou tem problemas de percepção.

Uma das coisas que aprendemos na faculdade de Comunicação Social, logo no primeiro período, é que essa parada de imparcialidade não existe. Todavia, a própria mídia propaga essa bobagem e muita gente acredita nesse conto de fadas. Segundo os teóricos da comunicação, cada pessoa tem sua individualidade, seus valores, suas crenças e sua percepção de mundo. Esse conjunto de influências vai interferir no juízo de valor do jornalista. Uma cena que incomoda um não incomoda o outro. Uma situação que é absurda para você pode não ser para mim.

Não é segredo para ninguém que a sociedade está polarizada. Nunca tivemos tanta gente nos extremos. Muitas pessoas saíram do centro por entender que fica nesse espaço aquela galera que “não fede nem cheira”. Por isso migraram para os extremos. É natural que a mídia faça movimento similar, afinal ela é formada essencialmente pelo elemento humano, que tem gostos, vontades, paixões, fetiches, crenças, valores etc. 
Junte a esse cenário um fenômeno que eu chamo de “esquizofrenia social” – postura natural dos latinos. Por exemplo: muita gente acusava as organizações Globo de “golpista” por conta da cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Hoje, porém, esses acusadores são defensores da Globo e amam as reportagens sobre a família Bolsonaro. Por outro lado, inúmeros fãs da Globo, por serem eleitores de Bolsonaro, decidiram que a emissora não presta e que deseja derrubar o governo. Esse comportamento também pode ser tipificado como maniqueísmo.

A crise existencial da grande imprensa tem um culpado: a mídia social. Não é segredo para ninguém que a maior parte das pessoas que transita na mídia tradicional, sobretudo numa Globo da vida, é snobe e acredita que só elas nasceram com cérebro. O nível de soberba da maior parte desse pessoal é pavoroso. Mas essa pose foi derrubada pelas mídias sociais, espaço que deu voz a muito maluco, mas apresentou ao mundo inúmeras pessoas que têm pensamento lógico e equilibrado que nunca teriam espaço na mídia convencional.

Enfim, embora eu ache desnecessária a guerra entre veículos de comunicação, essa situação ajuda a confirmar as minhas impressões sobre o sucesso das mídias sociais e a interferência que essas plataformas exercem sobre a mídia convencional. Vamos em frente!

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