sexta-feira, 19 de junho de 2015

Democracia...

Flávio Azevedo 

Uma noite que entra para a história de Rio Bonito como um claro movimento de que a nossa cidade tem jeito quando existe união, maturidade, respeito, instituições fortes, comprometimento, ideal, ações pensadas com cautela e frieza, pensamento coletivo... Enfim, nesse dia 18 de junho de 2015, nós acompanhamos o que é Democracia. Mas isso não se deve apenas por conta dos vereadores e suas atuações, porque a presença maciça dos profissionais de Educação, que há semanas não arredam pé do plenário da Casa Legislativa, foi fundamental.

Acontece, que depois de ter aprovado uma Lei que beneficia os profissionais de Educação, os vereadores viram essa Lei ser parcialmente vetada pelo poder Executivo, que se por um lado não abre mão dos seus excessos; por outro, não quer admitir que o funcionalismo público municipal, nesse caso a categoria da Educação, precisa ser valorizado e cansou de ser ludibriado, desrespeitado, mal remunerado e, sobretudo, usado como massa de manobra.

Os vereadores de Rio Bonito, como nos melhores parlamentos do mundo, hoje, se apresentaram como donos dos seus mandatos e se portaram como representantes do povo. Todavia, não podemos elogiar apenas os vereadores, quando profissionais de Educação em estágio probatório deixaram de lado a condição de iniciantes, para bater de frente com um sistema arcaico, viciado, ultrapassado e traiçoeiro.

Estamos falando de um sistema que habitualmente impõe dificuldade para vender facilidade. Não podemos deixar de exaltar também, aqueles profissionais que há cerca de 30 anos lutam por melhorias. Estamos falando de gente que já havia entregado os pontos, mas decidiu reunir as últimas gotas de esperança na luta pelos seus direitos, negados há tantos anos.

Diante de um plenário lotado de profissionais de Educação, o presidente da Casa Legislativa, vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB), logo na abertura dos trabalhos dá a notícia de que a Lei nº 30 que beneficia os profissionais de Educação seria promulgada pelo poder Legislativo, uma vez que o poder Executivo não sancionou a Lei depois que foi aprovada pelos parlamentares no último dia 19 de maio.

No entendimento do Executivo, para receber os benefícios aprovados na Lei nº 30, os profissionais precisam oferecer 80 contribuições ao Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Rio Bonito (Iprevirb). O argumento é de que sem as referidas contribuições, que dividas em meses representa seis anos seis meses, o profissional pode até migrar para a inatividade, mas o salário não será calculado sob a nova Lei. O entendimento de algumas correntes, inclusive, da vereadora Rita de Cássia, é de que essa regulamentação fere a Constituição Federal Brasileira. Os representantes do Sindicado Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) tem entendimento similar.

A decisão firme e independente do parlamento deixou eufóricos os profissionais de Educação presentes na Câmara de Vereadores. Encerrada a seção, eles celebraram a vitória nessa etapa da luta e alguns chegaram a chorar. A professora, Renata Borba, usando da palavra, pede que a prefeita não ingresse na Justiça e convida os profissionais a rezarem para que o coração da chefe do poder Executivo seja tocado e o benefício aprovado pelos vereadores seja dado aos profissionais de Educação.

A aula de democracia presenciada no parlamento de Rio Bonito, hoje, além de entrar para a história, mostra que as pessoas começam a entender a importância das instituições, dos Sindicatos, da união na busca por um ideal, da uniformidade das ações, do pensamento coletivo, entre outras coisas que podemos classificar como evolução, uma vez a mobilização dos profissionais de Educação chega com cerca de 20 anos de atraso.

Concluo, destacando que ao contrário do que alguns dizem, houve sim mobilização durante a gestão do ex-prefeito José Luiz Antunes (2005/2012) e nos dois primeiros mandatos da atual prefeita (1997/2004). Todavia, por uma série de questões nunca se chegou a um conflito como esse que vemos hoje. Em minha modesta opinião, a greve transcende a pauta de reivindicações da categoria e sinaliza insatisfação popular com a classe política de maneira geral.

Rio Bonito não será a mesma depois dessa greve. A partir de hoje estão mudados, os profissionais de Educação; os próprios vereadores; e até quem acompanhou, de perto ou de longe, a queda de braço entre setores e poderes, um exercício de musculação que serve para amadurecer e fortalecer a Democracia e sua essência, que e a participação, o engajamento e a perseverança.

Parabéns a todos os envolvidos nessa batalha e que o poder Executivo aproveite a oportunidade de escrever o seu nome na história positiva de Rio Bonito.



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