segunda-feira, 3 de abril de 2017

Educação suspende greve para tentar diálogo com prefeito Mandiocão

Flávio Azevedo
Momento em que os presentes votavam pela manutenção ou extinção da greve.
Uma assembleia peculiar, com decisões polêmicas, presenças inéditas e uma certeza: independente do governante, sempre existirá uma guerra fria entre educadores e governo. O mais curioso é que o patrão usa a categoria contra a própria categoria. Assim como o médico cientista, Vital Brazil; desenvolveu o soro antiofídico a partir do veneno da cobra, os governantes já entenderam a desunião da classe e usam a própria categoria para frustrar os planos idealizados por ela. É a conclusão que se chega ao final da assembleia de profissionais de Educação, que ocorreu na tarde dessa segunda-feira (03/04), na Sociedade Musical de Dramática Riobonitense. O evento foi promovido pelo núcleo local do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe). 

Duas propostas foram apresentadas durante a assembleia. A primeira, pela interrupção da greve, iniciada em 06 de março. A outra, pela manutenção do movimento, que apresenta uma pauta de oito reivindicações básicas, entre melhorias salariais, melhorias das unidades escolares, melhores condições de trabalho e a oportunidade de dialogar com o chefe do poder Executivo.
– O secretário da pasta é sempre muito solícito conosco quando é procurado, mas ele é apenas uma peça decorativa, porque quem manda mesmo na Educação é a vice-prefeita, Rita de Cássia; e o prefeito Mandiocão. Não temos o que reclamar da atenção do secretário, mas o poder de decisão está em outras mãos, por isso, precisamos conversar com o prefeito, que dias atrás deu com a porta na nossa cara – desabafa uma profissional de Educação.
Profissionais de Educação afirmaram durante a assembleia que o salário pago pela Prefeitura de Rio Bonito "é humilhante para o servidor".
A presença de pessoas que não tinham participado dos encontros anteriores e sequer estavam em greve gerou descontentamento entre os sindicalistas mais antigos. O entendimento era de que os novatos estariam representando o governo para votar contra a manutenção da greve, o que realmente aconteceu. Os profissionais de Educação mais antigos no movimento votaram pela manutenção da greve, mas foram vencidos pelos novatos. Com isso, a partir dessa terça-feira (04/04), os profissionais estarão em estado de greve, mas voltarão as salas de aula de suas respectivas escolas.
– Está na cara que isso foi um golpe! É claro que os governistas se juntaram para votar contra a greve e defender o governo na assembleia. São pessoas que nunca vieram aqui e, logo hoje, aparecem para reforçar o voto contra a greve? Isso foi tudo arquitetado pelo governo – disparou uma professora, visivelmente irritada. 

As declarações foram imediatamente rechaçadas por uma professora do grupo que votou pela extinção da greve. Aparentando certa liderança sobre o grupo que chegou de surpresa na assembleia, a professora disse que “o prefeito não sabe de nada que está acontecendo aqui, a assembleia é um evento democrático, e por isso todos podemos participar e votamos conforme as nossas consciências”. O desconforto de quem entendeu ser a presença dos novatos uma ação orquestrada não era maior do que os integrantes do grupo que pela primeira vez esteve na assembleia.
– Isso faz parte do jogo político, do jogo democrático, nós precisamos reconhecer quando somos voto vencido, mas no próximo dia 18 de abril nós teremos nova assembleia. Se até lá o diálogo com o prefeito não acontecer, a greve vai voltar. A suspensão da greve é trégua para que entendam não sermos nós os intransigentes – explicou uma das líderes sindicais, numa demonstração que a guerra fria, iniciada há cerca de 20 anos, está longe de ter um fim.
Profissionais de Educação apelaram para a consciência dos colegas e afirmaram não ser esse um movimento partidário, "porque ele vem desde o governo anterior, que também não atendeu as reivindicações da categoria".

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