segunda-feira, 12 de maio de 2014

Rio Bonito perde o músico, poeta e escritor, Francisco Azevedo

Flávio Azevedo 
Autor de centenas de composições musicais, centenas de poesias, rimas, trovas e estórias variadas, o poeta, escritor, letrista, músico e colunista do jornal “O TEMPO”, Francisco Azevedo, faleceu na manhã do último dia 18 de abril. Aos 68 anos, ele deixa esposa, filhos (o jornalista, Flávio Azevedo; e o diagramador James Azevedo), dois netos, parentes, amigos e milhares de admiradores das suas obras. O sepultamento aconteceu às 17h, do mesmo dia do falecimento, no Cemitério Central de Rio Bonito. Centenas de pessoas compareceram a capela da funerária Santo Antônio para se despedir do poeta.

Embora tenha lançado o seu primeiro livro em 07/07/2011 (Retalhos da Vida), Francisco Azevedo escrevia há muitos anos. Algumas de suas poesias foram compostas ainda na sua juventude (década de 60), quando começava descobriu o talento para a escrita. Mas a sua marca eram as rimas, principal atração do segundo livro, “Histórias e Lendas em Foco”, lançado em 11/09/2012, com 50 estórias rimadas que eram ‘causos’ que a ele foram contados na infância. Ambos os livros foram lançados na Pinacoteca Municipal Antônio Benevides Filho. A primeira obra, a Secretaria Municipal de Educação adquiriu 300 exemplares que foram distribuídos nas escolas da rede.

Outro talento que chamava atenção no artista era a habilidade que ele tinha ao dedilhar o bandolim, um companheiro inseparável que o ajudou a compor algumas das suas dezenas de melodias. Em suas visitas as escolas de Rio Bonito para apresentar o seu livro, o instrumento musical sempre estava com ele e fazia parte das suas apresentações. Tocar o Hino Nacional do palanque oficial num dia 7 de maio foi um dos momentos que mais emocionou o artista. Entrevistado por uma equipe da Secretaria Estadual de Cultura, em 2012, Francisco frisou que com caneta, papel e o seu bandolim ele tinha condições de girar o mundo.

Nascido numa família de músicos, Francisco também tocava violão, guitarra, cavaquinho, contrabaixo, acordeão e as suas composições musicais (95% delas hinos) ultrapassam o número de 100. Membro da Igreja Adventista do 7º Dia desde os 13 anos, sendo filho do fundador da referida denominação em Rio Bonito (Joaquim Azevedo), Francisco Azevedo, ocupou todos os cargos e funções da igreja, a maior delas “Ancião Ordenado”, cargo que só não é mais importante que a função do pastor.

Doença 
Apesar de ser classificado como “curado” de um câncer no intestino que se manifestou em 2000, exames realizados no Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2011, apontaram a existência de um nódulo no fígado do poeta. O médico responsável sugeriu que Francisco ficasse tranquilo, “porque aquilo não era nada”. Ao contrário da previsão do referido profissional, o nódulo evoluiu e a partir de 2013 provocou complicações hepáticas que resultaram em deficiências no sistema circulatório e funções renais.

Exames feitos depois de 2011 também detectaram células cancerígenas na Coluna Cervical do poeta, na altura de L2; e no pulmão. Em julho de 2013 foi feita uma incisão no abdome por uma equipe do INCA. Um dreno foi instalado para saída da bile, que quando não é processada pelo organismo leva o paciente ao óbito por intoxicação. Apesar da força e resistência do escritor, o nódulo se transformou em quatro tumores que praticamente paralisaram o funcionamento do seu fígado.

O quadro clínico do poeta se agravou ainda mais com a infecção abdominal que se instalou, provocada pela incisão para a retirada da bile e a natural queda de imunidade. A fragilidade do fígado impediu qualquer possibilidade cirúrgica e/ou quimioterápica para combater os tumores. Nos últimos dois meses de vida, Francisco passou a conviver com calafrios e tremores, provocados por desequilíbrios e deficiências das principais enzimas do organismo.

Um desses tremores provou a sua internação no Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), na noite do último dia 26 de março. Apesar dos cuidados e atenção oferecidos durante a sua hospitalização, a doença continuou evoluindo. O poeta não sentiu dores, não perdeu a consciência e na tarde do dia 17 de abril, por volta das 17h, perguntado pelo filho, Flávio Azevedo, qual seria a poesia que ele publicaria na próxima edição do jornal “O TEMPO”, ele respondeu: “o poeta está se despedindo meu filho, mas continue publicando as minhas poesias!”.

Na manhã seguinte, às 10h45min, “o poeta se despediu”. O seu corpo não está mais entre nós, mas a sua obra sim. E conforme foi prometido a ele, enquanto o jornal “O TEMPO” circular, as suas obras serão publicadas como forma de amenizar esse grande vazio que a sua ausência provoca na vida da família, dos amigos e admiradores do seu talento.

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