segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Preconceito e discriminação...

Flávio Azevedo 
"No nosso país, o preconceito está presente no momento em que saímos de casa", disse Taís Araújo em recente entrevista ao ser perguntada sobre preconceito.
Quando a jornalista Maria Júlia Coutinho foi alvo de comentários racistas na grande rede eu preferi não dizer nada. Não demorou muito e nova vítima: a atriz, Taís Araújo, vítima de igual discriminação. Mas por que isso acontece em nosso país? Estamos falando do território do planeta onde mais houve mistura étnica, um país apontado pela antropologia (Roberto Damatta) como “colcha de retalhos”, exatamente por conta da miscigenação de povos... E ainda vemos esse tipo de coisa acontecendo, por quê?

Nesse momento eu creio que é salutar observar os Estados Unidos da América (EUA), hoje, comandado por um negro, porém, um dos territórios onde mais existe preconceito, sobretudo em relação a essa questão de cor da pele. Nos EUA existem escolas para negros, escolas para brancos. Não é segredo a existência dos bairros para negros, por exemplo, o Harlen. Por lá também tem o bairro chinês (Chinatown); o italiano, Little Italy; o Koreatown, destinado aos coreanos; e até o Little Brazil, destinado aos brasileiros.

Nos EUA, o preconceito contra os negros é percebido até nos heróis dos quadrinhos. A discriminação nos EUA e no Brasil é igual, com uma única e grande diferença: o estadunidense assume e reconhece que é preconceituoso. Já no território tupiniquim, as pessoas são levadas a apresentar uma tolerância cínica que no fundo não existe. O resultado são essas manifestações discriminatórias e sem rosto contra personalidades de cor negra. A mídia parece esquecer que os negros constantemente são discriminados em todos os cantos do Brasil, mas a ação só gera manchete quando os famosos são alvo dessa intolerância.
A jornalista Maria Júlia Coutinho é a garota do tempo do Jornal Nacional.
O que poucos escrevem, logicamente para evitar polêmica, é sobre o preconceito que atinge os negros, mas que parte do próprio negro. Ou você não notou que a maior parte dos negros que ganha fama, dinheiro e posição social logo descola uma loira? E as negras que gastam fábulas de dinheiro para alisar os cabelos? E as correções estéticas para atenuar os traços afros? Isso é o que? Essa é a diferença entre EUA e Brasil.

No Tio Sam, a discriminação é condenada, mas existe o reconhecimento de que isso é cultural do estadunidense. Aqui, porém, o que existe é um cinismo que camufla o fato de que somos discriminadores e preconceituosos. Caso as manifestações sejam no campo do mercado (beleza e estética) aí mesmo que todos ficam quietinhos. A verdade é que precisamos evoluir e promover um debate despido de vaidades e sem compromissos com setores do mercado. Quando isso acontecer o cinismo acaba e a conscientização começa.

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