terça-feira, 8 de julho de 2014

Polêmicas relacionadas ao custeio da Marcha Para Jesus não tira brilho do evento

Paula Brito 
Apesar das polêmicas em torno da verba de R$60 mil, aprovada pela Câmara de Vereadores, para a realização da Marcha pra Jesus. O evento aconteceu no último dia 21 e contou com cerca de cinco mil pessoas no Centro de Rio Bonito. A marcha teve o apoio de 20 pastores evangélicos do município e contou com os shows dos cantores Alex e Alex, Fabi, Perlla, Gisele Nascimento e PG. A Marcha teve início às 18h na Avenida Sete de Maio, de onde os participantes saíram em direção a Praça Fonseca Portela. Acompanhados de um trio elétrico e um trenzinho que trazia personagens bíblicos em formato de bonecos, os evangélicos cantaram e dançaram pelas ruas da cidade.

O show teve um atraso de 1h30, e nem a chuva foi capaz de desanimar os evangélicos que aguardavam. Os problemas na aparelhagem de som fizeram com que o show da cantora Fabi fosse interrompido algumas vezes, mas o público presente continuou prestigiando a artista. Os cantores Alex e Alex levaram canções de adoração e testemunhos de vida. A ex-funkeira Perlla animou a todos e ainda convidou uma riobonitense para subir ao palco e cantar junto dela. Gisele Nascimento, em parceria com Perlla, fez uma homenagem aos esposos que as acompanhavam. O momento de carinho foi seguido de canções clássicas das igrejas.

A cantora Perlla.
Apesar do tempo ruim, o show do cantor PG, ex vocalista da banda Oficina G3, foi a grande atração. Mesmo debaixo de forte chuva, todos participaram do lançamento do novo CD do cantor "Foi lindo, eu estou muito feliz! É sempre bom voltar a Rio Bonito, pretendo voltar em breve. Uma pena que começou a chover e nós tivemos que encurtar o show, mas tenho certeza que Deus operou poderosamente no coração de todos que aqui estiveram", afirmou o cantor.

Desabafo

Presidente da Unipas, Rodrigo Salazar
Durante o culto, o presidente da União de Pastores (UNIPAS), afirmou ter dispensado a verba liberada pela Câmara por conta das polêmicas e decidiu organizar o evento apenas com patrocínios de empresários locais. Rodrigo Salazar aproveitou o espaço para fazer um discurso sobre o uso do dinheiro público e a necessidade do retorno de impostos como iniciativas socioculturais. Falou sobre as críticas ao evento nas redes sociais e o uso do dinheiro público em eventos como o carnaval. Criticou ideologias de partidos políticos como o PPS e o PT e afirmou ter apresentado um projeto de lei para que a Marcha também se torne um evento cultural.
– Quem tem coragem de criticar um evento abençoado como esse, pra mim, não serve nem pra ser síndico. Fulaninho fica postando versículo em rede social, falando mal do povo de Deus, mas no fim de semana está no bar. Os cantores evangélicos também precisam receber para estarem aqui. Os valores são determinados a partir dos níveis, assim como o salário de um político ou de um secretário. Mas nós não iremos à rede social, ou em lugar nenhum para nos defender. Nós, pastores aqui presentes, temos um papel social muito importante, nos nossos altares ensinamos as pessoas a cumprirem seus deveres com Deus e com o estado. Nenhum pastor aqui precisa de dinheiro de governo, nós estamos apenas lutando por um direito que é nosso, o de ter o retorno dos impostos que pagamos todos os dias. Nós não somos cidadãos de quinta categoria. Nos últimos três meses meteram o pau nesse evento, devido a isso achamos mais prudente não receber a verba da Câmara, mesmo assim conseguimos trazer artistas maravilhosos para o nosso culto. Hoje eu venho aqui afirmar que já apresentei um projeto de Lei que visa transformar a Marcha pra Jesus num evento cultural, espero que esse evento aconteça por muitos anos em nossa cidade. Independente das pessoas que criticam uma festa tão linda como essa – discursou.
PG, ex-vocalista da banda Oficina G3 foi uma das atrações do evento.
O evento recebeu apoio da prefeitura, com relação a Som, Iluminação e Trio Elétrico. Rodrigo aproveitou para agradecer aos patrocinadores e ao apoio da Prefeitura. “Apesar de todas as dificuldades, foi um culto de grande sucesso. Conseguimos reunir todo o povo de Deus aqui nessa praça, para anunciar as boas novas e falar do amor de Cristo. Quero agradecer aos pastores que estiveram sempre juntos, a prefeitura que nos ajudou com toda a estrutura do evento, e principalmente aos servos de Deus que mesmo com o atraso e a chuva, estavam aqui firmes e fortes adorando àquele que é digno. Esse sempre foi o nosso objetivo, a unidade dos filhos de Deus em detrimento do mal. Esse evento só nos trouxe benefícios, independente de qualquer coisa”, finalizou.

Polêmica

A polêmica sobre o evento surgiu logo após a publicação do texto “Marcha pra Quem?” na última edição do jornal “O TEMPO” (Edição 49) e no Facebook pessoal do editor do jornal. Segundo informações o texto teria sido causador do afastamento do jornalista Flávio Azevedo da Secretaria de Comunicação Social, pasta que era de sua responsabilidade. Em trechos de seu texto, Flávio critica diretamente a subvenção de R$ 60 mil aprovada para o evento, faz reflexões sobre o foco da Marcha e comenta a questão das celebridades do mundo gospel.
“(...) Somos frontalmente contrários a liberação de recursos públicos para qualquer denominação, pelo simples fato de que o louvor é uma oferta voluntária que oferecemos a Deus para retribuir o que Ele fez e faz por nós. Também somos contrários a esse negócio de o sujeito, famoso ou não, só aceitar visitar a igreja que comprar os seus CDs ou DVDs. Também discordamos dos espetáculos promovidos por “cantores e líderes religiosos” que só acontecem quando eles são bem pagos. O problema não é exatamente o dinheiro, mas a forma como ele está sendo arrecadado e empregado. Da maneira que tem sido feito, o louvor fica ofuscado, a adoração fica mascarada e nitidamente a fé esta virando um comércio e bem lucrativo.

O município vai dar R$ 60 mil? Beleza! As igrejas evangélicas – e em Rio Bonito não são poucas – darão quanto? E a comunidade de crentes dará quanto? E o louvor através das ofertas? Não tem? O vereador Marcinho Bocão disse que é preciso trazer um cantor famoso, “que não é barato”, para atrair as pessoas para o evento, “porque senão não vai ninguém”. Mas espera aí... O negócio é “Marcha para Jesus” ou “Marcha para Thales Roberto”? É “Marcha para Jesus” ou “Marcha para Aline Barros”? (...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário