terça-feira, 8 de maio de 2018

Prefeito Mandiocão relembra histórico “Baile do Cabide”

Flávio Azevedo
O jovem José de Aguiar Borges (Kaki)
Muita gente me perguntando a respeito do que o prefeito José Luiz Antunes (PP) quis dizer, na entrevista que me concedeu nessa segunda-feira (07/05), ao comentar sobre um “legado” deixado pelo presidente do Hospital Darcy Vargas, José de Aguiar Borges, o Kaki; no bairro Caixa D’Água. Ao tratar desse assunto, o prefeito desenterra uma história antiga ocorrida em Rio Bonito provavelmente na segunda metade dos anos 60. Cerca de 50 anos depois, por conta do nosso “riobonitismo”, o assunto ainda é tabu. Esclareço que “riobonitismo” é o termo que eu uso para definir duas das principais características da sociedade riobonitense: hipocrisia e falso moralismo. 

É o seguinte:
O Jovem Kaki era um dos líderes dos jovens de sua época. 
O jovem Kaki e outros meninos riobonitenses, ao som de Beatles, Elvis Presley, canções da Jovem Guarda, Rock and Roll e, talvez, mordidos pelo mesmo bichinho que mordeu Michael Lang, idealizador do histórico Festival de Woodstock (1969), decidiram promover uma festa no belíssimo e bucólico Parque da Caixa D’Água. À época não se usava o termo “festa”. O usual era “baile”.

Segundo um dos frequentadores desses bailes, depois que as bebidas alcoólicas empolgavam os presentes, movidos pelos arroubos e energia da juventude, os participantes tiravam a roupa e dançavam nus. Belas jovens, hoje, senhoras respeitadas, num tempo em que ninguém pensava em Funk, rebolavam até o chão no melhor estilo Anita... E como vieram ao mundo: nuas. As roupas ficavam penduradas em galhos ou cabides improvisados, o que fez a festa ganhar o título de “Baile do Cabide”.

Era o tempo em que o movimento Hippie e a filosofia do Naturismo imperavam. Junte a isso influencias como o inspirador James Dean, estrela do filme Juventude Transviada (1955), ícone da garotada da época. Em meio aquela natureza deslumbrante, a moçada ficava extremamente a vontade e os bailes se tornaram a onda daquele tempo. Quem participou lembra que apesar dos corpos nus, a moçada aquecia o ambiente com muita dança e beijo na boca.
O prefeito José Luiz Antunes, durante a entrevista nessa segunda-feira. A reportagem está no fim desse texto. 
À época, a notícia foi uma bomba (nada diferente de hoje!). Os inimigos mais ferrenhos do “Baile do Cabide” eram os rígidos pais, sobretudo quando descobriram que suas recatadas filhas eram a principal atração dos eventos. Outro frequentador conta que sobre as mesas, essas jovens tinham demonstravam desenvoltura e atributos que as tornavam tão sensuais e desejadas quanto Elvira Pagã, Berta Loran, Anilza Leoni e Sonia Mamede; vedetes ícones do Teatro de Revista dos anos 50 e 60.

Por conta da sua liderança o jovem Kaki acabou parando na política. Foi vereador, vice-prefeito, deputado estadual, mas nunca conseguiu ser prefeito. Uma das razões era o “Baile do Cabide” sempre lembrado a cada eleição. Curiosamente, assíduos frequentadores das ‘calientes’ festinhas, por conta de interesses políticos, tinham a cara de pau de acusar Kaki de “libertino”. Outros, magoados por não conseguirem convite para o evento (não tinham idade apropriada), acusavam Kaki de “imoral”. Puro recalque! 

O que se percebe é que a história do “Baile do Cabide” é cercada de carolice e falso moralismo. A prova disso é o comentário malicioso do prefeito José Luiz Antunes ao tratar do assunto. Analisando a história pessoal do prefeito, eu fico pensando... Teria ele, moral, para questionar o “Baile do Cabide”? Pensando melhor, eu concluo que tudo isso, "Baile do Cabide", prefeito pangaré... Tudo só aconteceu porque eu fiz parte da gestão anterior.

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