quinta-feira, 10 de abril de 2014

Valeu Fred!

Flávio Azevedo 
Por volta das 18h dessa quinta-feira (10/04), eu conversava com amigos que, diante da precoce eliminação de Flamengo e Botafogo, na Copa Libertadores, mostravam-se céticos ao analisar a classificação do Fluminense para a próxima fase da Copa do Brasil. Pois bem! Nessas conversas eu descobri o episódio da agressão ao atacante da seleção brasileira e do Fluminense, Fred. Segundo os relatos, o atleta foi encurralado e ameaçado por marginais que se dizem torcedores.

Diante desse lamentável episódio, que como disse Fred após o jogo, “são fatos desagradáveis que estão acontecendo em vários clubes do país”, eu faço aqui a minha homenagem ao atacante, que espero estar guardando os seus melhores momentos para a Copa do Mundo.

Também volto a dizer aqui, que esses bandidos travestidos de torcedores deveriam ser banidos do futebol. E juntos com eles os crápulas, travestidos de dirigentes, que bancam esses criminosos. Sim! Esses elementos (bandido/torcedor e crápulas/dirigentes) são criminosos e não fariam falta alguma no mundo dos viventes.

Precisamos aprender a torcer, rivalizar e a entender as derrotas. Qual o problema de ser eliminado pelo Vasco? Seria vergonhoso perder a vaga para o modesto Horizonte, do Ceará? Sim, mas não podemos esquecer que o time cearense é defendido por homens, pessoas trabalhadoras, gente que está ali para dar o seu melhor por aquele clube.

No esporte, uma hora você perde, outra você ganha e em outro momento você empata. O que não cabe, nunca, no esporte é a violência, o preconceito e a safadeza, termo que utilizo para identificar a ação de dirigentes e marginais que se dizem torcedores do Fluminense ou de outro qualquer clube.

Ao nosso capitão Fred, obrigado pelo carinho que demonstrou, no término do jogo de hoje, aos TORCEDORES do Fluminense. E fica aqui o meu recado: ande com seguranças, que eles estejam bem armados, e que usem sem fazer cerimônia os seus os seus instrumentos de trabalho, a hora que esses marginais travestidos de torcedores se aproximarem de você!

E não estou sendo contraditório, porque quando Fred foi abordado pelos marginais, ele estava no seu momento de "cidadão comum". Sendo assim, cabia a ele sim se defender e proteger a sua integridade física e os seus bens.

Manifesto contra as torcidas organizadas
Em entrevista ao Esporte Espetacular do dia 14/04, o atacante Fred se emociona ao falar do momento de oração antes dos jogos contra a violência (Foto: Sidney Garambone).
Após o "recado" dado no último fim de semana - quando um bando de marginais, travestidos de torcedores, foi para a porta das Laranjeiras ameaçar os jogadores do time -, o futebol brasileiro está prestes a viver mais uma tragédia anunciada nesta quinta-feira, caso o Fluminense não elimine o Horizonte pela Copa do Brasil.

Sábado passado, ao sair do meu trabalho, me deparei com cerca de 20 desocupados rodeando meu carro em cima do passeio, praticamente dentro do clube. Os cinco seguranças do time até tentaram conter a fúria desses bandidos… Mas foi em vão! Minha reação, e única defesa, foi acelerar o carro, mesmo correndo o risco de machucar quem estivesse na frente, tendo em vista que começaram a bater no vidro e na lataria do meu veículo. Pra completar, quase provoquei um acidente, pois vinha um caminhão e não vi. Graças a Deus, nada de mais grave aconteceu.

Fui embora indignado, revoltado, pensando se realmente vale a pena tanto esforço e dedicação diários para esse clube que aprendi a respeitar e a gostar. Só no domingo me dei conta de que apenas 20 pessoas (geralmente, as mesmas) estavam matando a minha vontade de dar alegria a milhões de torcedores de verdade, aqueles que vibram com as conquistas e sofrem com as derrotas, mas sem partir pra agressão, pois entendem que nem sempre é possível vencer. Em 2011, vivi uma situação parecida aqui mesmo no Fluminense e, desde então, optei por não aceitar esse tipo de intimidação.

Esse bando de à toa deveria se reunir para protestar contra a falta de segurança pública, educação, saneamento básico, saúde… Ameaçar não trabalhadores e pessoas de bem como eu, mas, sim, os políticos COMPROVADAMENTE corruptos. Eles prestariam um serviço muito maior à sociedade. Mas, em vez disso, surgem do nada às 15h30 de uma quinta-feira - como ocorreu na semana passada - para xingar atletas. Isso quando não conseguem o número do telefone dos jogadores e ficam mandando mensagens com ameaças de morte.

Quantos "Kevins" ainda terão de pagar com suas próprias vidas? Quantos centros de treinamentos terão de ser invadidos? Mais quantos inocentes terão de ser espancados até a morte? Ou será que somente quando um jogador for espancado alguma providência mais enérgica e eficaz será tomada contra esses bárbaros? Ficam as perguntas. O esvaziamento dos estádios de futebol não pode ser uma mera coincidência. As bandeiras que antes tremulavam nas arquibancadas hoje se transformaram em armas brancas nas mãos desses bandidos.

Quando a imprensa publica tais atos de agressão e vandalismo cometidos pelas organizadas, essas matérias são exibidas entre elas como troféus e, quem os pratica, são tratados como “heróis” internamente. O enfoque deveria ser outro. É preciso questionar os prós e os contras dessas facções, que exploram de maneira ampla a imagem dos times sem pagar royalties; são as principais responsáveis pelas mortes nos dias de jogos e perdas de mandos de campo por seus times; possuem marginais infiltrados; afastam os verdadeiros torcedores dos estádios; e que, por fim, ganham ingressos e até transporte gratuito das diretorias da maioria dos clubes, que insistem em manter uma relação obscura com esse tipo de organização.

Resumindo, na minha opinião, os integrantes de torcidas organizadas não têm direito sequer de reclamar quando o time perde - tendo em vista que nem ingresso eles pagam -, quanto mais de agredir ou intimidar jogadores. Ser membro de torcida organizada no Brasil já virou profissão, meio de vida. Há casos de presidentes de facções que se elegem ou conseguem cargos políticos.


Lutarei com a arma que tenho. Por isso, a partir de hoje, as comemorações dos meus gols não serão mais para as torcidas organizadas. Meus gols serão dedicados exclusivamente aos verdadeiros torcedores do Fluzão, a não ser que a lei seja mais rigorosa ou os responsáveis por essas facções revejam o papel que elas deveriam exercer, que é apoiar o time do coração incondicionalmente, principalmente nos momentos de dificuldade, pois é quando mais precisamos de incentivo.

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