sábado, 12 de julho de 2014

Quarto lugar para Seleção Brasileira na Copa 2014 ficou de ótimo tamanho

Flávio Azevedo 
A Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo em 2014 ficou num honroso quarto lugar. Chororô a parte, perder de 7x1 para a Alemanha é uma aberração, mas esse grupo não poderia ficar numa colocação melhor. O que precisa ser repensado é a origem do futebol brasileiro, que está carente de craques, sobretudo de meias que encantam os nossos olhos. Depois de Zico, não existiu outro meia diferenciado. Tivemos bons jogadores, mas nada diferente. No ataque, por conta da necessidade de formar jogadores “tipo exportação” (porque o objetivo das peneiras é vender atletas para clubes europeus), depois do baixinho Romário só tivemos um Ronaldo e nada mais.

Se conseguirmos deixar a paixão clubistica de lado, nós conseguiremos ver que nenhum atacante do futebol brasileiro, hoje, é muito superior ao Fred. Pode ser que tenhamos algum jogador em melhor momento técnico, mas não melhor em talento. O novato Neymar teve grande responsabilidade em ter que carregar sozinho, e ainda adquirindo experiência (é um menino de apenas 22 anos), essa geração que não tem a qualidade que se espera do jogador brasileiro.

A verdade é que a última geração que encantou e representou o futebol brasileiro foi a Seleção de 1982. De lá para cá nós viemos na decrescente. Contudo, essa geração que encantou o mundo não conquistou o título mundial. Aquele grupo sucumbiu diante de uma Itália em dia de graça. Quatro anos depois, os remanescentes daquele grupo ficaram nos pênaltis diante da França. Em 1990, a boa seleção também era muito questionada e caiu nas oitavas de final diante da Argentina.

Em 1994 e 2002, o Brasil foi campeão, mas essas equipes campeãs estiveram longe de apresentar o brilhantismo e o bom futebol do escrete de 1982. Em 1994 contamos com o diferenciado Romário. Em 2002, com um predestinado Ronaldo. Em 1998, 2006 e 2010, mais do mesmo. De 1990 para cá, as nossas atuações, com raríssimas exceções, estiveram à conta do chá. Em 1994 vencemos a Itália nos pênaltis. Em 2002, o título veio num dia em que tudo deu certo para o Brasil, como tudo deu certo para eles no vexatório 7x1 de 2014.

Nesses 30 anos, de 1982 até aqui, a qualidade do futebol brasileiro caiu. É logico que nos tornamos mais competitivos, porque as equipes brasileiras, nesse tempo, conquistaram Copas Libertadores, Mundiais de Clubes, Copas Américas, Copas das Confederações, mas com atuações comuns. Se existe algo a se destacar, apenas a dupla, Thiago Silva e David Luiz, que teve atuações ofuscadas pelo mau desempenho dos colegas e esquema tático escolhido pelo treinador.

Mas o que queremos? Conquistas ou belo futebol? Analisando a evolução das demais seleções, a organização do futebol brasileiro e o nascedouro do jogador brasileiro, o melhor a fazer é nos conformarmos com a realidade do quarto lugar. É claro que seremos campeões no futuro, mas nunca com a soberania de outrora. Será sempre na conta do chá, como foi diante da Croácia, do México (que empatamos), do Chile e da Colômbia.

Ficar em quarto lugar com esse grupo mediano que disputou a Copa de 2014 está de bom tamanho e pode ser que, trocando a comissão técnica ou não, esse lugar se mantenha na próxima Copa (Rússia em 2018). É possível, inclusive, que esse modesta colocação só tenha acontecido porque a Copa foi no Brasil. Jogando fora de casa, o vexame poderia ser pior e diante para uma seleção inexpressiva.

Tudo precisa ser repensado, analisado e mesmo que haja mudanças acertadas, elas só serão percebidas em longuíssimo prazo. Concluímos destacando que a FIFA tem provado ser uma máfia. Como bem disse o ex-jogador, Romário, "a CBF é uma entidade dominada por quadrilheiros". Nas Federações, o cenário não é diferente. E nas ligas municipais, como presenciamos em Rio Bonito, o futebol deu lugar a desavenças e politicagem. Ou seja, ficar em quarto lugar está ou não está de bom tamanho?

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