sábado, 23 de março de 2013

População de Silva Jardim se mobiliza por redução do preço da passagem e melhor prestação de serviço


Flávio Azevedo

Confusão, congestionamento, polícia, manifestantes... Tudo isso para chamar atenção para o preço das tarifas!
O preço da tarifa praticada pela empresa Rio ita, situação há muito tempo reclamada pela população de Rio Bonito e região, teve, nessa sexta-feira (22/03), mais um desdobramento. Indignados com a situação, usuários da linha Silva Jardim/Rio Bonito saíram às ruas da “Terra do Capivari”, em protesto. A cobrança é por tarifas menores e criação de seção ao longo do trajeto de 33 km. Enquanto na Praça Amaral Peixoto, em Silva Jardim, um grupo de manifestantes, ostentando faixas e cartazes, percorreu a principal rua da cidade, na Varginha, moradores bloquearam a BR – 101, no Km 244. O clima ficou tenso entre policiais e moradores.

Policiais Militares foram enviados a Varginha para debelar a manifestação, mas a população insistiu. Pneus foram incendiados e por cerca de 30 minutos o trânsito na rodovia foi impedido gerando grande congestionamento. A polícia tentou coibir a mobilização com rigor, mas os manifestantes não recuaram. O clima de tensão era nítido no local.
– Depois que inventaram câmeras filmadoras nos celulares e outros aparelhos eletroeletrônicos de fácil aquisição, acabou esse negócio de polícia querer usar a força de maneira indevida. Hoje, nós filmamos tudo e avisamos: se houver abuso na força utilizada contra a população, as imagens serão postadas na internet – contou um dos manifestantes, prometendo nova ação caso o problema não se resolva.

Os manifestantes saíram da Praça Amaral Peixoto e percorreram a principal rua de Silva Jardim.
Na Praça Amaral Peixoto, uma das organizadoras da mobilização, Marilene Teixeira, em entrevista exclusiva a nossa reportagem, justificou, com números, a insatisfação dos silvajardinenses.
– 35% dos moradores de Silva Jardim são pessoas que estão abaixo da linha da pobreza. A distância entre Silva Jardim e Rio Bonito é de 33 km e nós pagamos uma tarifa de R$ 4,50 para percorrer esse trecho. O problema é que se o destino for Boqueirão, bairro localizado a 5 km do Centro, nós pagamos os mesmos R$ 4,50 – reclamou Marilene, acrescentando que essa realidade se repete para quem sai de Rio Bonito e desce, por exemplo, no Rio do Ouro ou no Sambê.

Manifestante expõe a evolução da tarifa em 4 anos.
A líder da manifestação comentou que a reivindicação conta com o apoio de duas mil pessoas, “eles assinaram um abaixo assinado demonstrando essa insatisfação”; revelou que durante os dois meses que a mobilização está sendo organizada, “inclusive com informação ao Ministério Público”, foi feito contato com a empresa; e frisou: “além de não sermos recebidos, as argumentações são absurdas”.
– A carência de emprego em Silva Jardim, uma cidade de 23 mil habitantes, é muito grande. O maior empregador da cidade é a Prefeitura, que não comporta todos os moradores. Segundo as nossas estatísticas, diariamente, cerca de 1,2 mil pessoas saem do município para trabalhar. A empresa, porém, alega que os moradores são poucos e que 70% dos usuários são estudantes e idosos, o que nós discordamos porque o número de pagantes gira em torno de 1,2 mil pessoas – destacou.

Ainda segundo Marilene, questionada sobre o fato de não existir seção ao longo do trajeto, com tarifa mais barata até o meio do percurso, a empresa teria usado como justificativa o baixo volume de usuários e o alto de número de gratuidade. “Segundo a empresa, a tarifa cheia ao longo de todo trajeto é para compensar essas perdas”. Outra reclamação dos manifestantes foi em relação ao atendimento às pessoas com necessidades especiais, que estariam sendo mal atendidas, “porque muitas vezes os motoristas não sabem utilizar os elevadores para os cadeirantes. É preciso haver um treinamento”, concluiu.

Em entrevista a edição 636 do jornal Folha da Terra (12/01/2013), o gerente local da Rio Ita, Jorge Ricardo, informou que apesar do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro/RJ) ter autorizado os reajustes das tarifas, “todas as linhas estavam funcionando com preços promocionais por tempo indeterminado, como por exemplo, Rio Bonito/Silva Jardim, que poderia custar R$ 6,30, mas por conta da promoção está custando R$ 4,50”.

Um comentário:

  1. Sendo uma concessão estadual deveria ser ouvida também a AGETRANSP (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro)e não somente o DETRO.

    Ezequiel Moraes

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