segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

População de Rio Bonito reclama falta d’água e CEDAE culpa estiagem e cobra uso consciente do produto

Flávio Azevedo 
No último mês de novembro, o chefe do núcleo local da CEDAE, Miguel Rinaldi (E) esteve no programa Flávio Azevedo onde concedeu entrevista sobre a questão da água.
A falta d’água atinge Rio Bonito de uma forma que nunca se viu. Sem as tradicionais e costumeiras chuvas de verão, a chefia do núcleo da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) diz que a responsabilidade pela falta d’água é da estiagem. Tecnicamente a argumentação é de que as altas temperaturas fazem o consumo aumentar. Por outro lado, o calor e a falta de chuvas causam a diminuição da produtividade dos mananciais. Acrescente a isso, o comportamento do brasileiro, sobretudo o nativo da Região Sudeste, que ainda não sabe utilizar a água de maneira consciente e responsável. Em participação num debate promovido no Facebook, o chefe do núcleo da CEDAE, Miguel Rinaldi, fala sobre os prejuízos da estiagem; reconhece que tem dificuldade para abastecer determinados bairros; e pede que a população economize água.
– Estamos vivendo uma situação atípica. Um verão com altíssimas temperaturas e sem chuvas! Várias cidades estão sofrendo. Para você ter uma ideia precisamos de 150 litros de água por segundo para abastecer a cidade e estamos com apenas com 110 litros, às vezes 115. Não temos como aumentar a produção. Precisamos de chuva e da colaboração dos moradores! Estamos fazendo manobras para amenizar esse sofrimento. Estou há oito anos à frente da CEDAE de Rio Bonito e até então nunca havia vivenciado essa situação – discorreu Rinaldi.

O chefe da local da CEDAE acrescentou que a produção de água tratada trabalha 24 horas e faz uma colocação preocupante: “está faltando água bruta para tratarmos”. Ele afirma que a vazão da Serra do Sambe caiu demais e o rio Bacaxá, em Lavras, está uma lâmina de água. “Eu tenho três bombas lá jogando água para estação, mas não está dando vazão”. Na oportunidade, ele apela para que a população “economize”. Ainda segundo Rinaldi, “o riobonitense não está acostumado a essa situação, mas o consumo diário de cada pessoa está chegando aos cerca de 300 litros de água, um consumo muito alto”.

Novos pontos de captação 
As antigas e caudalosas cachoeiras de Rio Bonito, como essa que vemos na imagem, localizada em Tomascar, por conta da estiagem estão com o volume de água cada vez menor.
Questionado sobre outros pontos de captação, pelos menos nesse tempo de estiagem, por exemplo, a água do Parque da Caixa D’Água e a Biquinha da Bela Vista, o chefe do núcleo da CEDAE afirma esses pontos não suportariam a captação. “Se eu colocar um tubo de 300 mm na biquinha e jogar para estação, ela seca, não tem recuperação, e assim aconteceria com outros mananciais. Precisamos de um manancial com volume e capacidade natural de recuperação. Estamos pensando, em médio prazo, captarmos água no rio São João ou até da Lagoa de Juturnaíba, numa distancia em adução de quase 40 km. Aí acredito num futuro hídrico melhor”, ponderou Rinaldi.

Quanto aos investimentos e avanços que se espera da CEDAE, Miguel Rinaldi lembra que ele é feito pelo corpo técnico e pela diretoria da Cedae. “Nós do núcleo de Rio Bonito não temos essa autonomia”. Ainda segundo Rinaldi, ele está preparando um relatório minucioso sobre cada dia da crise de falta d’água para ser enviado à direção da CEDAE.
– Hoje, eu preciso de 45 litros por segundo a mais de água. Para você ter uma ideia para abastecer o bairro do Basílio todo, eu preciso de oito litros de água por segundo, então como eu tenho uma vazão hoje de 110 litros por segundo e estou precisando de 45, eu tenho quase seis bairros do porte do Basílio a menos de água. Gastaríamos recursos, mas não teríamos o resultado esperado, porque a vazão desses mananciais sugeridos (Biquinha e Caixa D’Água) diminui a cada dia por conta da falta de chuvas – analisa Rinaldi, acrescentando que “nunca rezei tanto pedindo chuva, o que realmente nós precisamos para aumentar a vazão da Serra do Sambe”.

Indignação 
No local onde uma moradora flagrou o desperdício de água é um ponto de abastecimento e caminhões pipas e do Corpo de Bombeiros. 
Com toda reclamação de falta d’água gerou indignação um vídeo da água sendo desperdiçada na sede da própria CEDAE. O vídeo, gravado na madrugada do dia 17 de janeiro e postado no Facebook, mostrava a borracha que abastece os caminhões pipa e carros do Corpo de Bombeiros, vazando água. Questionado sobre o assunto, Miguel Rinaldi explicou que é costume deixar o acesso a “tomada” (registro para abrir e fechar) franqueado, “mas algum irresponsável deixou aberto”. Também indignado com o que aconteceu, o chefe da CEDAE pediu desculpas a população e garantiu que a partir da próxima segunda-feira (19/01) o acesso seria restrito aos homens do Corpo de Bombeiros.
– Já vi que não posso confiar em ninguém e infelizmente terei que colocar cadeados e correntes nos horários fora do nosso expediente comercial. Algum carro pipa chegou para abastecer e não devia ter água na tomada, aí esse irresponsável, que deveria ter fechado o registro, não fechou. Quando a água retornou, deveria ser fora do horário de expediente, e ficou jogando fora por algum tempo. Às vezes deixava a tomada liberada porque o carro dos bombeiros já abasteceram várias vezes à noite e de madrugada, como foi no caso do incêndio da Nutriara. Eu acho de muita má fé tentar desfazer todo um trabalho de tantos anos por instantes de falha. Quero pedir desculpas mais uma vez ao povo de Rio Bonito. Isso que aparece no vídeo não é uma constante. Aconteceu uma vez em oito anos que estou à frente da CEDAE – justificou.

Bairros periféricos comprometidos 
No pitoresco Parque da Caixa D'Água, o volume de água nas piscinas naturais já não é o mesmo de outrora. O local passa por uma reforma, mas o volume de água é muito inferior ao que era visto recentemente.
O chefe do núcleo local da CEDAE acrescenta que está com dificuldade de abastecer bairros que estão localizados em “pontas de rede” e imóveis que são sobrados e não tem cisternas. Ele acrescenta que o Green Valley tem recebido água dia sim, dia não e reconhece que abastecer o Rio Vermelho é um grande desafio. “Mas estou trabalhando para resolver com o aumento da capacidade da bomba do Rio do Ouro para pressurizar a rede e melhorar o abastecimento para esses dois bairros”. Quanto ao bairro Monteiro Lobato, o BNH, ele acrescenta que o problema consiste no fato de não ter sido a CEDAE que fez a rede da localidade.
– Outra dificuldade desse bairro é que as casas em sua maioria não têm reservatórios dimensionados pela Cedae! As travessas 06, 07, 08, e 09; estão sofrendo. Estou estudando uma forma de reforçar essa manobra, mas para piorar a maioria das casas são de dois pavimentos e sem cisterna – destaca Rinaldi, acrescentando que “a cisterna se tornou um instrumento tão importante quanto a própria caixa d’água, “porque a água chega no baixo, mas por estar com pouca pressão, ela não sobe até a cisterna, que fica, geralmente, no segundo ou até no terceiro pavimento”.

Quanto ao Basílio e localidades adjacentes, ele comenta que a água do salto está bem reduzida e o consumo muito elevado! Ele acrescenta que o Basílio é um dos bairros com maior índice de desperdício e, por isso, ele pede que a população economize.
– Peço que os moradores do Basílio e bairros próximos coloquem boias nas caixas d’água. Para a população em geral o meu apelo é que não troque água das piscinas; peço que as agências de carro não lavem os carros; que as empregadas domésticas e donas de casa não empurrem os lixos com jatos de água; e que as pessoas construam cisternas em suas casas, porque a água é uma responsabilidade de todos nós – apela.

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