domingo, 13 de março de 2016

E a corrupção, continua?

Flávio Azevedo 
“Fora PT!”, “Fora Dilma!”, “Lula preso!”, foram as palavras mais ouvidas nesse domingo (13/03), por todo Brasil. Estão estimando em cerca de 6,5 milhões de pessoas em protesto por todo país. Os alvos são o governo federal e a corrupção... Mas estamos protestando e lutando contra o que exatamente? Saímos às ruas por insatisfação real ou por influência de alguém? E o que acontece depois do impeachment? É só o PT que corrompe? E os demais partidos e lideranças partidárias do Brasil, são santos? E o Legislativo? E o Judiciário? E nós? Será que nós lembramos para quem foi o nosso voto para os cargos de deputado, senador ou vereador na última eleição?

E nosso velho hábito de trocar o voto por R$ 50,00, continua? E colocar adesivo, porque o político está me dando 10 litros de gasolina por semana? E ser assessor do político para ter o INSS pago e depois devolver o salário? E superfaturar obras ou venda de produtos, porque é preciso devolver 50% do que irão me pagar? E as notas frias e calçadas? E vender uma tonelada e entregar 500 kg? E votar no cara simplesmente porque ele prometeu agregar o meu caminhão, trator, kombi ou automóvel? Tudo isso continua?

E vender igrejas inteiras em troca de um cargo comissionado no futuro governo, continua? E vender uma entidade de classe ou entidade associativa, porque eu e/ou minha mulher seremos nomeados em algum cargo de confiança? E usar o emprego público como bico, porque a minha ocupação oficial me remunera melhor? E a perseguição e o patrulhamento que eu faço sobre os colegas de trabalho, somente para ficar bem na fita com o chefe? Essas coisas também continuam?

E desviar a rota dos veículos oficiais e subtrair combustível? E trocar peças e assessórios dos carros oficiais pelas peças e assessórios do meu carro? E estacionar em fila dupla? E desmatar? E jogar lixo nos valões e encostas? E lotear áreas proibidas e corromper quem fiscaliza? E aceitar propina para não cumprir a minha responsabilidade como ente público? E transferir a responsabilidade de educar o meu filho para escola? E proteger a boca de fumo da esquina, porque o meu filho está no meio? E comprar aparelhos e eletroeletrônicos da mão terceiros e com preços 70% menores que os do mercado? Tudo isso continua acontecendo?

E falsificar carteirinhas e passes para entrar em transporte universitário, cinema, clubes etc., continua? E corromper o policial que me aborda quando eu estou todo errado? E vistoriar o carro sem levá-lo na vistoria? E comer os alimentos guardados na geladeira do meu trabalho sabendo que eles não me pertencem? E contar mentira a cada eleição? E prometer o que não é possível cumprir? E iludir, sobretudo os mais pobres? E colocar dificuldade para vender facilidade? E fazer política em porta de hospital, funerária e delegacia? Será que isso tudo continua?

É... Eu não vou continuar perguntando, porque a única coisa que eu sei é que não podemos continuar sendo hipócritas, uma vez que a corrupção que combatemos não nasce em Brasília, mas no seio da sociedade. Eu vejo uma classe política putrefata, percebo que o impeachment é trocar seis por meia dúzia, mas esse apodrecimento começa quando o político ainda é eleitor. O que acontece é que o político leva para os cargos que ocupa, os maus hábitos da sua vida comum.

Eu vejo muita gente concentrada na corrupção de Brasília por duas simples razões: por não ter coragem de se concentrar na corrupção praticada pelos governantes da cidade em que ele vive e/ou porque não entenderam ser a cidade o nascedouro desses problemas. Nós não moramos em Brasília, mas em Rio Bonito, Tanguá, Silva jardim, Itaboraí, Maricá, Niterói, São Gonçalo, Saquarema, Araruama etc. Se não começarmos a combater a corrupção em nossas cidades, em nossas casas, em nossos bairros, esse baita movimento de hoje, ruas cheias de verde e amarelo, gente mobilizada e qualquer outro movimento futuro; será tudo em vão e um grande picadeiro, onde os palhaços somos nós. #flavioazevedo

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