quinta-feira, 19 de abril de 2012

Debate sobre Plano de Cargos, Carreira e Remuneração de Rio Bonito atrai poucos servidores

Flávio Azevedo

Com direito a reflexão na música “Até Quando” de Gabriel O Pensador, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) realizou nessa quarta-feira (18/04), às 17h, o Terceiro Encontro de Educação sobre o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), dos servidores municipais de Rio Bonito. A reunião, que contou com um número reduzido de profissionais do setor, foi realizada na Câmara de Vereadores e contou com a participação dos integrantes do projeto “Lona na Lua”.

A abertura do evento foi feita pela diretora de Assuntos Educacionais do SEPE, Lucy Texeira, que iniciou falando sobre a trajetória do PCCR, desde 2010, os embates com o poder Executivo, as discussões com a representante do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) – órgão contratado pelo município para dar consultoria a Comissão que elaborou o Plano – e a dificuldade de se conseguir a adesão da categoria aos movimentos que buscam benefícios para os próprios servidores.
– O objetivo nosso aqui hoje é conversar sobre o texto do PCCR, porque em todo momento precisamos estar pensando nele. Esse ano, por conta do período eleitoral, nós já perdemos essa batalha, mas precisamos continuar cobrando e reivindicando a sua implantação – disse Lucy, acrescentando que durante a Aula Inaugural desse ano, o prefeito José Luiz Antunes disse que daria tempo de mandar Estatuto e o PCCR para a apreciação dos vereadores, “mas não mandaram”.

Sobre a dúvida de como seria a implantação do PCCR, Lucy comentou que o salário do professor seria reajustado para R$ 2,3 mil, disse que diferença entre professor I e II acaba e anunciou que o reajuste aconteceria por titulação. “Com bons salários, nós teremos em nossas salas de aula, professores com doutorado, mestrado etc.”, destacou. A líder sindical comentou também que o PCCR da Educação já está aprovado desde julho de 2011 e o plano de todos os servidores desde outubro do mesmo ano.
– Foi gasto um recurso razoável com a contratação do IBAM, mas quando eu fui olhar o PCCR, ele era uma cópia da Lei 1188, que deixa dupla interpretação sobre várias questões que foram corrigidas durante a elaboração do plano – pondera.

Outros temas e debates

Além dos esclarecimentos sobre o PCCR, outros pontos importantes também foram comentados, por exemplo, a obrigatoriedade das eleições para diretor das escolas municipais, determinação prevista em lei, desde 2009, mas que não é respeitada pela Prefeitura Municipal. “Fizemos uma comunicação a Câmara de Vereadores cobrando a fiscalização dos parlamentares sobre essa questão. O Legislativo, porém, nos enviou um ofício pedindo que nós enviássemos a eles, a lei que determina as eleições. Gente, a Câmara não ter uma lei municipal para saber se posicionar é um absurdo!”, disparou Lucy.

Omissão, conivência, acomodação e assimilação, são pontos defendidos pelo jornalista Flávio Azevedo como sendo coisas determinantes para fazer os professores não se posicionarem na luta pelos seus direitos.
– Na última quarta-feira (11/04), um professor da rede municipal foi agredido por um aluno. O menino, de 14 anos, teria jogado uma lixeira no rosto do professor. Isso gerou grande indignação, mas a verdade é que diariamente os patrões jogam lixeiras no rosto do professor. A grande maioria, porém, aceita resignadamente essas agressões. Eles reclamam, conversam e se queixam com o corredor, mas o corredor não é prefeito, vereador ou secretário – disse o jornalista, acrescentando que a maior parte desses profissionais está amordaçada por terem cargo de confiança, horas extras, contratos alcançados através de processo seletivo e outras facilidades que já foram criadas para amordaçar a categoria.

Para o jornalista, que esteve presente aos outros dois encontros, é preciso deixar de lado essa coisa de governo. “O que existe é classe patronal e trabalhista que batalham pelos seus interesses. Esqueçam a questão política e se posicionem como empregados diante do patrão”. Ele também destacou que muitos reclamam que os sindicatos usam termos como luta, guerra, batalha, briga, “mas essas nomenclaturas são as mais legítimas para ilustrar essa questão que se arrasta por décadas”, ponderou.

“Tem que ter coragem!”

Uma das professoras reclamou de falta de compreensão dos superiores, comentou que alguns profissionais estão em sala de aula doentes, precisando se licenciar para cuidar de seus problemas de Saúde, “mas conseguir uma licença médica é um verdadeiro suplício. Os nossos problemas não giram apenas em torno da questão salarial. A falta de respeito as nossas dificuldades é flagrante e não temos a quem recorrer”, se queixou a experiente professora.

Mais uma vez o jornalista interveio para dizer que os professores precisam é confiar na própria categoria, que é representada através dos seus Sindicatos (Sinsmurb e SEPE).
– Quando vocês dizem que os órgãos que os representam não têm serventia, vocês estão reconhecendo que vocês não têm serventia (porque esse órgão representa vocês). Isso demonstra uma categoria fragilizada, desorganizada e sem liderança. Vencê-los assim é fácil – comentou Flávio Azevedo.

O jornalista aproveitou a presença do presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ro Bonito, Jorge Alvieira, para se aprofundar um pouco mais no assunto e provocar os professores com um desafio: “quando as reivindicações não são atendidos a categoria faz uma paralisação. Façam uma greve! Quando será que os professores de Rio Bonito darão um basta nos anos e anos de lixeiras jogadas contra os seus rostos? Tem que ter coragem gente!”, concluiu.

Até Quando – Gabriel O Pensador

Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
muda que o medo é um modo de fazer censura

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!!

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?

A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs de Vigário!

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?

A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!
Escola! Esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!!

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!

Até quando você vai ficar levando porrada,
até quando vai ficar sem fazer nada...
Até quando vai ser saco de pancada?

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