sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Viúva do “Caso da Mega-Sena” é absolvida

Flávio Azevedo

Apesar de já ter sido condenada pela sociedade, a ex-cabeleireira Adriana Ferreira de Almeida, que ficou nacionalmente conhecida como “viúva Mega-Sena”, foi absolvida, pela maioria do júri, da acusação de ser a mandante da morte de Renné Senna. Os outros três acusados também foram absolvidos. O TJ julgou improcedente a acusação contra os quatro réus. A sentença, anunciada por volta das 2h da madrugada deste sábado (3/12), causou indignação entre os presentes.

O Ministério Público informou que vai recorrer da absolvição, mas apenas no caso de Adriana. De acordo com a promotora Priscilla Naegelli, trata-se de uma decisão majoritariamente contrária às provas reunidas nos autos. A viúva era acusada de planejar a morte do marido, o ex-lavrador René Sena, que ficou milionário após ganhar R$ 52 milhões na Mega-Sena, em 2005. Ele foi assassinado em janeiro de 2007.

Com a absolvição, Adriana Almeida, que por várias vezes se emocionou durante a leitura da sentença, será beneficiada com 50% da herança de Renné Senna. A fortuna está estimada, hoje, segundo o MP em cerca de 100 milhões. Por conta da suspeita sobre ela, a ex-cabeleireira chegou a ficar presa por um ano e meio. Ela deixou o Fórum por volta das 2h45miin, no carro de seu advogado e sob a escolta de policiais militares.

Outros acusados comemoram

Um dos acusados, Ronaldo Oliveira, depois de saber oficialmente da absolvição, disse que vai se reunir com seus advogados e afirmou que pensa em processar o Estado. “Eu sofri muito com essa acusação. Vou exigir meus direitos à mesma justiça que me inocentou”, declarou. Quem também alega estar sofrendo muito durante esse período (cinco anos) foi a professora de Educação Física, Janaína Oliveira. “Quando eu ouvi a sentença foi como se um peso saísse de cima de mim”.

A Juíza Roberta dos Santos Braga Costa, responsável pelo caso, disse que “o crime e o julgamento foram históricos, não apenas para Rio Bonito, mas para todo o Estado”. Em termos de repercussão, a magistrada comparou ao julgamento do caso Nardoni.

Defesa foi determinante

Por cerca de três horas, o advogado de Adriana, Jackson Costa (foto) defendeu a sua cliente da acusação de ser a mandante do crime que tirou a vida de Renné Senna. De acordo com ele, “a acusação é covarde, infantil, preconceituosa e sem provas. A história do Ministério Público é fantasiosa e triste”, contestou o advogado. A defesa da viúva também tentou incriminar Renata Senna, filha do milionário.

O advogado ressaltou que Adriana lhe contou que no dia seguinte ao Natal de 2006, René teria falado à filha que gostaria de realizar um teste de DNA. Ainda de acordo com o advogado de defesa da viúva, o milionário teria contratado uma empresa para agilizar o exame, pagando cerca de R$ 380 mil. A defesa, porém, alegou que Renata nunca recebeu nenhuma intimação por parte do pai solicitando o exame.

Após a morte de René, Adriana entrou com uma ação na Justiça pedindo o teste de DNA de Renata. A filha negou judicialmente o teste, mas procurou um laboratório da UFRJ para realizar o exame. Na ocasião foi usado material genético das irmãs de Renné e o resultado comprovou a paternidade do milionário.
– Adriana não tinha interesse na morte. Se ela quisesse matar, ela matava o Renné, que era diabético, com doses altas de insulina. A promotora pediu a absolvição dos três réus para mostrar ares de boa samaritana”.

A defesa argumentou que a Justiça já liberou a favor de Renata cerca de R$ 2 milhões da fortuna bloqueada de Rene. Segundo Jackson Costa, não houve prestação de contas do dinheiro, que deveria ter sido utilizado para a manutenção e o pagamento de funcionários da fazenda deixada pelo milionário.

MP vai recorrer

A promotora Priscilla Naegele (foto) informou que vai requisitar à Justiça a condenação do policial militar Alexandre Cipriani, pelo crime de falso testemunho. Para ela, o ex-segurança mentiu durante o depoimento que ele ofereceu na última quarta-feira (30). Ele afirmou que no dia do crime, a viúva recebeu telefonemas do seu pai, que teria ligado de telefones públicos pedindo que a filha o buscasse na rodoviária de Rio Bonito. A versão do PM foi confirmada por Adriana, que contou ainda que, entre 11h e meio-dia, do domingo, sete de janeiro (dia do crime), o seu pai teria chegado.

No entanto, segundo o MP, as ligações dos orelhões para o telefone de Adriana teriam sido feitas pelo ex-PM Anderson Souza (condenado pela execução de René em julgamento realizado em 2009). A promotoria argumentou que interceptações telefônicas comprovaram diversas ligações realizadas poucas horas antes e logo após o assassinato.

Durante o debate, o MP informou que segundo informações do juiz Marcelo Espindola, da Vara Civel de Rio Bonito, os bens de Renné, hoje, chegariam a R$ 100 milhões. Entre os bens do milionário que estão em nome de Adriana consta um carro, metade da fazenda onde morava com Renné – avaliada em R$ 9 milhões – e a cobertura em Arraial do Cabo.

Foto: G1

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