sábado, 21 de janeiro de 2012

Outros vão morrer! Até quando seremos coniventes?

Flávio Azevedo - Reflexões

No dia 21 de outubro de 2011 eu escrevi um artigo exatamente com esse título: “OUTROS VÃO MORRER”. À época, o que motivou o texto foi o assassinato de um jovem na Serra do Sambê. O crime aconteceu dois dias antes. Bem antes disso, no dia quatro de janeiro de 2009, durante a solenidade de posse dos conselheiros tutelares de Rio Bonito, o padre Eduardo Braga, presente ao evento, ao ser convidado para fazer uso da palavra, aproveitou a ocasião e fez comentários para os conselheiros, para as autoridades e principalmente para as famílias.

Durante a sua fala, o padre Eduardo também abordou os inúmeros casos de acidentes de trânsito envolvendo jovens e adolescentes da cidade.
– Eu quero comentar outras coisas que acontecem no município, por exemplo, o número de acidentes com adolescentes. Isso é algo que deve ser pensado, porque todo fim de semana nós somos chamados para ir ao Hospital Regional Darcy Vargas ou ao cemitério – lamentou o pároco, frisando que essa situação deveria ser pensada e debatida com frequência.

Pouco mais de um ano depois, em abril de 2010, eu escrevi um artigo sobre um pitoresco e consentido evento chamado “Churralcool”. No site de relacionamentos Orkut, as comunidades dos tais eventos são povoadas por menores de idade. De acordo com os organizadores do “Churralcool” de Rio Bonito, a ideia surgiu entre amigos e “veio para tirar o tédio da cidade”.

À época, alguém escreveu que o primeiro “Churralcool” contou com a participação de 130 pessoas. O segundo, porém, foi muito mais legal, “pois os 300 participantes se deleitaram com 23 caixas de cerveja”. As caixas das bebidas foram fotografadas e postadas no Orkut(foto). Os organizadores prometiam a terceira edição do evento, diziam assim: “é galerinha, o próximo vem aí... A minha casa vai ser pequena. Vamos para o clube!”.

Dois anos depois, eu não sei em que edição está o tal “Churralcool”, mas confesso que me surpreende a rejeição que os discursos do padre Eduardo provocam, sobretudo entre aqueles que se dizem católicos. Em 2009, depois que a matéria com os apelos do padre circulou, não foram poucos os adultos que eu ouvi criticando pároco: “ele deve cuidar das ovelhas, da Bíblia e não se intrometer em assuntos que pertencem às autoridades constituídas”, comentou uma senhora enquanto lia o jornal.

Mas eu também recebo críticas e não são poucas! Todas as vezes que comento a falta de pulso dos pais e a ausência de limites para os mais jovens, eu recebo inúmeros e-mails malcriados. Muitos, com a carapuça enterrada até o pescoço, me escrevem tremendos desabafos. Outro dia uma pessoa me classificou como “Sônio Abrão”.

Todavia, diante das últimas mortes – todo fim de semana acontece um acidente fatal que poderia ter sido evitado – não é possível não se indignar com a flagrante omissão dos pais e a irritante inoperância daqueles que integram os poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário). Os nossos jovens e adolescentes estão morrendo como moscas, mas não ousamos dizer nada por medo de magoar alguém!

Esse cenário caótico já foi identificado pelos padres, pelos veículos de comunicação, pelos Conselhos Comunitários, por instituições como OAB e Hospital Darcy Vargas, mas aqueles que poderiam fazer alguma coisa estão cegos pela ganância, impressionados pela covardia, seduzidos pelo poder, embriagados com o vinho do dinheiro fácil e brigam apenas pelos seus próprios interesses.

Volto a escrever que esse é um cenário que não será mudado apenas com “Caminhada Pela Vida”, com “Mobilização da Sociedade Civil Organizada” ou com “Iniciativa Política”. Essa página só será virada se nós (cidadãos) fizermos a nossa parte. Precisamos voltar o nosso olhar para o nosso umbigo. As últimas mortes não foram as primeiras e, infelizmente, não serão as últimas. Que Deus tenha piedade de nós!~

Reflexão dentro da reflexão

Gosto da ideia de chamar os pais à responsabilidade, porque os jovens em qualquer época sempre aprontaram. Sempre foram irreverentes! O primeiro jovem que existiu em nosso mundo, segundo a Bíblia, foi um sujeito chamado Caím. Ele matou o irmão, Abel, e com isso, diz a Bíblia, ele foi marcado por Deus!

Séculos depois, a Bíblia conta a história de Noé, que tinha três filhos. Um deles, de nome Cão, foi amaldiçoado pelo pai, porque o velho, por conta de um pileque, ficou despido. Enquanto os irmãos caminhando de costas, cobriram as vergonhas do pai, o ‘Cão’ zombava do velho.

Mais adiante, o relato sagrado conta que o rei Davi foi fugitivo do seu filho Absalão, que queria usurpar o trono do pai. Além disso, ele foi ao harém do rei e se deitou com as mulheres do pai (o que era uma afronta). Absalão foi morto.

Posteriormente, no livro de Reis, encontramos a história de meninos debochados que zombavam do profeta Elizeu. Eles chamavam o profeta de careca. Diz a Bíblia que uma ursa apareceu e devorou aqueles meninos.

O Livro 1822, conta a história de D. Pedro I, um jovem tremendamente irresponsável e promíscuo. D. Pedro morreu antes de completar 40 anos!

Enfim, jovens sempre foram problemáticos, mas os pais tinham pulso, agiam com firmeza e sabiam impor limites, coisas que não vemos em nossos dias. Resultado, infelizmente, eles estão morrendo cada vez mais cedo!

Foto do acidente: Ricardo Abrahão Flores.

Um comentário:

  1. COMO JÁ POSTEI ANTERIORMENTE..

    sociedade vivencia uma situação delicadíssima que não se restringe à cidade de Rio Bonito e pelo que vejo, esse problema pode ser considerado como um "mal do século".
    Refiro-me à questão do alto consumo de álcool pelos jovens

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