sábado, 30 de dezembro de 2017

Classe política começa operar como milícia

Flávio Azevedo
No filme “Tropa de Elite II”, policiais corruptos criam a milícia para compensar a perda do arrego, dinheiro que é destinado a comprar o silêncio e o combate as atividades do tráfico. Na trama do cinema, a repressão do BOPE nas favelas empobrece os traficantes e praticamente acaba com o arrego. Todavia, ao tomar conhecimento das possibilidades de ganho numa comunidade, policiais corruptos desenvolvem modelo de arrecadação pior que o tráfico: as milícias.

Há quem diga que o sucateamento de autarquias e órgãos estaduais esteja sendo orquestrado, para que a população e servidores estaduais, não sejam contrários a reformas de âmbito estadual e, sobretudo, a privatização da CEDAE, negociada com a justificativa de que a grana arrecadada no negócio vai resolver o problema de insolvência financeira com os servidores ativos e inativos.

Algumas correntes defendem que a situação falimentar do Estado do Rio de Janeiro, talvez o mais importante da Federação e antiga capital federal, é intencional e tem a pretensão de criar caminhos que façam as coisas mudarem para continuar jeito que estão. Reportagens do RJTV e SBT Rio mostram momentos peculiares onde servidores sofrem privações e deputados estaduais ampliam o capital político, exatamente a reboque da crise.

Políticos corruptos sabem que a moralização do país é um caminho sem volta. Todavia, mudar de postura não é fácil para quem sempre agiu com a lógica do toma lá dá cá. Cientes de que a mamata acabou, os corruptos estão focados em criar mecanismos que lhes dê sobrevivência na vida pública. Assim como os policiais corruptos do “Tropa de Elite” se reinventam e criam novas possibilidades, a milícia; há quem enxergue a classe política agindo igual. Há quem entenda a crise no Rio como real, concorde que o Estado esteja em situação falimentar, mas sem deixar de acreditar que um estratagema está sendo engendrado, para potencializar a crise, que será combatida com medidas que diminuam a apreensão dos políticos quanto ao seu futuro.

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