quinta-feira, 23 de abril de 2015

Ainda sobre o Hospital Regional Darcy Vargas

Flávio Azevedo 
Algumas pessoas ainda incorrem no mesmo erro de achar que o Hospital Darcy Vargas é público. Acrescento que a responsabilidade de mantê-lo é de todos nós, porque essa instituição é da sociedade riobonitense. Sim amigo, o hospital não é da Prefeitura como muitos pensam. A Prefeitura é apenas um cliente que contrata os serviços do hospital e como todo e qualquer cliente tem que pagar pelos serviços contratados. É um negócio como outro qualquer. Uma relação comercial. Simples assim.

O problema é que ciente de que é o maior cliente do hospital, a Prefeitura quer ter privilégios que a instituição não permite e não concorda. E não estou falando de governante, eu estou falando de governo. Tanto é assim, que todos os governos têm quedas de braço com a direção do hospital. O hospital não é uma extensão da casa do governante e não é uma extensão da Prefeitura.

Vale lembrar que o hospital não tem dono, um proprietário, mas alguém que preside pelo período de um ano as ações que a instituição irá realizar em nome de um colegiado de sócios. Os últimos dois prefeitos de Rio Bonito (esses que se revezam no poder) são sócios do hospital. Tem eleição no hospital todo ano. Sendo assim, por que não se organizam para de maneira clara colocar na direção do hospital, pessoas ligadas a eles?

Reclama-se muito que a direção do hospital age por debaixo dos panos. O problema é que quem deseja tirá-los também age por debaixo dos panos. Sendo assim, os associados não conseguem ver diferença entre quem deveria sair e quem pretende entrar. Resultado: votam pela manutenção do que está, porque “nada está tão ruim que não possa piorar”. Essa é a lógica!

Permita-me alongar só mais um pouco, para lembrar que é assim, porque o hospital nasceu assim. Há cerca de 70 anos, os riobonitenses foram aos governos, Estadual e Federal, pedir um hospital na cidade. Diante da resposta negativa, os riobonitenses decidiram construir essa entidade. É claro que teve dinheiro público nisso, o ex-prefeito Celso Peçanha, por exemplo, ajudou muito e foi um entusiasta dessa ideia de Rio Bonito ter um hospital. Mas a sociedade sempre comandou o hospital.

Os anos eram outros, as normas e responsabilidades técnicas de cada profissão eram outras. O hospital funcionava com médico e atendente de enfermagem, que revezavam com as copeiras, a atribuição de serviços gerais. Era um modelo bem artesanal. Quase um hospital de campanha. Mas como eu disse, os tempos mudaram.

Com o passar dos anos, as pessoas passaram a ser remuneradas. Com o crescimento da cidade, o hospital também cresceu; e aos trancos e barrancos, chegou onde está. Todos, todos os presidentes que passaram pela instituição foram acusados e questionados de uma porção de coisa, mas todos deram contribuição importante para o hospital.

A dita “panela” que existe no hospital, não podemos reclamar, porque Rio Bonito é uma grande “panela” e se divide em “panelas” menores. Todas as entidades, associações e clubes de Rio Bonito são regidos pela lógica da “panela”. Historicamente, Rio Bonito é uma sociedade fechada e em alguns momentos lembra a Índia e o seu sistema de “castas”. Podemos até reclamar, não querer assumir isso, mas é cultural nosso.

E esse questionado comportamento (“panela”) não trás somente prejuízos. Sermos uma sociedade fechada também trás benefícios, sobretudo na qualidade de vida e na manutenção das nossas raízes, o que nos permite ter uma identidade.

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