sábado, 12 de maio de 2018

A festa de 172 anos de Rio Bonito é uma droga

Flávio Azevedo
Aproveito esse 12/05, quando se celebra o Dia da Enfermagem, para destacar um dos aprendizados que tive na matéria de Neuropsiquiatria, uma das disciplinas que estudei no meu curso Técnico de Enfermagem. Estou aqui me lembrando de uma atividade na Praça Fonseca Portela, exatamente numa data como essa. Foi uma exposição sobre assuntos variados e o meu grupo ficou responsável pelo tema “DROGAS”.

De acordo com os estudiosos do comportamento, quase todas as drogas provocam um momento de euforia sensacional. O problema é que quando o efeito do tóxico termina, em segundos, o indivíduo entra numa profunda depressão. Como se estivesse no “Kabum”, aquele brinquedo medonho que existia no Parque Terra Encantada, no Rio de Janeiro; o sujeito desaba do topo da euforia para as profundezas da depressão. 

Essa mudança repentina mostra que é preciso consumir mais droga para manter a euforia. A verdade é que a dependência do viciado é uma tentativa de fugir da depressão, que é a ressaca oferecida pela cocaína, seus derivados e drogas sintéticas.
Na última semana, para celebrar os 172 anos de emancipação político administrativa de Rio Bonito, o governo municipal preparou uma festa de arromba. A Companhia de Rodeio Tony Nascimento trouxe atrações nunca vistas por essas bandas. O público foi tomado pela euforia. Luzes, empolgação, fogos de artifício que dançavam no ritmo das músicas levantaram a galera e a euforia era geral.

Mas como acontece com toda droga... Depois da euforia vem a depressão. Terminada a festa de arromba, o belíssimo Desfile Cívico Escolar e seu fotogênico lanchinho... Depois da inauguração do novo prédio da Prefeitura, a depressão deu as suas cartas e o próprio prefeito tratou de trazer seus seguidores a realidade quando se comportou de maneira infantil, risível e imatura numa clara tentativa de desqualificar os seus críticos e escamotear o que vem por aí.

Os dias seguintes aos festejos de Rio Bonito, eventos que custaram vultosa quantia aos cofres municipais, foram de assaltos à loja e pedestres, no Centro da cidade; críticas à Saúde; pacientes esquecidos em Niterói; falta de médicos no hospital e ESFs; aposentados sem pagamento; Prefeitura retendo recursos dos aposentados e do Hospital Darcy Vargas; acidente de Trânsito por falta de semáforo; descumprimento de medida judicial que determina o oferecimento de medicamentos e leite a alérgicos a lactose; a eminente cobrança de estacionamento nas ruas da cidade; ineficiência na limpeza dos bairros; entre outras coisas.

Uma semana depois, o prefeito e seus apaniguados estão em busca de mais droga, mas a festa acabou e o que lhes resta é a profunda depressão. A alternativa que conseguiram para fugir da depressão é seguir repercutindo a festa que já acabou. Na verdade minha gente, a inércia política de Rio Bonito está fincada nesse hábito de se agarrar o passado e ignorar que o futuro deve ser construído no presente. Termino essa reflexão destacando que o drogado só consegue ficar limpo quando reconhece sua dependência. No caso de um governo, ele só mudará quando reconhecer suas falhas, hoje, ignoradas de maneira arrogante e irresponsável.

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