sexta-feira, 13 de março de 2015

As práticas erradas que a sociedade acaricia provocam a crise que atinge o Brasil

Flávio Azevedo 
Tenho visto muita gente preocupada com o momento político e social do Brasil. “Estamos numa profunda crise constitucional”; “tragam de volta a ditadura”; “vamos pedir o impeachment da presidente”... Essas são algumas das soluções e conclusões que vemos na mídia e a cada esquina. E não é nada disso! A verdade é que estamos dentro de um divisor de águas, uma encruzilhada... Ou seguimos o caminho da civilidade e da responsabilidade social para alcançarmos o patamar de nação forte e progressista; ou continuamos seguindo os caminhos da corrupção e da impunidade que nos mantém na escala de país subdesenvolvido.

Poucos percebem que o sistema corrupto que criticamos se sustenta no tripé da ausência de cidadania, falta de Educação e despreocupação com os valores. Uma vez baseado nesse tripé, o sistema é irrigado pela falta de bom senso e pelo egoísmo. Desculpem os amigos, mas a classe política não está sozinha nesse mar de lama e nos episódios de corrupção... O pecado dela é o oportunismo, porque a classe política se apropria da ignorância, da preguiça e da frouxidão do povo para vender facilidade ou trocar a facilidade pelo voto.

O momento não é de crise, mas de reflexão, porque a lógica do “eu não tenho nada com isso” não é mais possível. É preciso participar, se envolver, ingressar na política, porque o país não aguenta mais. Ao longo dos últimos 50 anos, a mídia tem criminalizado a política, quando deveria criminalizar criminosos. Mas o medo de ser processado por chamar um bandido de criminoso afoga a indignação popular e dá a ideia de que o crime compensa, porque “tudo sempre acaba em pizza”. Tudo isso acontece porque boa parte da mídia está a serviço de um sistema que objetiva afastar as pessoas “de bem” da vida pública. A questão é que quando “os de bem” se omitem, eles se tornam “coniventes” e a “conivência” torna o inocente culpado.

Não adianta se indignar com os escândalos, porque os bilhões desviados pela classe política não vão apenas para a conta deles. Esses recursos pagam o combustível que o político coloca no nosso carro na época da campanha eleitoral; paga o salário de quem balança bandeira em comício; paga o espaço alugado naquele muro que ganhou a pintura com o nome do político; paga matérias jornalísticas e publicitárias publicadas nos veículos de comunicação; paga a suposta doação de tijolos, areia, dentaduras, exames, consertos da geladeira, cirurgias estéticas, festas de formatura, casamentos e aniversários de 15 anos. Paga o advogado que vai tirar da cadeia, o moleque que foi preso por estar traficando... Enfim, paga os R$ 50,00 ou R$ 100,00 que recebemos em troca do voto a cada eleição...

Portanto amigo, o Brasil vive um divisor de águas, onde o cidadão precisa abrir mão de práticas erradas que todos nós acariciamos. Nessa encruzilhada, ou seguimos a lógica do “ordem e progresso” ou continuamos no sistema “farinha pouca meu pirão primeiro”. Não adianta mudar os nossos representantes políticos, porque eles nos representam, inclusive, nos atos ilícitos. A mudança tem que vir a partir de nós. Mudar está em nossas mãos, mas preferimos votar no corrupto, porque ele não tem puder na hora de oferecer facilidade, fazer promessas mentirosas... E o voto acaba se tornando um investimento e não uma manifestação de vontade. Aí está a essência da mudança!

Para pensar e refletir: será que estamos interessados em abrir mão da nossa zona de conforto, geralmente baseada nas pequenas ilicitudes, para ingressarmos num sistema verdadeiramente igualitário e correto? Eu tenho as minhas dúvidas...

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