sábado, 26 de janeiro de 2013

Origens históricas do bairro Basílio em Rio Bonito/RJ


Dawson Nascimento

A centenária Capela de Santana, no Basílio é um dos monumentos históricos de Rio Bonito.
O povoado de Basílio, localizado ao oeste de Rio dos Índios, tem suas origens no século XVIII. Suas terras faziam parte do antigo engenho de açúcar de Santana, edificado entre os anos de 1768 a 1770, cujas terras, banhadas pelos rios Bonito, dos Índios e Tanguá, as tornam fertilíssimas. O seu construtor foi proprietário português, Capitão Mór Francisco Marinho Machado, natural da Freguesia de Santa Maria da Torre de Vilar, do arcebispado de Braga.

Segundo o relatório redigido nesse mesmo ano pelo mestre de campo Miguel Antunes Ferreira e enviado ao Marques do Lavradio, a fazenda de Santana era uma das mais importantes da florescente freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Bonito, cuja produção agrícola, em 1778, se destacava das demais propriedades.

Em 1778, o Engenho de Santana produzia 25 caixas de açúcar e 20 pipas de aguardente. Tinha um contingente de 38 escravos empregados nos serviços gerais do engenho. Cada um exercia uma função: o mestre de açúcar, o caldeireiro, o aguardenteiro, o banqueiro, além das demais atividades que exerciam na lavoura canavieira. Havia ainda o curraleiro, que cuidava do curral e dos animais, o timbaleiro, o carreeiro, o pedreiro, o carpinteiro carapina, o ferreiro, entre outros.

Origens da capela de Santana do Basílio

Desde 1770 já existia um oratório particular dedicado a Santana, santa da devoção do Capitão Mór Francisco Marinho Machado e sua esposa, Dona Maria Angélica do Desterro. É notória a importância desse engenho. Ao constatar a presença de um capelão particular percebe-se o grande poder econômico que esse senhor de engenho possuía.

De acordo com as nossas pesquisas, 14 anos depois, a fazenda prosperou de tal maneira que o Capitão Mór deu início, no campo da sua fazenda, a construção de uma capela, que dedicou a Santana. As obras foram iniciadas em 9 de Novembro de 1782 e concluídas em 1º de Dezembro de 1786. Para esse trabalho foram contratados mestres construtores, artistas, entalhadores e douradores, que vieram ornamentar o interior da capela, tornando o templo um dos mais belos e bem construídos. A qualidade da construção é notória, porque até os dias atuais ele tem resistido aos rigores do tempo e a natural depredação.

A construção constitui exemplar único da arquitetura da ultima fase do barroco brasileiro. O casal Francisco Marinho Machado e Maria Angélica do Desterro são os pais do capitão Basílio José Marinho, nascido no dia 23 de Maio de 1782. O Capitão Basílio recebeu a fazenda por herança do seu pai e a administrou até meados do século XIX. A monografia de Rio Bonito menciona que no dia 27 de abril de 1847, um fato marcante ocorreu na fazenda. “Às 7 horas e 3 quartos do dia, chegou a  fazenda de Santana, o Imperador do Brasil Dom Pedro II. Ele almoçou, descansou e prosseguiu viagem para a corte do Rio de Janeiro”.

O bairro “Basílio”, terceiro distrito de Rio Bonito, recebeu esse nome em homenagem a um dos seus filhos mais antigos nascido em suas terras. Já a capela de Santana, em 13 de março de 1970, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É a única edificação do nosso município que detém essa honraria.

Um comentário:

  1. "Ao encaminhar a documentação fotográfica que recentemente fizemos da capela de Sant'Ana do Basílio, no município de Rio Bonito, RJ, que como se vê, constitui um exemplar arquitetônico de arte santuária característico da fase final do barroco brasileiro, e que também por sua localização numa faixa do território Fluminense que é pobre no acervo artístico, justificaria, a meu juízo, fosse considerada a viabilidade do seu tombamento, antes que o mesmo venha a sofrer danos irreparáveis ou até mesmo seu desaparecimento. Com referência a seu estado de conservação, parece, num primeiro exame, sem maiores problemas de estabilidade ou renovação de revestimentos e madeirame, necessitando, entretanto, sejam corrigidas as alterações havidas, com a cobertura de telha francesa e a introdução de laje de concreto sobre a varanda lateral."
    Transcrição de texto do documento escrito pelo chefe da seção de obras no período do tombamento da Igreja.

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