quinta-feira, 9 de maio de 2013

Músico denuncia superfaturamento na festa de aniversário de Rio Bonito (2009)

Flávio Azevedo

Por conta dos últimos acontecimentos envolvendo artistas, poder público e organizadores dos festejos do aniversário de Rio Bonito de 2013, nós estamos requentando uma matéria que escrevemos em 2009, quando o músico Marcelo Kaus denunciou uma série de escândalos na festa de aniversário da cidade daquele ano. À época, aconteceu algo semelhante a este ano (2013): o poder público afirmou que não havia recurso para realizar o evento, mas como não poderia deixar a data passar em branco "fizeram" uma "festinha simples". O problema é que para "fazer" a "festinha simples" , eles também "fizeram" uma série de bobagens. O que estamos mostrando para você, caro leitor, é que entra governo e sai governo, os problemas continuam. E, detalhe: a incompetência administrativa está no topo da lista de defeitos dos nossos governantes.   

O músico Marcelo Kaus soltou o verbo e denunciou um esquema para desviar mixaria da festa de aniversário da cidade em 2009.
Apaixonado por Rio Bonito e detentor do maior acervo cultural que narra a história da cidade, o líder da banda Maverick, Marcelo Cardozo, o Marcelo Kaus, disse na última segunda-feira (11/05/2009), que está extremamente irritado com a administração municipal. De acordo com ele, “além de não dar condições para que os músicos fizessem um show adequado, na noite do dia sete de maio, eu descobri um esquema de superfaturamento no contrato celebrado com as bandas”, denunciou.

Na oportunidade o músico pediu desculpas ao público por não ter se apresentado, mas afirmou que “os fãs da banda Maverik serão recompensados, porque estamos planejando um show aberto para os nossos fãs”. Durante a entrevista, ele apresentou uma cópia do processo 2971. De acordo com o documento, as bandas Maverik e xicoChico deveriam receber R$ 3 mil de cachê, R$ 300 de translado, R$ 500 de camarim e R$ 1 mil de produção, que dá um valor de R$ 4,8 mil.

Para Marcelo Cardoso, começa aí o suposto superfaturamento, “porque o combinado foi que nós receberíamos um cachê de R$ 1,5 mil e não R$ 3 mil. E que translado é esse, se eu moro no Centro da cidade, a menos de 500 metros da Praça da Bandeira, onde aconteceria o show?”, questionou. Sobre o valor especificado para o camarim, Kaus vê outra irregularidade. “O processo prevê uma despesa de R$ 500 para cada banda, mas nos deram uma tenda cheirando a animal, colocada na beira da linha do trem, com algumas latas de cerveja. Isso custa R$ 500? Além disso, se nós iríamos tocar no mesmo dia da banda xicoChico, para que dois camarins? E o recurso destinando a produção foi para que? Afinal, nós ficamos largados no palco e ninguém deu um mínimo atenção para nós”.

Momentos de angústia

Segundo Kaus, o tempo que ele passou no palco, entre às 22h30min e 00h, foram momentos angustiantes. “Nada funcionava! Não saia som de equipamento nenhum! As pessoas já estavam cansadas, mas depois de muito esforço nós conseguimos que a aparelhagem funcionasse. A primeira música até que tocamos sem problemas, mas a partir da segunda o som ficou ruim, aí não teve jeito, eu fiquei irritado, me alterei, disse que não sou palhaço, chamei o prefeito de pilantra e fui embora sem tocar”, contou.

Embora estivesse “irritado”, o músico ficou surpreso com os aplausos que recebeu depois da sua atitude. “Por incrível que pareça, quando desabafei e disse tudo que precisava, os aplausos foram muitos. O artista se apresenta para ser aplaudido e não para ser vaiado, ainda mais se isso acontece injustamente. Estão dizendo que eu estava bêbado, mas não foi nada disso”, disse Kaus, lembrando que voltou em casa três vezes para buscar alguns equipamentos para se apresentar. “Além de mim, o Tiaguinho da banda xicoChico, também foi no seu estúdio buscar um aparelho. Estava uma horrível!”.

Segundo Marcelo Kaus, que tem larga experiência na área musical e já entende o funcionamento desses aparelhos, o equipamento que colocaram a disposição das bandas não era ruim, “mas não tinha operador. O contratante lembrou apenas de trazer os profissionais responsáveis pelo serviço braçal, mas um técnico competente, pelo menos no dia que estivemos lá, não havia”.

Outro questionamento de Kaus é referente a contratação de som de pessoas de outro município. “Nós temos vários profissionais em Rio Bonito que são muito bons, possuem os mesmos equipamentos desse pessoal que vem de fora, e o valor é muito mais em conta. Eu acredito que poderia ser dada uma oportunidade a essas pessoas”, ponderou. 

Diferença comprovada

O processo que conseguimos para mostrar os valores fora da realidade e solidificar , à  época, a denúncia do artista.
A reportagem da GAZETA RIO BONITO teve acesso ao processo de contratação das bandas. No documento consta um cachê de R$ 13,8 mil para o grupo Quatro por Um e para o Eugênio Jorge. Além disso, o processo determina R$ 1,5 mil para hospedagem, R$ 500 para alimentação, R$ 2 mil para o translado, R$ 500 para o camarim, R$ 1,5 mil para a produção, R$ 400 para carregadores e R$ 250 para bagagem, um valor de R$ 20,4 mil para cada banda, que juntas eles receberiam R$ 40,9 mil.

A nossa reportagem conseguiu fazer contato na terça-feira (12), com Andrea, responsável pela agenda do grupo Quatro por Um. Ela pode ser contatada pelos telefones (21) 2498-0681/7892-4805. De acordo com ela, para tocar em igrejas, o cachê é de R$ 2,5 mil, “mas para apresentações abertas, como aconteceu em Rio Bonito, o cachê é de R$ 10 mil para a apresentação e R$ 500 para o translado”, disse Andrea. Mas de acordo com o processo, o valor gasto com o grupo foi de R$ 20,4. Já com o cantor Eugênio Jorge, o contato através do telefone (12) 3144-1780, número dado pela rádio Canção Nova, não atendeu depois de vária tentativas.

Outras irregularidades

Uma fonte ligada ao governo afirmou que outro processo pode ter sido feito. De acordo com essa fonte, na nota fiscal que a reportagem da GAZETA teve acesso, estão especificados apenas os grupos e bandas contratadas. “Mas e o palco? E a iluminação? O grupo Bonanza também tocou, mas o nome deles não aparece no processo, isso é sinal que existe outro processo que não está disponível. Quanto deve ser esse valor?”, questionou a fonte.

Procurado pela nossa reportagem, na última quarta-feira (13/05/2009), o chefe de Gabinete Edelson Antunes, que assinou o processo, disse o seguinte: “no momento são precisamente 18h37min, a família já está lá em baixo me aguardando, e eu não tenho o processo aqui em mãos. Amanhã, agente pode voltar ao assunto... Ta? Porque eu não tenho aqui com argumentar com você no momento, ta ok? Obrigado!

Na próxima edição voltaremos ao assunto!

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