terça-feira, 3 de junho de 2014

Grande público na estreia do novo espetáculo do Lona na Lua

Flávio Azevedo 
Parte do elenco do espetáculo “Minha Casa, Minha Vida”, durante uma das apresentações.
O Programa Minha Casa Minha Vida, projeto de Habitação do governo Federal gerenciado pelo Ministério das Cidades e operacionalizado pela Caixa Econômica Federal, é o pano de fundo do novo espetáculo da trupe do Lona na Lua, movimento cultural liderado pelo ator Zeca Novais. O Lona na Lua completou, no último dia 17 de maio, cinco anos de existência. A lona, que começou itinerante na localidade de Lavras, hoje, está localizada em uma das principais avenidas do município em terreno cedido por empresários simpáticos ao projeto.

Ao longo desse tempo, suor, lágrimas, alegrias e a certeza de estar promovendo cidadania, entretenimento de qualidade e permitindo os jovens e adolescentes que fazem parte do projeto “serem os protagonistas de suas próprias histórias”, como sempre diz Zeca Novais. No palco, uma nova geração de atores substitui os primeiros integrantes. Boa parte se afastou por conta de trabalho, ingresso na faculdade e/ou por que decidiram se dedicar a outros projetos.

Se no primeiro grupo dois ou três atores se destacavam, no atual elenco todos demonstram competência, talento e aptidão para encenar, cantar, dançar e, naturalmente encantar o público, que a cada intervalo aplaude os atores. As personagens principais da estória são Caroba e sua filha Margarida, gente pobre, que vem do Nordeste em busca de um lugar para morar.

Desentendimento entre vizinhos, preconceito, discriminação, críticas ao poder público e ao próprio cidadão, a expectativa das pessoas em relação a vida, os sonhos e projetos das famílias, problemas sociais, falta de energia elétrica, falha no abastecimento de água, são retratos do cotidiano que podem ser percebidos no espetáculo, que nos oito dias que esteve em cartaz atraiu mais de mil pessoas.

Zeca Novais e Flávio Azevedo
No dia 17 de maio, concluído o espetáculo, Zeca Novais entregou um troféu ao jornalista Flávio Azevedo, em homenagem póstuma ao seu pai, o poeta, escritor, músico e letrista, Francisco Azevedo, que faleceu em 18 de abril. “Era uma pessoa que esteve conosco desde o início, participava sempre e não poderíamos deixar de fazer esse registro”. O troféu traz uma foto do poeta tocando bandolim em um dos eventos itinerantes do Lona na Lua.  

Análise crítica

Antigo integrante de movimentos culturais de Rio Bonito, o artista Rafael Cal escreveu em seu Blog, depois de assistir o espetáculo, que “é bom saber que a Lona está lá”. Ele, porém, acrescenta que “não se pode esquecer de todas as dificuldades enfrentadas no caminho e as que ainda virão”. Rafael Cal entende que para a magia do Lona na Lua continuar persistindo a sociedade em todos os seus setores precisa contribuir.
– Não depende do trabalho dos loneiros. Somente com o apoio da comunidade, dos empresários e do poder público, tanto a Prefeitura quanto a Câmara, o projeto continuará dando os frutos que tem dado – analisa Rafael, acrescentando que Rio Bonito está fora do grande centro produtor e consumidor de arte e entretenimento e estar na periferia pode e deve ser a mola propulsora para o fortalecimento do setor. “O fato é que têm que ter apoio, patrocínio, subvenção e casa cheia toda semana”.

O antigo companheiro de Zeca Novais (eram parceiros na antiga CIA interferência Teatral) conclama a população a apoiar o Espaço Cultural Lona na Lua, fazendo do espaço “a casa de todos nós”.
– Que cada um se sinta como parte da Lona. Ela tem sido uma casa dos sonhos por esses cinco anos. Que venham mais cinco, mais dez, mais 50, mais 50 anos de casa cheia e gente sorrindo. Vida longa ao Lona na Lua! – conclui Rafael. 

Cinco anos de conquistas 
O propósito do Lona na Lua é a inclusão social através da arte. A ideia surgiu no tempo que Zeca Novais percorria as escolas de Rio Bonito, em 2007, promovendo oficinas de teatro de forma voluntaria. Em 2009 nasce o projeto social e cultural Lona na Lua numa pequena tenda. O projeto cresceu, apareceu e passou a visitar os bairros do município de forma itinerante.

Em 2010, junto com a Companhia de Teatro Contemporâneo, Zeca conseguiu, através da Lei Rouanet, um recurso da ordem de R$ 180 mil de Furnas Centrais Elétricas para que tornou possível a aquisição da lona azul estrelada que hoje abriga cerca de 300 pessoas. Nesses cinco anos, a trupe do Lona na Lua percorreu vários estados e conquistou dezenas de 20 prêmios em festivais de teatro. As principais peças do grupo são “O Santo e a Porca”, “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “O Bem Amado”, “O Auto da Compadecida”, “Dom Quixote de La Mancha” e o premiadíssimo “Quem Casa Quer Casa”.

Em 2011, a confirmação da importância social do Lona na Lua veio através do Selo Rio Sociocultural do governo do Estado, ficando entre os 10 maiores projetos culturais do Rio de Janeiro. Esse ano, o projeto foi indicado, agora, ao Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro; e pela primeira vez recebeu uma subvenção da Prefeitura Municipal.

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