sexta-feira, 23 de março de 2012

Assalto em Lan House de Rio Bonito quase termina em tragédia

Flávio Azevedo

Mais um assalto a um estabelecimento comercial de Rio Bonito, dessa vez, numa Lan House, expõe a insegurança e a violência crescente que atinge o município nos últimos anos. O crime, praticado por pelos menos três bandidos, aconteceu na noite do último domingo (18), por volta das 22h; e por pouco não escreveu mais uma página trágica na história riobonitense.

No interior da Lan House estava o Major da Polícia Militar, André Henrique de Oliveira, morador de Rio Bonito e respeitado policial da cidade. Acompanhado da esposa, grávida, ele passou por maus bocados durante a ação dos bandidos.

O marginal desconfiou do policial e pediu que ele levantasse a camisa para verificar se ele estava armado. A penumbra do ambiente e a arma do policial atrás do seu corpo impediram que o bandido visse a sua arma. Foi ordenado que ele se deitasse no chão. O policial obedeceu, mas se deitou de barriga para cima, com a arma sob o seu corpo.

Os momentos que se seguiram foram minutos de terror para o policial que tinha certeza da sua execução caso fosse identificado pelos bandidos. Ainda segundo relatos de testemunhas, num momento que o bandido se distraiu, o Major Henrique reagiu e baleou o assaltante.

Do lado de fora da Lan House, ele atirou no bandido que dava cobertura ao crime. O segundo marginal conseguiu evadir, entrou num veículo que aguardava estacionado próximo ao estabelecimento e fugiu. A reação do Major Henrique impediu a realização do crime. Os bandidos que fugiram saíram sem levar nada da Lan House.

O bandido alvejado foi socorrido e levado para o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), de onde saiu na terça-feira seguinte (20/03) para o Hospital Municipal Desembargador Leal Júnior, em Itaboraí. Os marginais seriam do bairro Vila Côrtes, em Tanguá.

Assunto repercute na Câmara de Vereadores

Ontem (22/03), durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de vereadores, o assunto foi comentado pelo vereador Aliézio Mendonça (PP) que além de sugerir uma moção de aplausos para o Major Henrique, narrou os detalhes do assalto e fez algumas reflexões sobre o ocorrido.
– Para mim, como dizia Sivuca, bandido bom é bandido morto! Infelizmente esse marginal não morreu. Digo isso sem nenhum constrangimento! Os três deveriam ter sido mortos pelo policial. Esses bandidos continuarem vivos significa que novas vítimas, que podem ser eu você, poderão ser vítimas desses elementos. Precisamos nos unir pela segurança do nosso município – disparou o parlamentar, que também é policial civil.

O vereador ainda criticou o fechamento da Av. Castelo Branco (Rua dos Bancos); a transferência da Delegacia para o Green Valley; e pediu policiamento para o Centro da cidade. “Levar a 119ª DP para um local onde será o futuro de Rio Bonito não é o problema, mas o Centro da cidade ficou exposto, inseguro e pouca gente percebeu isso”, finalizou Alézio.

Um pouco de história

É bem provável que os mais jovens não conheçam ou nunca tenham visto falar de Sivuca. Mas para falar sobre esse policial civil que acabou se tornando deputado estadual, amparado pelo bordão “bandido bom é bandido morto”, é preciso falar da Scuderie Le Cocq, uma organização criada nos fins dos anos 50 para vingar a morte, em serviço, do detetive Milton Le Cocq, que era integrante da guarda pessoal do ex-presidente Getúlio Vargas.

Le Cocq foi morto pelo bandido Manoel Moreira, conhecido como “Cara de Cavalo”, que atuava na entao Favela do Esqueleto, onde atualmente está construida a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A confraria tornou-se associação e chegou a reunir cerca de sete mil sócios. O objetivo era reprimir o crime. O grupo era liderado pelos “Doze Homens de Ouro”, que eram policiais de elite, escolhidos diretamente pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França. A missão dos “Homens de Ouro” era “limpar” a cidade da marginalidade.

Um dos primeiros integrantes foi Guilherme Godinho Ferreira, o delegado Sivuca, que mais tarde se elegeu deputado estadual e se tornou presidente de Honra do grupo, que eliminou alguns dos piores bandidos da época, a começar pelo próprio “Cara de Cavalo”. Em seguida eles mataram “Mineirinho”, Lúcio Flávio, entre outros.

Outras das eliminações emblemáticas do grupo foram os bandidos, Zé Pretinho, assassinado na porta de seu barraco, no Morro dos Macacos, em Vlia Isabel; “Bidá”, morto no Morro do Querosene, no Catumbi; e “Passo Errado”, que caiu no Morro do Tuiuti, em São Cristovão.

2 comentários:

  1. depois que a delegacia mudo de local.. os crimes almentaram muito.

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    1. Eu penso que depois que a imprensa local, junto com o Conselho Comunitário de Segurança (CCS) começou a fazer campanha para que as pessoas registrassem as ocorrências, os episódios de crimes passaram a ser mais divulgados e isso nos dá impressão que a violência aumentou. Em Rio Bonito, os crimes estão acontecendo há muito tempo em larga escala. O problema é que eles não eram registrados, porque as vítimas tinham medo. Isso vem mudando e com essa mudança nós temos a impressão que os crimes aumentaram.

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