quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Visita de Sérgio Cabral a Rio Bonito pode ter inúmeras interpretações e histórias de bastidores

Flávio Azevedo

Ao lado da ex-prefeita, Solange Almeida, o governador caminhou pelo Centro da cidade.
Uma visita de médico! É como se pode classificar a passagem do governador Sérgio Cabral (PMDB) por Rio Bonito, na manhã dessa terça-feira (02/10). O objetivo foi prestigiar a candidatura da ex-prefeita Solange Almeida (PMDB). Embora não pareça ser importante para muitos, sobretudo internamente, a presença de Cabral deixa o grupo político da ‘forminha’ ainda mais motivado. Apesar dos rumores de que não viria a Rio Bonito, por conta de supostas parcerias com os demais candidatos (Marcos Abrahão é da base governista, na Alerj; e Matheus Neto é de um partido (PSB) que faz parte da base que dá sustentação ao governador), Cabral esteve na cidade.

O helicóptero do chefe do Executivo Fluminense pousou no gramado do Rio Bonito Atlético Clube por volta das 10h30min. Ele foi recebido pela ex-prefeita Solange Almeida, que estava acompanhada do seu candidato a vice-prefeito, Anderson Tinoco, o Andinho (PSDB). Também marcaram presença, os candidatos a vereador que apoiam a sua candidatura e correligionários. O governador estava acompanhado do vice-governador, Luis Fernando Pezão e do deputado federal, Eduardo Cunha.

Ao sair do Estádio José Alves Ventura, onde a sua aeronave pousou, o governador foi de van até a Praça Astério Alves de Mendonça, no Centro, de onde começou a caminhada junto com os correligionários do PMDB. Acompanhado da candidata do seu partido, Cabral logo chegou a Praça Fonseca Portela, onde discursou, falou do apoio a Solange Almeida, que também fez uso da palavra, enalteceu a importância do apoio do governador a sua candidatura; e ressaltou os futuros benefícios que essa parceria pode trazer para a cidade, caso ela seja eleita.

Prefeito rouba a cena

Uma rápida parada na Praça Fonseca Portela para falar sobre o apoio a ex-prefeita.
Finalizado o discurso, o prefeito José Luiz Antunes (DEM), que estava na Prefeitura Municipal, saiu do prédio da sede do município com algum material de campanha do seu candidato (Matheus Neto) em mãos. Ele se dirigiu a veículo onde estava o governador, tentou entregar o material a Cabral e como o carro já arrancava, ele, segundo testemunhas, teria jogado as revistas dentro do veículo. Momentaneamente ninguém entendeu nada, pois se acreditava que a caminhada daria prosseguimento até o Supermercado Tinoco, mas não foi o que aconteceu.

Diante de um público que no momento não sabia que tipo de manifestação esboçar, o prefeito aos pulos passou a gritar “40, 40, 40, aqui ficha suja não tem vez”. De posse de uma bandeira do PSB, ele corria de um lado para outro, quando foi cercado por inúmeros partidários do PMDB, que estimulados pelo carro de som que dava cobertura a caminhada do governador, começaram a gritar em coro que “o prefeito agora é 15”. Um fato inusitado que segundo os presentes “Rio Bonito nunca havia presenciado uma cena dessas”.

Repercussão

O prefeito José Luiz Antunes foi cercado por correligionários do PMDB aos gritos de "Mandiocão é 15". 
Nos estúdios da Rádio Sambê (98,7), onde estávamos apresentando o Programa “Flávio Azevedo”, o telefone tocou seguidas vezes, mas com um único objetivo: comentar o gesto do prefeito, que acabou, segundo fontes, “fazendo um papel ridículo diante da população”. Outras correntes já defendem os arroubos do prefeito como esperteza para ofuscar a visita de Cabral e o seu posicionamento ao lado da ex-prefeita. Objetivo que pode ter surtido o seu efeito, porque passado o evento, em todas as rodinhas de conversa da cidade (contrárias ou favoráveis) o assunto foi Mandiocão.

De acordo com outras pessoas que acompanharam as cenas, além do constrangimento diplomático, o prefeito poderia ter trazido problemas para a segurança do governador. A sua guarda pessoal poderia sentir-se acuada e tomar medidas mais duras e transformar a festa numa tragédia.
– É por isso que ninguém leva Rio Bonito a sério. Os nossos políticos não têm postura e nós pagamos por isso. Eles se permitem passar por situações constrangedoras e desconhecem o significado da palavra “diplomacia”. O problema é que o povo é despreparado e insiste em votar nos nomes de sempre – comenta um comerciante que acompanhou o ocorrido.

Já a balconista de uma loja do Centro, que disse ser eleitora do deputado Marcos Abrahão, apoiou a postura do prefeito José Luiz Antunes. “Eu voto no 70 (Marcos Abrahão) e acho que ele (Cabral) mandou muito mal vindo aqui tomar partido. Não sou simpática a Mandiocão, mas adorei o fato dele ter posto o governador daqui pra fora. Na hora que ele viu o prefeito, ele tratou de se entocar dentro da van e desapareceu. Que não volte nunca mais, porque não nos ajuda em nada”, criticou a balconista.

Questionamentos

Em outubro de 2009, o governador foi hostilizado pelos topiqueiros.
A rapidez com que o governador visitou Rio Bonito não permitiu que as célebres cinco perguntas de interesse do riobonitense não fossem feitas a ele. A primeira é até quando os policiais da 119ª DP e da 3ª CIA da PM vão continuar argumentando que a reclamada insegurança é motivada pelo efetivo diminuto de policiais. A segunda é pergunta é “onde estão os 30km de asfalto que foram prometidos por ele na Praça da Bandeira, quando esteve na cidade, em campanha, no dia 14 de outubro de 2009?”. Se ele não lembra, foi aquele dia em que os insatisfeitos topiqueiros roubaram a cena e ele rapidamente se retirou.

O terceiro questionamento é sobre a escola técnica (atribuição do estado) que precisa ser implantada no município visando a capacitação e qualificação dos nossos jovens, que buscam as vagas de trabalho geradas pelo Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). A quarta pergunta é relacionada ao famoso convênio da Prefeitura com o Detran, para que o município reúna condições de ordenar o fluxo viário e o trânsito da cidade. Ainda dentro desse assunto, a saída do Detran daquele cubículo na Rua Desembargador Itabaiana de Oliveira para um local mais amplo também poderia ter sido pensada.

E por último, mas não menos importante, ele precisa responder por que passou a perna nos políticos locais (todos), que concordaram com a entrega da nossa água para a CEDAE, mas os benefícios prometidos e cantados em prosas e versos (por exemplo, o abastecimento de água para o 2º Distrito), ainda não aconteceram e não existe nenhuma expectativa de que irão acontecer a curto ou médio prazo.

Lembrança

Embora o quadro fosse uma paisagem os manifestantes associaram a uma "cara-de-pau".
Quando esteve em Rio Bonito em 14 de outubro de 2009, o prefeito presenteou o governador com uma das obras do artista riobonitense Dawson Nascimento. Ao ver a obra em madeira, especialidade de Dawson, apesar da obra ser uma paisagem um dos topiqueiros ironizou: “Ele ganhou uma cara-de-pau! Essa homenagem é a cara de Sérgio Cabral, um grande cara-de-pau”. Foi a deixa para os topiqueiros iniciarem um novo coro: “cara-de-pau, cara-de-pau, cara-de-pau!”. Parece que Cabral, como todo bom político, é realmente um grande “cara-de-pau”.

OBS: fotos capturadas no Facebook.

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