sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O que está acontecendo com as igrejas evangélicas?

Flávio Azevedo - Reflexões

No último dia 28 de dezembro, durante a minha tradicional caminhada vespertina (à tardinha), eu decidi mudar o itinerário. No novo caminho, eu contei cerca de 10 igrejas. Todas elas louvavam o nome de Deus... Entretanto, eu só me senti atraído por um culto que estava sendo celebrado numa casa, na Mangueirinha, próximo ao CIEP. Naquele local, onde um pequeno grupo, ao som acústico de um violão, cantava o tradicional louvor “Vencendo vem Jesus”. Já nas igrejas, as músicas não me agradaram. Era muito barulho! Afinal, o que está acontecendo com os evangélicos? Se a um mero mortal pecador como eu, essa balburdia sonora não agrada, imagine a Deus!

Sem querer ofender ninguém (embora eu saiba que diante do assunto religião sempre alguém fica melindrado), eu confesso que me lembrei de uma história bíblica do velho testamento (1ª Reis 18), que envolve o profeta Elias e 450 profetas de Baal (um deus pagão dos tempos bíblicos). Segundo a história bíblica, uma terrível seca se abateu sobre a terra dos israelitas. Há mais três anos não chovia e quem proferisse a oração que fizesse chover seria considerado o verdadeiro profeta de um Deus verdadeiro.

Diz o texto bíblico que Elias e os 450 profetas de Baal pegaram um bezerro e colocaram sobre a lenha, mas não acenderam o fogo. O acordo é que eles deveriam invocar cada um o nome do seu deus. O sacrifício sobre o qual caísse fogo do céu seria considerado, o seu profeta e, logicamente o seu deus, verdadeiros.

Os profetas de Baal, segundo o relato, invocaram o nome de Baal desde a manhã até ao meio dia. Eles saltavam sobre o altar, mas não havia resposta. Eles passaram a clamar em alta voz, e começaram a retalhar o corpo com facas e lancetas, até derramarem sangue sobre si. E nada de resposta! Ficaram nessa postura até a tarde, porém, não houve resposta!

Então, Elias pediu que o povo se aproximasse, restaurou o altar de Deus que estava destruído, tomou doze pedras (o número das tribos dos filhos de Jacó), fez uma vala no entorno do altar, armou a lenha sobre ele, colocou o bezerro sobre a lenha, molhou tudo até a vala se encher de água e orou ao seu deus. Segundo a história sagrada, depois dessa oração do profeta (que foi simples, curta e sem estardalhaço), o fogo caiu do céu. As labaredas consumiram o animal sacrificado, a lenha, as pedras, o pó, até a água que estava na vala cavada em volta do altar.

Concluído o ritual, a seca acabou, porque a chuva desabou. O mais importante, porém, em minha concepção – inclusive, a principal lição para nós, hoje – é fala de Elias para os israelitas: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o”.

Em uma das suas pregações, Jesus disse o seguinte: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mateus 6:5-7).

Ainda sobre essa questão do alarido e volume de som das igrejas (que têm incomodado vizinhos, causado escândalo e provocado a antipatia dessas pessoas, quando o certo seria atrair), S. Paulo escreveu em Romanos 12:2, que o culto deve ser racional. Já aos crentes da cidade de Éfeso (Efésios 4:31), S. Paulo deu a seguinte orientação: “longe de vós, toda a amargura, cólera, ira, GRITARIA, e blasfêmias e toda maledicência (maldade)”.

É lógico muitos discordam do meu pensamento, mas concordam com esse raciocínio algumas pessoas importantes. Por exemplo, o meu amigo e pastor Armando Carvalho, que sempre demonstrou ser um líder animado, fervoroso, mas que fez uma reflexão importante sobre o momento dos evangélicos:

Nessa balburdia sonora temos também a falta de conteúdo. Como é comercial tem que ter palavras que vendam CDs: fogo, chuva, altar, adorador, adoração, véu, fumaça etc. Conteúdo zero, barulheira pura, sem noção, é sempre a mesma coisa. As cantatas são as mesmas tudo é o mesmo, como diria Cazuza “é um museu de grandes novidades”.
Eu entendi o que você quis dizer (Flávio Azevedo). O negócio é que a motivação hoje é só o sucesso, é ministério disso, é ministério daquilo, há alguns que batem no peito e dizem: “meu ministério”... Sem saber ao menos que a palavra ministério significa serviço coisa que o status gospel não sabe fazer. É tudo vem e não ide.
Verdade, nós temos livre arbítrio. Cada uma faz a asneira que quer. O evangelho do caminho, da ajuda, do altruísmo, do amor, da voluntariedade... O evangelho das ruas dos pobres, dos doentes, acabou. Agora, é só a pastorada gravando os seus CDs, pedindo dinheiro para engrossar a conta e um monte de gente dizendo que isso é obra de Deus
”.

Penso não ser preciso dizer mais nada!

4 comentários:

  1. Não vou discordar da sua reflexão, quero só apenas ter o grande prazer de parabenizá-lo pelo seu comentário e o seu cuidado de apresentar justificativas embasadas na bíblia.
    Mas lembro que nem tudo é como se pensa ou interpreta.
    Devemos ter o cuidado ao lidar com temas tão importantes e de compreensão dos que venham ler o seu texto.
    Como você sabe cada caso é um caso.
    Também quero aproveitar esse momento para fazer dois convites:
    1º- Visitar nossa Igreja Batista Betânia ( Av. Sete de Maio), teremos o prazer de contar com sua presença. Poderá será num Domingo as 19:00h -Culto;ou na 3ª Feira no mesmo horário "Culto da Vitória".
    2º-Os alunos do Curso: CAPELANIA, Convida para a nossa Formatura no dia 06 de fevereiro às 19:00h na Igreja Batista Betânia,Av. Sete de maio-Rio Bonito e logo após será feita a solenidade da aula inaugural de abertura da nova Turma de Teologia em Rio Bonito sobre a direção do Pastor Amilton.Contamos com sua presença.Abraço

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  2. adorei o que escreveu! e apoio totalmente, pois tenho um vizinho que recebe todas as quintas um grupo de orações que gritam tanto, que na primeira vez q ouvi,pensei em se tratar de algum assalto ou algo pior,fiquei realmente assustada!Acho q Deus não é surdo e não precisa ficar gritando para ele ouvir.

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  3. Flavio, parabens pelo blog e pela riqueza dos seus textos. Vc teve mt cuidado de ser respeitoso nesse texto em particular, o q mostra q vc é bem criterioso.

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