segunda-feira, 3 de junho de 2013

A oração de uma mãe

A parábola do "Filho Pródigo", história semelhante a essa que postamos, é uma das mais emocionantes e cheias de ensinamentos da Bíblia.
– Alberto, meu filho, aonde vais? Era a voz de uma mãe virtuosa e cristãmente educada que se dirigia ao filho por quem incessantemente orava.
– Que lhe importa isso? Respondeu Alberto, dirigindo-se para a porta.

Desfechando em um pranto de soluços, a mãe lançou-se lhe ao pescoço e disse:
– Não me importa isso, Alberto?
– Não, eu já lhe disse, estou farto de suas orações e dessa importunação contínua: "aonde vais, Alberto?" Vou pelo mundo fora, onde não terei mais de ouvi-las. As suas orações, a senhora pode fazer em favor de outros, quero que me esqueça. Dizendo isto Alberto abriu a porta e dispôs-se a sair.
– Alberto, meu filho, disse-lhe ainda uma vez a mãe, as minhas orações hão de acompanhar-te. Quando estiveres cansado e farto deste mundo, volve e toma pelo caminho de tua mãe. 

Alberto era filho de um lavrador e tinha a idade de vinte anos. Naturalmente exaltado, dera-se ultimamente à bebida, que o levou a tomar aborrecimento à vida solitária dos campos. O pai, conquanto se inquietasse com o procedimento do filho, nunca insistiu com ele a esse respeito. A mãe, porém, carinhosa e terna, buscava por todos os meios chamá-lo ao caminho do bem. Quando Alberto desapareceu, ela se recolheu ao quarto para desafogar diante de Deus o coração opresso.

Decorreram três anos; três anos de uma vida agitada, no meio dos prazeres e seduções de uma grande cidade, e no coração daquele filho só restava ainda um único desejo: o de pôr fim a existência. Envilecido ao ponto de não guardar mais vestígio de sua anterior varonilidade, esmolava de quando em quando para mitigar a fome. Rara vez se lembrava de sua carinhosa mãe. E se nos primeiros meses de sua errática existência, a lembrança da mãe e de suas orações conseguia alguma vez inquietar a sua alma, a voz de sua consciência há muito havia cedido ao peso sufocante das paixões e só muito fracamente ainda se fazia ouvir.

Por uma noite fria de inverno vemo-lo dirigir-se apressadamente na direção de um rio no intuito de atirar-se e pôr assim fim às suas misérias. Ao passar em frente de uma casa de culto, porém, sente-se involuntariamente detido e é impelido a entrar. Um senhor de fisionomia amável e ainda jovem sobe ao estrado. Maviosos acordes enchem o ambiente e uma voz varonil entoa com comovedor acento:
“A voz de sua mãe acaso um filho
Esquecer poderá?
Siga ele embora da maldade o trilho,
Dessa voz, qual de um canto o estribilho,
A prece o seguirá”.

O amor de seu divino Mestre e dos pecadores por quem Ele sofreu, parecia arrebatar de entusiasmo ao jovem cantor que, com enternecimento capaz de fazer vibrar os mais empedernidos corações, entoou a segunda estrofe:
“O olhar de sua mãe acaso um filho
Poderá esquecer?
Esse olhar de que o pranto empana o brilho
Percorre sem cessar o longo trilho
Na ânsia de o rever”.

Nenhuma pena seria capaz de descrever os sentimentos que tumultuavam o coração de Alberto. Pela primeira vez, depois de tantos meses de inditosa existência, sua alma volve um olhar ao passado e ele começa a sentir um desejo invencível de rever sua mãe. Recordando, porém, a maneira brusca como a deixara e atentando na sua triste condição, diz, consigo mesmo: "Não, lá não tornarei mais, minha mãe não pode reconhecer como filho uma tão vil criatura como eu sou. Irei, pois, executar o que projetei." Neste ponto, o cantor, erguendo a voz, continuou:
“Oh, volve, meu filho!
Oh, volve outra vez!
Ao caminho do bem!”.

Alberto deixou apressadamente o recinto. Um missionário, porém, que o havia observado atentamente, seguiu-o. Alberto estava dominado de profundo arrependimento e em saindo da sala rompeu num pranto de soluços, dizendo: “Oh! minha mãe! Perdoe-me que ainda lance sobre a senhora mais este opróbrio, buscando pôr termo à existência, mas já não a posso suportar!”

“Oh, volve, meu filho! Oh, volve outra vez!”. Era a voz do missionário que repetia baixinho essas palavras no ouvido de Alberto. Alberto deteve-se e o missionário, travando-lhe do braço, o reconduziu à sala, onde alguns missionários entraram a falar com ele sobre a salvação. Momentos depois Alberto caía, contrito, de joelhos, suplicando a Deus o perdão dos pecados. Depois referiu aos seus amigos o seguinte: "Quando deixei a casa de meus pais, minha mãe me disse: 'Alberto, meu filho, as minhas orações hão de seguir-te; quando estiveres cansado e farto deste mundo, volve e toma pelo caminho de tua mãe.' Volverei a ela e protestar-lhe-ei que estou resolvido a começar uma nova vida”.

No dia seguinte Alberto voltava ao sítio de seu nascimento, onde em poucas horas chegou. Caía a noite e ninguém o notou quando se dirigiu à casa dos pais. Quando parou diante da porta ouviu, lá dentro, a voz de sua mãe que, como de costume, suplicava a Deus pelo filho. Alberto entrou e com voz embargada de profunda comoção exclamou baixinho: "Mãe!"

Soube então que o pai falecera havia alguns meses e a mãe, solitária e triste, continuava a aguardar a volta do filho, por quem nunca havia deixado de orar. Alberto obteve logo boa colocação e agradece diariamente a Deus a salvação de sua vida, em grande parte devido à influência de sua boa e piedosa mãe e às exortações simpáticas daqueles nobres missionários.

Oh, mães! Que vos sentis desfalecer, prossegui sempre, orando incessantemente, que Deus vos há de ouvir! Missionários, não vos deixeis dominar pela fadiga... Continuai a trabalhar e a cantar! “Semeia de manhã a tua semente, e de tarde não cesse a tua mão de fazer o mesmo...".

Fonte: livro Pérolas Esparsas

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