quinta-feira, 9 de maio de 2013

Artistas locais insatisfeitos com a condução dos festejos de 167 anos de Rio Bonito


Texto: Flávio Azevedo
Foto: Marllon Lopes

O Grupo Nosso Sentimento foi uma das atrações da tumultuada (bastidores) festa de aniversário de Rio Bonito em 2013.
Parece que as lições do passado não foram suficientes para mostrar ao poder público municipal a importância de se conduzir um evento com lisura, o mínimo de organização e com os parceiros certos. Segundo vários artistas locais, erros primários voltaram a acontecer nos festejos que celebraram o aniversário de 167 anos de Rio Bonito. A classe está indignada, sobretudo por conta do compromisso assumido pela prefeita Solange Almeida (PMDB), quando ainda em campanha, num encontro com parte dos artistas, na Casa dos Músicos, ela teria prometido tratar a categoria com respeito, dignidade e, sobretudo, oportunizando o trabalho de cada um.

No Facebook, um dos mais indignados é o baterista Judson Lessa, que denuncia uma série de acontecimentos desagradáveis, que pelo seu relato aproxima-se da humilhação. Apesar de dizer que em algumas oportunidades ele não estava presente, Judson narra os bastidores e o sofrimento dos artistas com riqueza de detalhes. “Espera, descaso, falta de informação e até uma ordem da Polícia Militar de que o som deveria ser desligado”, são acontecimentos mencionados pelo músico.

No seu texto, Judson Lessa também reclama que “não existia quem respondesse pelo palco ou pela festa” e confirma um impasse que já existiu nos festejos do ano passado (2012): a Tenda Mix.
– Não poderíamos tocar na tenda, já que lá era privado. Segundo o que ouvimos, “a tenda não tinha haver com o palco”, então paramos o show, mas por conta nossa. No show de pagode tinhas uns 30 com crachá para acesso ao palco. Contudo, na hora da banda local não deixaram nenhum para pelo menos depois confirmar que tocamos – critica Judson, acrescentando que a espera foi muito longa.

O músico também reclama que além da espera, “ficamos sem um refrigerante ou água. Resolvemos sentar e logo veio uma moça pedindo para levantarmos, porque ali era área do camarim. O DJ Bocão intermediou a nossa existência ali, aí a pessoa maravilhosa da “baiana” nos falou: “eu não sabia que vocês iam tocar... Mas como assim, ninguém falou?”, questiona o músico, afirmando que todos estavam lá. “Enfim, a partir daí que conseguimos sair do sereno. Isso é, só no final que a banda “Filhos da Noite” tocou”.

Para o músico, “o que aconteceu, desde o sábado, foi ridículo, foi feio, foi péssimo, mas vale lembrar que todas as bandas estavam em posição de trabalho, nenhuma faltou ou furou”, pondera Judson que trás novidades que o público desconhece.
– “Maverick” ficou até 5h30min da manhã esperando e não tocou... “Filhos da Noite”, até as 1h e só tocou quatro músicas porque a Policia mandou parar... “Quatro Estações (Estratégia) chegou para tocar, mas não informaram que eles tinham trocado com “Filhos da Noite”... Usina Pop ficou até 4h e também não deu para tocar – conta Judson.

O músico concluiu com um desabafo e uma informação que também não era de domínio público, embora seja perfeitamente compreensível, sobretudo por lembrar o período eleitoral, época de promessas para aqueles que têm sonho.
– Vocês têm na cidade, profissionais de verdade e que precisam trabalhar! Se aqui não se tem espaço... Um beijo, um abraço e chega de promessa, que por sinal começou na campanha, em uma reunião na Casa dos Músicos com a prefeita Solange Almeida, que talvez tenha se esquecido de avisar a quem deveria sobre o que ela nos prometeu nessa reunião. Normal, tantos esquecimentos, um a mais um a menos não faz diferença, não é? – ironiza o músico.

Outro desabafo

No seu perfil no Facebook, o músico Marcos Vinícius Brito, baixista da Banda Filhos da Noite, também deixou o seu recado. Ciente das conseqüências, ele inicia dizendo que “pensou muito antes de escrever”, mas acrescenta que “eu tenho que desabafar”.
– Vendo alguns comentários na minha ‘timeline’ sobre a festa em Rio Bonito, do sucesso dos shows etc., eu fiquei pensando: que sucesso é uma festa quando os músicos da cidade, dentre eles duas bandas que são verdadeiras instituições, uma com 30 e outra com 25 anos de estrada, levando o nome dessa cidade para tudo quanto é canto do Estado e fora dele... São humilhados e desrespeitados por quem mais deveria apoiar? Não dando grana, mas abrindo espaço para que os visitantes pudessem ver que em Rio Bonito tem músicos que não devem nada a nenhum outro que tem por aí – dispara o baixista

Visivelmente transtornado com os contratempos, Marcus Vinícius acrescenta que “pior que a falta de respeito e a humilhação é a omissão de quem tem a caneta e poderia fazer algo para mudar essa história, mas pela sua atitude, não está nem aí para os músicos dessa cidade”. E o músico não para por aí.
– Aviso aos senhores omissos que esses músicos não vão ficar parados, pois existem espaços em Rio Bonito e em outras cidades, nos quais eles continuarão a levar seu trabalho, sendo respeitados, não só como músicos, mas como homens que trabalham para mostrar o seu talento, sem ter que ficar até às 5h esperando uma resposta, se iriam tocar ou não, ou tendo um show interrompido pela Polícia Militar sob alegação de que no “ofício” só constavam duas bandas no palco principal – critica o músico, que concluiu afirmando “ter coisas obscuras que não devem serem levadas a diante, agora, mas eu e os demais músicos dessa cidade exigimos respeito”.

Em outra postagem Marcus Vinícius diz esperar que os músicos de Rio Bonito se unam para que fatos como esse não aconteçam mais. “Sei que é muito difícil, pois ainda existem pessoas no nosso meio que se acomodam em situações de conforto, estão dentro do “esquema”, não vão querer sair, que se danem os outros”, e apela: “Temos que mudar a mentalidade”.

Um comentário:

  1. Muito importante colocar isto no FB, pois pra maioria da população riobonitense estes fatos são totalmente desconhecidos, aliás, nem contava da programação da festa a presença de bandas locais. Os artistas tem td razão de protestar.

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