quinta-feira, 5 de junho de 2014

Banda Maverick comemora 28 anos de estrada e sucesso

Flávio Azevedo 
Eles são iguais ao vinho: quanto mais envelhecem melhor ficam. Os músicos Marcelo Kaus, Dedeco, Ducler e Camilo formam a Banda Maverick, uma das referências de Rio Bonito e região quando o assunto é o “bom e velho Rock ‘n’ Roll”. Depois de 28 anos do primeiro "Rock na Calçada", movimento de resistência que se espelhava em bandas de sucesso da época, ninguém imaginava que eles, 28 anos depois, ainda estivessem tocando com a mesma empolgação. Na segunda metade da década de 90, o músico Camilo Guerreiro passou integrar a banda.

No último dia 30 de maio, o Esporte Clube Fluminense recebeu o primeiro show de uma turnê que deve durar cerca de dois anos. O objetivo é comemorar os 30 anos de carreira da Banda Maverick. A ideia é passar por várias cidades, com cenários diferentes e músicas inéditas. “Vamos fazer um set acústico onde tocaremos bem próximo do público. Teremos muito Beatles, Stones, Janis Joplin e outros clássicos do Rock. Ainda teremos a nossa homenagem ao músico Bira Rasta, falecido no ano passado, e a parceria com o Lona na Lua”.

O líder da banda, Marcelo Kaus, fala sobre os estilos que influenciaram a banda e afirma que “o segredo da longevidade da banda seja a fidelidade ao estilo musical”. Ele também explica como surgiu a Maverick.
– Curtimos esse tipo de música há anos. Crescemos ouvindo rádio e disco de vinil dos anos 60 e 70. Eu tinha nove anos quando John Lennon morreu. O ano era 1980 e o mundo inteiro ficou chocado com aquela perda. Nessa época, junto com o meu irmão Dedeco, eu passei a ouvir muito Beatles. Pouco depois surgiu o interesse pela guitarra e aprendi a tocar. Até que conheci o Ducler, que também era fã dos Beatles. Começamos a tocar em algumas festinhas, a compor as nossas primeiras músicas, e logo depois veio o "Rock na Calçada", que nos projetou ao que somos hoje – comentou.

Lona na Lua e Maverick 
Paixões semelhantes aproximaram Marcelo Kaus e Zeca Novais. “Conheci o Zeca há uns cinco anos, sou grande fã do Lona e Zeca é grande apreciador do Rock‘n’Roll”. Marcelo comenta que a Lona lembra o "Projeto Som & Luz" (projeto que organizava o som na calçada no final da década de 80). “A Lona, porém, é mais organizada, mais estruturada e é um projeto social. Nós éramos apenas um bando de roqueiros que acabaram criando um projeto independente para que todos nós artistas da cidade pudessem se expressar”.

Uma das provas que o projeto Lona na Lua é uma fabrica de talentos é Larissa Moraes. Ela é classificada por Kaus como “menina prodígio”. Segundo ele, “a influência musical da jovem cantora espanta até os velhos dinossauros da Maverick”.
– A ideia inicial era convidá-la para que ela cantasse umas duas músicas no show, mas quando começamos a ensaiar, logo percebemos que poderíamos fazer muito mais, porque com ela conseguimos apresentar canções que ao longo destes quase trinta anos nunca pudemos mostrar ao público – explica Kaus, acrescentando que Larissa chama atenção pela versatilidade.

A ideia era uma participação, mas no dia show Larissa esteve no palco durante todo o evento. “Espero que essa parceria Maverick & Larissa Moraes dure bastante tempo, assim como as nossas contribuições com o Lona na Lua”, comentou Kaus, se referindo a parceria com Zeca Novais e Larissa na trilha sonora do espetáculo “Minha Casa Minha Vida”. Tudo indica que outros projetos surgirão dessa parceria, porque segundo Kaus, “já estamos planejando, ainda para esse ano, outros espetáculos e alguns musicais”.
– Essa é a Cultura que acreditamos, independente, que vem de nossa criatividade, e sem precisar se ajoelhar para as autoridades políticas que depois de dar alguma esmola adoram dizer que criaram isso ou aquilo para a Cultura de nossa cidade. Estaríamos mortos de fome se acreditássemos nessa conversinha – critica Kaus.

“Memória e Cultura” 
Pesquisador da história de Rio Bonito e detentor de um acervo importante da memória de Rio Bonito, Marcelo Kaus afirma que “muito mais difícil do que fazer um show, um espetáculo teatral ou gravar um CD, é preservar a nossa memória”. O músico destaca que a “Cidade Risonha” tem mudado rapidamente.
– Até a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição tem sofrido com a falta de preservação. Junto ao meu amigo Dawson Nascimento estamos, há décadas, reunindo um material histórico sobre Rio Bonito nunca visto antes. Contudo, não temos um lugar descente para deixar esse material para a posteridade. Há algum tempo disseram que o antigo prédio da Delegacia seria o lugar escolhido para ser uma casa de cultura ou uma espécie de “museu” de nossa cidade. Fiquei até feliz, por se tratar de um prédio de 153 anos, mas como pouca gente sabe disso e/ou não se importa, eu já soube que isso não vai mais acontecer – lamenta.

O músico lamenta as perdas do setor cultural de Rio Bonito como Marcos Calil, Mauro Prevot, Raphaela Dias, Francisco Azevedo, “muita gente que deu muito de si pela Cultura da cidade”. Ele acrescenta que “infelizmente não podemos trazê-los de volta, e grande parte de suas obras e sonhos foram sepultados com eles”. Para Kaus, “o sonho de termos uma Casa de Cultura, que realmente funcione, está cada vez mais distante”.
– Temos um orçamento maravilhoso, mas não vai para a Cultura. Eu não sei se é desviado, se vai para outras Secretarias ou se é roubado... Talvez seja melhor não saber. Para as festas da cidade é que não vão, pois o Carnaval e a comemoração pelos 168 anos do município foi um lixo. Essa historinha de valorizar os artistas da cidade é muito antiga. Que me desculpem os meus amigos músicos, muitos dos quais são mais talentosos e mais técnicos que nós, mas eu jamais tocaria nesse manicômio outra vez – conclui.
A BandaMaverick promete dois anos de muitos shows em comemoração aos 30 anos de carreira que se completam em 2016.

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