domingo, 4 de fevereiro de 2018

Saúde em Rio Bonito sobre novo comando, mas com velhos vícios

Flávio Azevedo
A vice-prefeita Rita de Cássia Borges Martins Gomes, por ocasião da posse em 01/01/2017.
Depois de um ano de inoperância, quando muito pouco ou quase nada aconteceu em termos de avanço na área da Saúde, em Rio Bonito, o riobonitense acordou na última sexta-feira (02/02), com a notícia de que Matheus Neto foi exonerado e que o comando da pasta seria da vice-prefeita, Rita de Cássia. Detalhe: ela não escolheu alguém para gerenciar a Saúde, como fez na Educação, até então comandada por Délio César Moraes, homem de confiança da vice-prefeita. Na Saúde, a própria Rita assume as ações; e pelo que se viu e ouviu até aqui, o compromisso do prefeito José Luiz Antunes (PP) é “deixar a mulher trabalhar” e não se envolver nas decisões tomadas por ela! A conferir!

Na última sexta-feira (02), antes que a nomeação acontece – a publicação só foi feita no dia seguinte (sábado-03) – as mudanças já estavam em curso e a famosa dança das cadeiras, dentro do próprio governo, já havia começado. Chefias e coordenação de setores, sobretudo aqueles que contavam com gente de confiança do ex-secretário, Matheus Neto; foram substituídas. Outros decidiram sair por conta própria, antes de serem convidados a se retirar ou serem submetidos a filosofia da nova gestora da pasta.

Na busca por espaço e protagonismo político, uma guerra fria entre os grupos da vice-prefeita e do ex-secretário de Saúde, Matheus Neto; estava instalada. Em ambos os lados foi possível ver as fagulhas do “fogo amigo”, processos de fritura, boicotes e até sabotagem. Vassalos e marionetes se esforçavam por defender os seus soberanos ao sabor da precariedade da Saúde, da falta de transporte para pacientes, da falta de medicamentos e exames básicos. Nessa batalha de egos, onde quem é mais puxa saco se destaca, até as diárias dos motoristas da Secretaria de Saúde, um direito legal, foram suspensas, o que provocou um motim dentro da categoria.
O ex-secretário, Matheus Neto.
Além disso, o ano de 2017 foi marcado pela tradicional queda de braço da Prefeitura com o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), onde as dificuldades impostas não surgiram por conta da avaliação da prestação de serviço da unidade, e sim por conta da proximidade do presidente da entidade, José de Aguiar Borges, o Kaki; com a ex-prefeita, Solange Almeida; e com o ex-secretário de Saúde, Anselmo Ximenes.

Até, agora, a vice-prefeita Rita de Cássia agiu como todos os seus antecessores em qualquer governo: chega trocando peças de lugar, mudando pessoas de funções, expurgando alguns, resgatando outros; e sem anunciar o que pretende para a Saúde do município e o ritmo que deseja empregar na condução das suas ações. Ela ainda não apresentou nenhum planejamento para pasta nos próximos anos (2018-19-20); não anunciou o que será prioridade na condução do Orçamento da Saúde – esse ano estimado em cerca de R$ 70 milhões – e não disse como será a relação institucional com o HRDV, com as clínicas prestadoras de serviço, com a Oncologia; e, sobretudo, com os médicos, onde a relação é conflituosa e problemática em todas as administrações.

Por que uma entrevista coletiva ainda não foi convocada para tratar desses assuntos? A desculpa de estar chegando agora não cola, porque a nova secretária é a vice-prefeita, ou seja, está dentro do governo e sabe as necessidades da pasta. A título de sugestão, eu acrescento que poderiam ao menos nortear a opinião pública através de uma matéria nas mídias eletrônicas da Prefeitura, onde as últimas publicações mostram o ex-secretário de Saúde falando de vacinação e a vice-prefeita, com postura de comandante da Educação. 

A verdade é que todo esse cenário tumultuado e desorganizado, considerado normal somente pelos puxa sacos, acaba refletindo o amadorismo administro da gestão municipal, que segue entregue a pessoas que se assemelham a televisões, preto e branco, valvuladas, ligadas em antenas espinha de peixe; num tempo em que assistimos TV de Plasma que recebem as imagens por ondas digitais. Esses prefeitos e seu séquito de seguidores e torcedores são velhas lamparinas num tempo em que se usa lâmpadas de led irrigadas por energia solar.

Outra questão em debate quando se comenta a presença da vice-prefeita na pasta da Saúde é o fato de que ela construiu sua carreira sob a bandeira da Educação. Todavia, apesar do perfil técnico da vice-prefeita, Rita de Cássia; muito do que ela construiu na sua trajetória política foi pautado no assistencialismo, onde está baseada a ideia dela de mutirão para reformar escolas, quadras e postos de Saúde, ao longo de 2017. 

Embora exista muita simpatia, sobretudo entre as classes mais carentes, por esse tipo de prática, fazer política em porta de hospital, funerária, cama de doentes e afins, são práticas que precisam ser banidas da vida dos gestores públicos junto com a corrupção, porque o assistencialismo estimula a preguiça. É nítido que na Saúde essa postura anacrônica dá mais resultado (votos), mas mantém pessoas inertes e escravas do beija mão. Seguimos analisando os acontecimentos e ansiosos para que tudo seja diferente do que está se desenhando.

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