domingo, 1 de julho de 2018

A hipocrisia cotidiana e a proibição do uso do espelho

Flávio Azevedo
O cúmulo da hipocrisia é o sujeito dizer que vota em Jair Bolsonaro, “porque ele está prometendo liberar porte de arma para o cidadão”, mas quando entra em pauta armar as guardas municipais esse sujeito é contra. A argumentação para não armar as guardas é a seguinte: “esses guardinhas não têm preparo para andarem armados”. Mas será que esse cidadão que chama “os guardinhas” de “despreparados” está capacitado a portar a arma que o Bolsonaro está prometendo lhe entregar?

Exemplo do dia-a-dia: o sujeito diz que o Trânsito em Rio Bonito é horrível, mas ele não abre mão de parar em fila dupla para pegar ou deixar criança em frente ao colégio. O Trânsito é péssimo, mas ele não abre mão de parar em fila dupla para “ir ali rapidinho resolver uma coisinha rápida”. Aliás, esse sujeito só chama os Guardas Municipais de “guardinhas”, porque em algum momento um desses agentes corrigiu alguma deformidade nos seus usos e costumes, por exemplo, parar em fila dupla.

Todos nós conhecemos um monte de gente que chama o político de ladrão, mas no período eleitoral esse “poço de virtude” não abre mão de prostituir o voto em troca de cargos no futuro governo e/ou dinheiro. Essa hipocrisia está firmada no comportamento egoísta natural ao brasileiro. O rearranjo que o Brasil precisa é comportamental e não administrativo. As nossas leis são as mais evoluídas do mundo, mas nós não somos evoluídos e o nosso voto é contra qualquer candidato que tenha como plataforma, a evolução e a mudança efetiva.
Em Rio Bonito tem outro caso clássico de hipocrisia. Um volume grande de gente criticava os favores do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Napoleão Nunes Maia Filho; ao PMDB, para manter a ex-prefeita, Solange Almeida; no cargo (deveria ter sido afastada em 2015). Todavia, quando o desembargador Siro Darlan concedeu uma liminar na madrugada, num plantão judiciário, para que o inelegível Mandiocão participasse das eleições de 2016, esses críticos acharam isso normal. E você sabe quem criticou a decisão do Siro Darlan? Os hipócritas que achavam normal as artimanhas do Napoleão que mantiveram Solange a frente do município até o fim do mandato.

Seja o futuro presidente do Brasil, o Lula, o Bolsonaro, o Jesus Cristo ou o Buda; se não mudarmos o nosso comportamento e nossa percepção do que é viver em sociedade não haverá mudança e o cenário, que já é péssimo, vai piorar! E eu, Flávio Azevedo, não vou deixar de escrever e pensar, porque você fica ofendido com o que vê quando eu te forço a se olhar no espelho. 

Quando eu me olho no espelho e vejo o meu rosto sujo e o cabelo desarrumado, eu não quebro o espelho. Eu lavo o rosto, penteio o cabelo. No Brasil, porém, como a sociedade sabe o que vai ver ao se olhar no espelho, convencionou-se fechar as fábricas de espelhos, quebrar os espelhos existentes e ficou decidido que é deselegante alertar quem esteja com o rosto sujo e o cabelo desarrumado. E assim, a sociedade brasileira segue caminhando de cara suja, com cabelos desgrenhados e a maioria acha melhor não dizer nada.

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