segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sobrevivente de desastre ferroviário em Tanguá, em 1950, conta como escapou

Flávio Azevedo 
Esse é o tio Izequias, irmão de papai. Aos 84 anos, esse meu tio tem muitas histórias para contar. Morador de Tanguá há 42 anos, nessa sexta-feira (13/11), eu estive em sua casa para um papo e aproveitei para registrar, numa entrevista, um fato histórico e trágico que aconteceu em 1950: a queda da ponte ferroviária de Tanguá, que foi levada pela força das águas do Rio Tanguá, que subiu consideravelmente o nível das águas.

Segundo o tio Izequias, a queda do trem aconteceu por volta de 1h30min da madrugada de uma sexta-feira da Paixão. Muitos dormiam. Ele conta que viajava numa das últimas composições, o que foi fundamental para a sua sobrevivência, uma vez que os primeiros vagões afundaram nas águas enfurecidas do rio.
– O nível do rio subiu tanto, que encobriu os canaviais que margeavam o rio. As mães olhavam pela janela do trem, viam o chão amarelado e pensavam que era a areia da margem do rio e pulavam e jogam os filhos pela janela do trem. O problema é que não era areia, mas a água do rio, e as crianças e pessoas eram lançadas para a morte – narra tio Izequias.

O nosso entrevistado, que é motorista aposentado, conta que nesse tempo estava no quartel. Nesse tempo ele tinha apenas 19 anos e aproveitou o período de Semana Santa para visitar a família, que morava em Rio Bonito, na Serra do Sambê.
– O trem saía de Barão de Mauá, mas fazia uma escala em Visconde de Itaboraí. Nessa mudança, algumas composições eram acrescidas e os vagões que vinham de Barão de Mauá ficavam no fim da fila, o que contribuiu para que eu estivesse nos vagões que não caíram no rio e eu pude sobreviver – narra o aposentado, acrescentando que quase todos os passageiros morreram, inclusive, uma família tanguaense, que havia embarcado na estação de Tanguá. “Muitos morreram afogados e outras morreram esmagados entre os vagões, porque naquele tempo era comum os passageiros viajarem no estribo do trem”.

Na oportunidade ele também falou um pouco sobre Tanguá, que nesse dia 15 de novembro completa 20 anos de emancipação politico administrativa do município. A entrevista será disponibilizada em breve na minha página no Facebook e no canal do YouTube do jornal O Tempo. 

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