sábado, 10 de maio de 2014

Rio Bonito pode ter “Associação de Pais” para orientar famílias em situação de risco social

Flávio Azevedo 
Fundar uma “Associação de Pais” que abracem e acolham famílias que estejam enfrentando dificuldades na socialização dos filhos. Os problemas podem ser uma simples rebeldia, o habito “comum” de matar aulas, até situações de maiores riscos, como o envolvimento com a criminalidade, que pode ser como usuário de drogas e/ou associação ao tráfico. Essa foi a principal notícia da última reunião do Comitê Gestor do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas do município de Rio Bonito. Os integrantes do comitê se reuniram no último dia 2 de abril, na sede da Secretaria Municipal Antidrogas (SEMAD).

A pauta do encontro foi “fiscalização” e “insegurança pública”. A reunião contou com a presença de Rosilene Costa, mãe de Davi Júnior, 14 anos, que faleceu vítima de um acidente de trânsito que vitimou fatalmente ele e o adolescente Jesus Emanuel, de 13 anos, no último dia 28 de março, numa tragédia que comoveu Rio Bonito e acendeu o pisca alerta da sociedade, que começou a questionar o volume de vidas (jovens) que estão se perdendo por conta dos mesmos fatores: rebeldia, falta de limites e envolvimento com o traiçoeiro mundo das drogas.
– Não foram poucas as vezes que eu vi meu filho em situações que me deixou em aflição. Conversas no Facebook com conteúdos que eu nunca podia imaginar. Combinações e tratos com colegas que eu percebia ser algo errado... Mas o que fazer? Ligar para a Polícia? Como agir nesses momentos? Essas são perguntas e angustias que pairam na cabeça dos pais que se deparam com filhos nessas condições – comentou Rosilene, que idealizou a “Associação de Pais”, junto com a equipe da SEMAD.

De acordo com o secretário Felippe Bortone, essa pode ser a grande ferramenta que está faltando nessa luta contra as drogas. “Além do trabalho institucional que nós fazemos, essa parceria com a sociedade é muito importante para reforçar esse desafio que é resgatar as pessoas que ingressam nesse caminho tão difícil e de término tão triste”, comentou o secretário.

A reunião contou com a presença do delegado titular da 119ª DP, Carlos Eduardo Almeida, que sobre as drogas, disse ser possível Rio Bonito, “se quiser”, reverter esse quadro que assusta a todos e que vem se agravando. O comandante da Polícia Civil do município destacou que a cidade, “ao contrário de outros centros, se destaca por ter a cocaína como a droga mais consumida em seu território. “O volume de usuários de cocaína é muito maior que vocês imaginam e isso é muito sério”, destacou o delegado, acrescentando que “por outro lado, o uso de crack em Rio Bonito é tão ínfimo que sequer temos registros de usuários e/tráfico dessa droga”.

Uma das funções da “Associação de Pais” que lutarão contra as drogas e o assédio dela sobre as crianças e adolescentes é uma patrulha de mães que visitem as escolas, percorram as praças, para encontrar estudantes matando aulas ou que estejam ociosos nas praças e logradouros públicos.
– Essa supervisão é importante. Eu sou merendeira e sempre, terminada a aula, identifico grupinhos de estudantes que ficam pela rua. Vamos alertar os pais, mostrar essas crianças que elas precisam ir embora para casa, porque eles são alvos dos aliciadores – analisa Rosilene.

Para o policial militar, Elielton Pires, que desenvolve o programa Proerd nas escolas de Rio Bonito e região, “a realidade desse descontrole sobre os jovens passa por dentro de casa”. Ele afirma que “se as famílias continuarem fugindo da responsabilidade delas, os novos rumos que se pretende para as gerações futuras em relação as drogas, dificilmente serão alcançados”.

Também marcou presença na reunião, a comissária do Juizado da Infância e Juventude, Janine Cerqueira. Sobretudo quando se debateu o tema “festas”, que tem como público alvo o público de menor idade e para serem promovidas dependem de autorização do poder público em suas variadas esferas de ação, a coordenadora comentou que existe fiscalização e que outras entidades, entre elas a família também precisa se fazer presente.

Um dos representantes do Conselho Tutelar do município, que também marcou presença no encontro, denunciou um problema que já foi comentado em outros fóruns e reuniões que tratem do assunto “limites para os menores”. Apesar da fiscalização firme sobre o ingresso de menores em determinados eventos, é comum os pais entrarem com eles, deixarem eles no interior da festa e irem embora.

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