domingo, 28 de agosto de 2016

A assembleia de sócios do Hospital Darcy Vargas foi um museu de grandes novidades

Flávio Azevedo
A mesa diretora que coordenou a assembleia dos associados do HRDV.
É nítido que há muita incompreensão e entendimento equivocado quando se pensa em Saúde Pública. A culpa, porém, desses desencontros é única e exclusivamente dos politiqueiros de plantão. Em Rio Bonito, por exemplo, mais da metade da população não sabe que o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) é particular. Pouca gente entende que a Prefeitura não tem gerência sobre o Hospital, que é uma entidade particular, hoje, tocada por um grupo de 240 associados. Não adianta querer fugir dessa lógica, porque esse é o caminho estatutário da unidade que em 2016 completa 73 anos de fundação. 

Presentes na assembleia do HRDV.
Todavia, nos últimos 30 anos a politicagem foi a responsável por fazer a população entender equivocadamente o funcionamento do HRDV. É que a cada eleição, candidatos a prefeito e seus puxa sacos enchem os pulmões para dizer que o culpado pelos problemas do hospital é o governo municipal que está no poder, "porque eu quando assumir eu vou resolver", mas não é nada disso que acontece. No fundo, não passam de vendedores de ilusão! Entre os anos de 1997 e 2003, eu (Flávio Azevedo) fui funcionário do HRDV (técnico de enfermagem) e sempre ouvi dos patrões que a culpa pelos problemas que enfrentávamos era da Prefeitura, à época comandada por Solange Almeida.

Em 2005, inclusive, com amplo apoio da direção do HRDV, Mandiocão assumiu a Prefeitura com status de “solução para o caso Darcy Vargas”. Pois bem! Mandiocão ampliou o envio de recursos para o hospital, que recebe por serviço prestado, mas não demorou muito passou a ser rotulado como problema. O amigo leitor vai lembrar que a secretária de Saúde da sua terceira gestão, Maria Juraci Dutra, tornou-se persona non grata para vários médicos e parte da diretoria do HRDV (as razões são diversas). 

Em pé, o ex-prefeito Mandiocão observa a prefeita Solange falando na assembleia. Ambos são sócios do HRDV.
Enquanto isso, a ex-prefeita, de porta em porta e de ouvido em ouvido, fazia campanha para voltar a Prefeitura com a cantilena “Mandiocão não gosta de Saúde, mas deixa comigo que eu vou resolver o caso Darcy Vargas”. Pois bem! Iludidos com o “canto da formiga”, ela foi reconduzida ao cargo de prefeita. Três anos depois, ela está na Prefeitura, também ampliou a oferta de recursos para o hospital, mas a unidade está nesse fecha não fecha. O curioso é que já tem gente querendo trazer Mandiocão de volta e com o mesmo status de 2005: “ele é a solução para o caso Darcy Vargas”.

Amigos... Será que ninguém notou ainda que o problema do hospital é o hospital? Será que ninguém consegue perceber que o hospital não é público, mas particular? Se o HRDV é comandado por um grupo de associados, porque a culpa dos seus problemas é do poder público? O mais curioso é que Solange e Mandiocão são sócios da instituição, sabem disso, mas passaram os últimos 24 anos se acusando de um pecado que não é deles! Ou eles são loucos ou são muito picaretas, porque quando eles se acusam, automaticamente eles se culpam, uma vez que se revezam na Prefeitura da cidade o problema persiste na gestão de ambos. Meu Deus! Será que existe vida inteligente nesses cérebros ou a necessidade de fazer a população de trouxa é tanta que é melhor seguir com esse teatro de acusações em nome do voto? 

Uma análise rápida dos últimos 20 anos sinaliza para mim que colocar recursos no hospital significa construir piscina, churrasqueira, campo de futebol e sauna no quintal dos outros. A hora que você decidir usufruir, você terá que pedir licença ao dono do quintal, que pode deixar você entrar ou não. O que você fez é seu, mas o quintal é dos outros, logo, você terá que esperar a boa vontade do dono do quintal para poder tomar banho na sua piscina, queimar uma carne na sua churrasqueira, bater uma bolinha no seu campo de futebol e dar uma relaxada na sua sauna.

Enquanto tudo isso não for assimilado pela classe política e pela sociedade, os problemas seguirão acontecendo, os eminentes fechamentos do hospital continuarão presentes nos noticiários locais; e infrutíferas reuniões serão mantidas. A assembleia desse domingo (28/08), por exemplo, como diria Cazuza, foi “um museu de grandes novidades”. Mudança e renovação são termos recomendados para a política, mas a mudança e renovação precisam ser adotadas urgentemente pela sociedade, que continua usando sinais de fumaça e pombo correio em tempos de e-mail e WhatsApp.

Pense nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário