domingo, 9 de junho de 2013

A política pode ser "grande ou pequena"

Flávio Azevedo

O sociólogo Antonio Gramsci
Outro dia eu disse a um amigo que eu não tenho mais muito que escrever, porque nos últimos seis anos eu abordei todos os assuntos que geram inquietações à sociedade. Esgotei as argumentações, dicas... Bem, sendo assim, eu vou recuperar um texto que escrevi nas primeiras semanas de 2010. O interessante é que três depois, o texto continua atual. Boa leitura!

Francamente, acredito que não é a primeira vez, nem a última, que falarei sobre o conceito de política que era defendido pelo sociólogo italiano Antonio Gramsci. Ele faz uma distinção interessante entre o que chama de GRANDE e PEQUENA política. Para ele, a grande política toma em questão o debate sobre as estruturas sociais. Já a pequena política, Gramsci classifica como a política da intriga, do corredor, as disputas internas pelo poder, que abre mão de debater e discutir, as grandes questões, que são, realmente, de interesse da sociedade (mais tarde eu classificaria isso como “política do varejo”).

À época, estava sendo debatido o orçamento municipal de 2010. Aliás, o chefe do Executivo jogar sobre a Câmara Municipal de Vereadores, a responsabilidade da sua inoperância, não era mais novidade. Isso sem falar nas consecutivas vezes que ele culpava os outros pela sua falta de habilidade no trato com as pessoas. Uma dica prefeito: “esse negócio de conversar em pé”, palavras suas em entrevista concedida ao jornal Gazeta Rio Bonito, pegou muito mal. Dizemos isso, porque esse não é o perfil dos políticos modernos. Tem que se sentar sim e dialogar com simpatizantes e adversários. Alguém que pensa diferente disso, não deveria ingressar na vida pública.

Por outro lado, até quando os vereadores vão ficar jogando palavras ao vento? (aqueles que falam, é claro!). Até quando vão ficar esperando por alguém que durante os últimos cinco anos já deu várias provas que não está interessado em ter uma relação amigável? Os senhores já observaram que só são procurados, quando o prefeito – não o povo – precisa do voto de vocês? Já notaram que depois que a vontade do todo poderoso é satisfeita, ele volta a tratá-los como estorvo, embaraço e atrapalho? Ou vocês ainda acham que isso é coincidência?

Eu tenho ouvido alguns argumentos do tipo, “mas nós só queremos ajudar a administrar o município!”. Senhores vereadores, vocês estão querendo enganar quem? Que utopia é essa?! Às vezes, eu penso que senhores acreditam em Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa, no Peter Pan, na Terra do Nunca e na Branca de Neve com os seus Sete Anões! Os senhores não percebem, que até aqueles que foram convidados pelo prefeito para exercer essa função – os seus secretários – não conseguem obter essa prerrogativa? Vamos deixar um conselho bíblico, que está escrito no Novo Testamento, no livro de Tito, capítulo 3, versos 10: “ao homem herege (incrédulo), depois de uma ou duas admoestações (censura ou correção), deixe-o”. Entenderam, ou tem que desenhar?

Para quem ainda não observou – acho que muita gente! –, o falso slogan “deixa o homem trabalhar” continua sendo utilizado, e sem dúvidas será empregado até as próximas eleições municipais. Enquanto isso, ninguém faz nada para ninguém, porque o Executivo, que “executa” as ações, não está interessado, e o Legislativo, que apenas “pede”, não é atendido. Enquanto isso, o slogan “deixa o homem trabalhar” permanece sendo pregado e adquirindo adeptos pelas esquinas da cidade.

É bom lembrarmos também, que a população desconhece as reais funções do vereador (e ninguém ensina! Cadê a Justiça Eleitoral?). Alguns, inclusive, pensam que o parlamentar manda igual ao prefeito. Entretanto, vale destacar que esse entendimento equivocado acontece por culpa dos próprios vereadores, que quando estão em campanha, prometem mundos e fundos ao eleitorado. Quase sempre, o próprio candidato desconhece a função que vai ocupar. Diga-se de passagem, são figuras que nunca foram à Câmara, mas querem ser vereador!

Por outro lado, estamos falando de uma população egoísta, mesquinha e interesseira, que com raríssimas exceções vota com consciência (a não ser a consciência do que vai fazer com os R$ 50,00 recebidos pelo voto). Devemos destacar também, que isso não tem nada a ver com status social, porque já vimos pessoas que tem um bom poder aquisitivo sair no tapa por benesses políticas, inclusive, emprestar o nome para a prática de coisas ilegais.

Existem, ainda, pessoas de vida simples e humilde, que dão o seu voto àquele que ele acha merecer, e o fazem sem pedir nada em troca. Por esses, eu vou continuar falando, criticando, às vezes, esculhambando, e vez ou outra, sendo até deselegante. Mas quem não negocia os seus princípios, os seus valores e não se vende, sinceramente, merece que nós permaneçamos nessa árdua tarefa... FALAR E ESCREVER!

Aliás, nós torcemos... Pedimos... Imploramos... Aos nossos políticos, que nas próximas entrevistas, os senhores abordem os maus serviços prestados pela Ampla, o abastecimento irregular de água que é feito pela Cedae, a insegurança que nos amedronta, a falta de opções de Esporte, Lazer, Turismo, Cultura e Educação, o salário de fome do servidor, as intermináveis filas dos bancos, as ruas sem iluminação, as valas negras que correm a céu aberto, entre outros debates da política GRANDE. Não precisam parar de discutir a política PEQUENA – isso seria impossível –, mas discutam também a GRANDE, para que todos nós sejamos beneficiados.

OBS: o prefeito era José Luiz Antunes (Mandiocão). Para aqueles que afirmam ser eu partidário dele, esse texto deixa claro esse favorecimento.

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