terça-feira, 25 de abril de 2017

“Prefeito mente e tenta jogar a população contra a Câmara de Vereadores”

Flávio Azevedo
O presidente da Câmara, Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB); durante seu pronunciamento.
Apesar da frase “muita calma nessa hora!”, proferida pelo vereador Cláudio Fonseca de Moraes, o Claudinho do Bumbum Lanches (PR), na sessão Legislativa da última quinta-feira (20/04), parece que alguns vereadores perderam a paciência com o prefeito José Luiz Antunes (PP). Dessa vez o estopim do desentendimento foram as respostas do poder Executivo a Requerimentos Legislativos que pediram esclarecimentos sobre o trâmite legal para a realização do Carnaval 2017; e um Ofício sobre um contrato entre a Prefeitura e o Espaço de Festas Ceccarelli supostamente celebrado no mandato anterior. O prefeito foi chamado de “mentiroso”. Os mais exaltados eram o presidente da Câmara, vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB); e o vereador Humberto Belgues (PSL).
– Eu não estou entendo as colocações do prefeito, que está confundindo Reginaldo com o presidente da Câmara. Está faltando respeito do prefeito com o Legislativo. Quando ele manda uma resposta ofensiva, agressiva, ignorante – do jeito que ele é –, ele está tratando os vereadores como se estivesse lidando com os funcionários da fazenda e do posto de gasolina dele. Ele que em suas palavras mentirosas – que diz existir dívida de R$ 70 milhões e até, hoje não provou nada – disse que o Espaço Ceccarelli foi alugado por R$ 40 mil mensais. Perguntei se ele tinha provas e ele disse que sim. Ou seja, mentiroso é o prefeito, que até agora não mandou resposta e os 10 vereadores, inclusive os parlamentares da bancada dele, estavam presentes – disparou o presidente, ressaltando ser desnecessário esse confronto.

Na única reunião entre o prefeito Mandiocão e os vereadores, ainda em janeiro de 2017, o chefe do Executivo disse que a Câmara Municipal é a grande responsável pelo fato do município ter sido encontrado por ele uma terra arrasada. “Faltou fiscalização do poder Legislativo”, teria dito o prefeito aos 10 parlamentares, ignorando o fato de que a sua vice-prefeita, por exemplo, era uma das integrantes do colegiado que esteve na Câmara Municipal entre os anos de 2013 e 2016. Nesse encontro, o prefeito teria citado um suposto contrato entre o município e o Espaço de Festas Ceccarelli e teria dito que a Prefeitura pagava R$ 40 mil por mês. O vereador Reis disse que pediria Informação sobre esse contrato, que segundo fontes nunca existiu.
– Certamente o prefeito deu essa declaração por estar impregnado por informações de terceiros. Agora, quando viu realmente o contrato e percebeu não ser exatamente o que lhe contaram, a maneira que ele encontrou de não ficar mal foi mandar uma resposta onde ele tenta desviar o foco da bobagem que falou na reunião com os vereadores – comenta com a nossa reportagem, uma velha raposa política que acompanha atentamente esse imbróglio. 

Vereador Humberto Belgues (PSL).
Para o vereador Humberto Belgues, a lógica do “dois pesos, duas medidas” por parte do governo e seus interlocutores é clara. “O chefe do Executivo pediu, nessa reunião que teve conosco, que os vereadores fizessem o seu papel de fiscalizar, mas, agora, quando tomamos essa atitude, atendendo a sugestão do próprio prefeito, somos rotulados como oposição”, disparou o vereador Humberto Belgues. Ainda segundo o parlamentar, o chefe do Executivo está sendo deselegante, inclusive, com os vereadores da sua base e aqueles que estiveram do lado dele na legislatura passada.
– A ex-prefeita Solange tinha aqui nessa casa apenas cinco vereadores. A outra metade era oposição e todos ligados a Mandiocão. Ele esqueceu que a sua vice-prefeita foi vereadora até 31/12/2016. Esqueceu que os vereadores, Claudinho do Bumbum Lanches e Marlene Carvalho, integram o seu grupo político e eram vereadores na legislatura passada. Ele está esquecendo que os ex-vereadores, Jubinha e Aissar Elias, sempre foram ligados ao seu grupo político e não eram alinhados a ex-prefeita. Por que esses cinco vereadores não fiscalizaram os Atos da ex-prefeita? – questiona Humberto.

Para o presidente da Câmara, “o prefeito está no seu quarto mandato e ainda não aprendeu cumprir a Lei e tão pouco lidar com a coisa pública”. Também gerou indignação entre alguns parlamentares as notícias de que o prefeito estaria dizendo que “consegue governar e não precisa de vereador”. A opinião da maioria dos vereadores é de que “o chefe do Executivo está gerando um clima que não é bom para ninguém”.
– Enquanto isso, os postos de Saúde estão sem médico, pessoas que trabalharam em dezembro de 2016 ainda não receberam, pessoas estão deixando os seus cargos por pura perseguição política; tivemos filho nomeado no lugar da mãe e quando você pergunta sobre esses temas aos integrantes da equipe do prefeito ninguém sabe de nada. As kombis seguem transportando os alunos da rede municipal de maneira irregular e não é por iniciativa do secretário de Educação. Responde um ofício de maneira abusiva e segue cometendo crime em cima de crime. Cadê o balancete, que até hoje não subiu? – disparou o vereador Reis.

Nota da Redação: quem acompanha a política riobonitense há mais tempo e conhece o modus operandi do prefeito Mandiocão, não está surpreso com essa queda de braço entre Executivo e Legislativo. Comprar briga com os vereadores é uma tática que foi usada em todos os seus mandatos. Nasce desses históricos embates, o slogan “deixa o homem trabalhar” (2008), uma tremenda conversa fiada que visa apenas insuflar o ego dos puxa sacos e irritar adversários. Enquanto a população presta atenção nesse teatro, assuntos relevantes deixam de ser debatidos e Atos questionáveis não são percebidos pela população e até pelos próprios vereadores.

Nesse momento, a queda de braço promovida por Mandiocão é intencional e tem duas pretensões. A primeira é ser uma cortina de fumaça sobre os seus Atos falhos. A segunda e mais importante é jogar no esquecimento, o fato de que ele está no mandato amparado por uma frágil liminar que pode ser indeferida a qualquer momento, bastando apenas desagradar o ‘padrinho’ que conseguiu a proeza de fazer o Judiciário interferir na decisão de outro poder (Legislativo), para que ele fosse candidato nas eleições de 2016.

Abaixo, a integra da sessão Legislativa de 20/04/2017.


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